Lucca Herzog
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A inovação esteve novamente em pauta, desta vez na edição de abril da reunião-almoço Tá na Hora. Promovido pela Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz do Sul, o tradicional evento empresarial ocorreu na terça-feira, 23, no restaurante do Hotel Águas Claras. “Impulsionando o futuro: desafios da inovação nas empresas, perspectivas e possibilidade de fomento”: este foi o tema do encontro com o painelista e consultor Fábio Makita, executivo com mais de duas décadas de atuação na Randon e Embraer. Com o olhar sobre a importância da inovação como motor de crescimento e adaptação no ambiente empresarial, Makita abordou as tendências emergentes nesta área – Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT), entre outras – e como estão moldando novos produtos, serviços e modelos de negócios no cenário atual.
Novas tendências
A partir de exemplos práticos de modelos corporativos para fomentar a inovação, como a promoção de uma cultura de inovação, investimentos, parcerias estratégicas e gestão de pessoas, Makita aprofundou o debate em torno do tema. Defendeu que a inovação não é um modismo, mas um mecanismo essencial para a manutenção do valor de uma empresa. “A inovação deve ser sistemática. Hoje inovação é uma necessidade, um processo contínuo, e as empresas precisam adicionar experimentações para fortalecer os negócios que giram em torno de seu produto”.
Exemplificando seu ponto de vista, o especialista mencionou o caso da inteligência artificial. Ele explicou que, em um comportamento normal de mercado, as grandes empresas demoram mais para incorporar tecnologias, pois são mais pesadas, e têm uma inércia maior. Entretanto, com o avanço da I.A. e das startups, essa tendência vem mudando: “As grandes empresas perceberam que isso vai mudar totalmente o mercado, e passaram a ser mais rápidas. Isso é uma mudança de paradigma que ao longo dos últimos 60 anos não víamos. Isso quer dizer que tem uma grande mudança vindo”.
A inovação e o fator humano
Ele ressaltou, ainda, que forças políticas, sociais e comportamentais são fatores determinantes na inovação, que não é feita apenas de tecnologia, mas de pessoas. “Já existe uma maturidade no ecossistema de negócios. O que precisa é uma maior estrutura em termos de cultura, mais alinhamento com a tecnologia e uma maior atenção às pessoas que vão implantar a inovação, pois parte do conhecimento tecnológico está nas pessoas”, afirmou.
A partir disso, Makita alertou para os impactos humanos da inovação. Ele apontou o desafio de desenvolver um trabalho sustentável, que minimize um impacto de inovação e ainda assim potencialize resultados. “Qualquer inovação gera uma mudança, e mudança gera ansiedade, que precisa ser trabalhada. As organizações que vão se dar melhor no mercado são as que conseguirão fazer um bom uso do conhecimento das pessoas, mudando as estruturas de trabalho, e o papel delas na organização”.
Nesse sentido, a especialista em neurociência do comportamento, Carolina giachini, que também esteve presente no evento, pôde contribuir com sua experiência na área do bem-estar nas empresas. “A inovação é feita de pessoas”, confirmou ela. “Uma empresa que quer inovar precisa implementar uma cultura de inovação, e isso parte de um olhar mais cuidadoso para as pessoas. A minha pergunta é: como está a saúde mental das pessoas dentro das organizações para criar? Como as pessoas estão enfrentando esse estresse e cuidando de seus colaboradores, para um produto final de qualidade?”.