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A Páscoa na abordagem cristã

A ressurreição de Cristo, retratada em obra do século 16, feita na Bélgica

Nelson Treglia
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A celebração da Páscoa, que ocorrerá no próximo domingo, gira em torno do personagem de Jesus, na tradição cristã. Antes disso, será lembrada a Sexta-Feira Santa, quando Jesus acabou por falecer na cruz. Na Páscoa, Ele ressuscitou e deu um novo sentido para a celebração, sendo um dos principais marcos iniciais do Cristianismo. Existe toda uma simbologia em torno desses acontecimentos, que levam a uma compreensão dos aspectos Divinos, especialmente em relação à passagem de Jesus no planeta Terra. Qual era exatamente o papel de Cristo em Suas ações terrenas?

Gaúcho nascido no município de Cerro Largo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer é Arcebispo metropolitano de São Paulo. Ele foi um dos principais postulantes ao cargo de Papa quando Jorge Bergoglio, agora chamado de Francisco, foi eleito para liderar a Igreja Católica mundialmente. Embora Scherer não tenha vencido o conclave que escolheu Bergoglio como o chefe de Estado do Vaticano, vale a pena conferir o que ele escreveu no artigo “Em memória de Jesus Cristo”, publicado em 2017 no jornal católico “O São Paulo”. Segundo Scherer, a ressurreição de Jesus significa que, “após ter passado pelos sofrimentos da Paixão, Ele agora está na glória de Deus. E proclamavam: Ele é o Filho de Deus Salvador, enviado por Deus para salvar os homens! Quem crer nele e aceitar a Boa Nova tem a salvação e a remissão dos seus pecados por meio dele”.

A Paixão está ligada ao sofrimento físico, espiritual e psicológico que Jesus viveu no período entre sua condenação e sua execução na cruz. Por isso, a Sexta-Feira Santa também é conhecida como Sexta-Feira da Paixão. Quem tiver curiosidade e quiser adquirir uma noção melhor a respeito do impactante sofrimento de Jesus, pode assistir ao filme de 2004, “A Paixão de Cristo”, dirigido por Mel Gibson, famoso por seus papéis em “Máquina Mortífera” e “Mad Max”. Jim Caviezel (no papel de Jesus Cristo), Maia Morgenstern (Maria), Monica Bellucci (Maria Madalena) e Hristo Jivkov (João) são os principais nomes do grande elenco, que seguiu a tradição dos épicos filmes bíblicos, sempre com atores de renome.   

Exemplo semelhante pode ser encontrado no filme “Jesus de Nazaré” (1977), do diretor Franco Zeffirelli e exibido com frequência pela TV Record. Entre os famosos atores da superprodução, estavam Ernest Borgnine e Claudia Cardinale, com Robert Powell no papel principal. Neste filme, todo o aspecto moral e filosófico de Jesus pode ser vislumbrado, e num dos momentos marcantes da narrativa, Cristo, em ato de compaixão, diz para uma mulher, acusada de adultério: “Vai e não peques mais”. A mulher sofreria um apedrejamento, Jesus a salvou da agressão, dizendo que Ele não a condenava. Mas, posteriormente, Cristo proferiu essa famosa frase citada acima, mostrando que ela não deveria mais pecar. A mulher acusada foi interpretada por Claudia Cardinale, conhecida atriz italiana.

“Jesus Cristo, Filho de Deus, viveu como homem bem conhecido no meio dos homens; Ele é o justo e santo, enviado por Deus ao mundo; inocente, ele foi condenado e posto à morte por mãos iníquas, entregou sua vida na cruz por nossos pecados, perdoou aos que o condenaram e mataram; foi ressuscitado por Deus, mostrando-se vivo aos apóstolos e a muitos outros”, explica o Cardeal Odilo Pedro Scherer em seu artigo.

Sob a perspectiva cristã/católica, Scherer assinala o sentido da Páscoa: a renovação da vida. “E retomamos com renovada disposição a nossa adesão de fé a Deus e a Jesus Cristo Salvador, prometendo: renuncio ao pecado e a tudo o que é obra do maligno; quero viver vida nova, coerente com a graça da redenção recebida no Batismo. Creio, creio!”

“Poder de Deus”

Em artigo publicado também em 2017, o Pastor Nestor Friedrich, gaúcho e presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), abordou sobre várias questões relacionadas ao período pascal. “Na Sexta-Feira Santa, rememoramos a crucificação de Jesus. Diz a Bíblia que lideranças políticas e religiosas da época persuadiram o povo a gritar: Crucifica-o! Crucifica-o! Uma entrada triunfal é seguida da morte cruel – na cruz”, escreveu o Pastor Friedrich.

Para explicar o significado da morte e ressurreição de Jesus, Friedrich questiona por que isso é visto como loucura e poder de Deus. Ele mesmo responde: “Sabemos que Cristo foi ressuscitado e nunca mais morrerá, pois a morte não tem mais poder sobre ele (Romanos 6.9). O Cristo crucificado ressuscitou e vive. A morte perdeu o seu poder. A morte revelou o poder de Deus. A Páscoa nos convida a não nos dobrarmos diante da morte!”, evidencia o Pastor.