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Sem cura, raiva em cães e gatos gera preocupação

Doença tem poucos registros, mas não foi erradicada e é considerada fatal e de fácil disseminação

Fotos: Fabrício Goulart
Veterinária Manuela Oliveira Hammes atende há 16 anos

Fabrício Goulart
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Suspeitas de casos de raiva herbívora, no país, têm despertado preocupação na área da saúde humana e animal. Na última terça-feira, dia 5, o primeiro caso de raiva canina foi registrado em São Paulo desde 1983. Embora há muito tempo ela seja controlada, a alta mortalidade ocasionada e o fato de não haver cura para a raiva, fazem acender um sinal vermelho.


A médica veterinária Manuela Oliveira Hammes destaca que o contágio da raiva acontece de maneira muito rápida, bastando o contato com a saliva do animal infectado. “As pessoas acabam deixando a vacinação de lado, muitas vezes, porque dizem que a raiva não existe mais, que nunca ouviram falar”, diz.


Conforme a profissional, embora a doença esteja controlada no Estado, e não haja registros de novos casos, isso não significa uma erradicação. “É uma doença com alta mortalidade e que não tem cura, nem tratamento. O diagnóstico, além disso, é só feito depois, através do animal morto, com a coleta do cérebro”, explica.


Questionada sobre a seriedade da doença, Manuela é taxativa: “É seríssima”. A doença se manifesta nos cães e gatos por meio da salivação intensa e agressividade. “Eles também ficam com o olhar meio parado, com as pupilas dilatadas. No início, os sintomas começam de forma mais sutil. Mais tarde, com o avanço da doença, ficam catatônicos”, afirma.
A médica veterinária explica que os sintomas nos seres humanos são muito parecidos: “As pessoas também ficam agressivas, só não mordem. Mas a salivação também acontece, porque é resultado da paralisia da glote. Elas não conseguem comer e têm espasmos.”


A raiva é uma doença que ataca o sistema nervoso central e o cérebro. Mordidas e arranhões são a principal forma de transmissão. Quando os sintomas começam a se manifestar, ela é fatal, em praticamente todos os casos. A doença é causada por um vírus do gênero Lyssavirus e é transmitida por morcegos.


Conforme Manuela, que atende há 16 anos, a vacinação em animais domésticos é feita a partir dos quatro meses. “Não pode ser feita antes por causa da barreira neural ainda em formação, e que não podemos interferir”, diz. A veterinária explica que há ainda doses anuais que precisam ser respeitadas: “Não é uma dose e nunca mais. A vacina, assim como a polivalente, dura apenas 12 meses.”

Comportamento de tutores


O comportamento dos tutores de cães e gatos costuma ser diversificado com relação a vacinas. De acordo a profissional, há aqueles que vacinam os animais corretamente, de forma religiosa todos os anos. Contudo, existem também os que procuram uma clínica apenas quando o pet está doente, muitas vezes em uma situação irreversível. “Na pandemia também muita gente deixou de lado, esperando sempre a situação ficar melhor. Então, há fases, dependendo também de questões econômicas”, diz.