Fabrício Goulart
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A Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP 10), programada para acontecer em novembro, no Panamá, preocupa a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Dentre outras coisas, embora o governo, no passado, tenha assumido o compromisso de não atuar no combate ou restrição do plantio e cultura do tabaco, manifestações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde tem deixado os produtores cautelosos.
Quem aponta a questão é o novo presidente da entidade, Marcílio Drescher, eleito no dia 29 de julho. Natural de Cunha Porã, no oeste de Santa Catarina, o dirigente pontua que foco da nova gestão, no momento, está na participação do agricultor nas discussões que ocorrerão no país da América Central, do dia 20 ao 25. “O produtor não existiria sem a indústria, nem a indústria existiria sem o produtor. Então, toda essa cadeia está reivindicando esse assento, essa participação. Acima de tudo o setor de produção que nós representamos”, enfatiza.
Uma das notas que alertaram a entidade continha a mensagem “não plante tabaco, plante alimento”. De acordo com o presidente, ela não leva em consideração que a produção de tabaco não exclui a alimentação. “O produtor está no meio rural ainda porque o tabaco fornece renda e sobrevivência. Mas, por consequência, ele planta outras culturas, que são a comida, não só de subsistência, mas também para a comercialização em grande escala”, afirma Drescher, que fala da “ingerência de um acordo assumido pelo próprio Brasil”.
A problemática, que conta com a mobilização junto a diferentes órgãos, é uma de muitas que a gestão deve enfrentar nos próximos quatro anos de mandato, que se encerram em 2027. Com um número total de associados que variam entre 85 e 90 mil, de acordo com a safra, a Afubra tem a sua expansão vinculada diretamente ao sucesso de cada uma delas. Assim, o presidente é cauteloso em falar de novos investimentos, embora nos últimos anos a entidade tenha apresentado um crescimento também em Santa Catarina e Paraná.
Fundada em março de 1955, com sede em Santa Cruz do Sul, a entidade surgiu primeiramente como Associação dos Plantadores de Fumo em Folha no Rio Grande do Sul, com foco apenas nos agricultores do Estado. Hoje, com 68 anos, tem atuação em mais de 480 municípios, com investimentos realizados em diferentes lugares. Com a proximidade das sete décadas de atuação, a diretoria da Afubra pensa em uma comemoração à altura. Contudo, os planos permanecem no campo das ideias. “É uma data emblemática, temos que comemorar, claro. Mas por enquanto estamos estudando as coisas”, resume o presidente.
Internamente, Drescher fala em “continuidade”, em um trabalho abraçado pelo coletivo. Planeja seguir com o que corre bem e alterar o que é necessário, junto com a participação da diretoria e dos conselhos. Acima de tudo, o presidente afirma estar a base os associados: “Queremos estar presentes e próximos dos associados, escutando e também levando informações”.