A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) completa 30 anos, neste dia 25 de junho, como Universidade. Naquela época, em novembro, a comunidade acadêmica foi chamada a votar. O processo eleitoral abrangeu os cargos de reitor, vice-reitor, coordenadores de curso e chefes de departamento da Unisc. Foi confirmado no cargo de reitor o professor Wilson Kniphoff da Cruz e como vice-reitora a professora Helga Kahmann Haas. A posse solene foi realizada no dia 31 de janeiro de 1994.
Depois do professor Wilson, o cargo foi assumido, em 1998, pelo professor Luiz Augusto Costa a Campis. Ele recorda que ingressou na Fisc em 1981. Participou, em 1985, do movimento pelas eleições diretas e foi eleito vice-diretor geral, ao lado de Wilson Kniphoff da Cruz, eleito primeiro diretor-geral. “Nosso grande sonho era sermos Universidade e o professor Wilson foi quem liderou esse movimento que culminou com a conquista do status de Universidade. Foi na gestão do professor Wilson que, além da criação da Unisc, foram criados novos cursos, entre eles o primeiro mestrado (Desenvolvimento Regional), e também criado o campus de Sobradinho”, recorda.
A pesquisa e a extensão foram institucionalizadas e a editora foi criada. “Assumi a reitoria em março de 1998 com a tarefa de consolidar a Unisc como uma Universidade de qualidade. Em número de estudantes a Unisc teve um crescimento de alunos de 100% (1998-2006), passando de 5,5 mil para 10,8 mil”, fala.
O professor ainda lembra que, durante a gestão dele, foi criado o Programa Uniarte e a Orquestra Jovem da Unisc. Ainda, iniciou a construção do prédio do Memorial; criação do Projeto Cestinha (2001); criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural – 2005 – Salto do Rio Pardinho. Criação dos campi de Venâncio Aires e de Capão da Canoa, entre outros feitos. “Em 2003, aconteceu a compra do Hospital Santa Cruz e a criação do Curso de Medicina em 2006, transformando Santa Cruz do Sul e a Unisc em um importante polo de saúde do nosso Estado”, recorda Campis que, atualmente, é coordenador do Núcleo de Arte e Cultura da Unisc.
Depois dele, o professor Vilmar Thomé foi eleito reitor da Unisc em 2005. Na Instituição desde 1984, o professor vê o credenciamento como Universidade um momento que garantiu maior autonomia no desenvolvimento das atividades. “Foi fator primordial para grande expansão, em todos os sentidos, com a implantação de muitos cursos de graduação, ao mesmo tempo que também as atividades de extensão, pesquisa e pós-graduação stricto sensu apresentaram significativo crescimento qualitativo e quantitativo.”
Nos momentos marcantes, ele lembra de quando foi alcançado um excelente resultado na Avaliação Institucional (AI), com a obtenção do conceito máximo, nota 5, conferido pelo Ministério da Educação (MEC). “Gerou o merecido destaque nacional para a Unisc, em decorrência de muitos projetos implantados. Nesse mesmo período alcançamos outra marca de destaque nacional, quando fomos a 4ª Universidade Comunitária melhor avaliada do Brasil, nesse caso pelo ótimo resultado apresentado no Índice Geral de Cursos (IGC).
Outro fato marcante foi a implantação do curso de Medicina entre os anos de 2006 e 2011, ano da formatura da primeira turma do curso. “O curso foi autorizado pelo MEC ao final da gestão do professor Campis, após construção de excelente projeto e exitosa mobilização política. A professora Carmen Lúcia de Lima Helfer, reitora no período 2014 até 2021, na condição de pró-reitora de Graduação, conduziu a exitosa implantação, em especial nos aspectos acadêmicos da dimensão do ensino.” Em 2012, o HSC passou à condição de Hospital de Ensino, máxima classificação dos hospitais com suas características no Brasil.
Nos anos de 2009 e 2010, após forte mobilização nacional liderada pela Associação Brasileira das Instituições Comunitárias de Educação Superior (Abruc) e com participação destacada de lideranças da Unisc, em especial do pró-reitor de Administração, professor Jaime Laufer, foi implantado o novo Fundo de Investimento na Educação Superior, o conhecido Fies. “Por vários anos esse programa foi o grande motor da expansão da Unisc e de todo o sistema de Universidades Comunitárias do Brasil”, fala Thomé que, desde 2014, é diretor-geral do HSC.
Sobre o falecido reitor Wilson Kniphoff da Cruz, Thomé o define como uma liderança que conduziu tudo com sabedoria, coragem e firmeza na construção do projeto de transformação da Fisc em Unisc. “Merecidamente foi nosso primeiro reitor, sempre uma referência em termos de empreendedorismo, ética, honestidade, trabalho coletivo e eficácia. Foi diretor-geral da Fisc, reitor da Unisc e presidente da Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc), mas acima de tudo ele continua sendo nossa inspiração para o desenvolvimento da nossa Instituição, jamais desistindo, jamais esmorecendo frente aos obstáculos e grandes desafios, sempre confiando no futuro, a partir da construção coletiva e corajosa de projetos transformadores da realidade presente. Viva a Unisc! Vive o professor Wilson em nossa caminhada”, exalta.
A atual gestão
Desde 2022, Rafael Frederico Henn é reitor da Unisc. Ele ressalta que o cargo é um compromisso confiado a ele de dar continuidade ao trabalho comprometido das gerações que tornaram a Unisc o que ela é hoje. “Nossa proposta sempre foi trabalhar com um plano de gestão aberto para atender à dinamicidade da educação e às necessidades de nossa comunidade acadêmica, sempre vislumbrando uma Unisc alinhada com as demandas atuais, trazendo o estudante como protagonista, uma Unisc que valorize as relações humanas e de trabalho e que coloque o conhecimento científico em benefício da comunidade.”
Ele enfatiza que são 30 anos como Universidade, mas, 61 anos de Ensino Superior, com uma marca impressa na história da região, fazendo parte da trajetória de sucesso de pessoas, empresas e comunidades que acreditaram e acreditam no conhecimento como fator de progresso e desenvolvimento social. “Ao longo desses anos, ampliamos parcerias com diferentes segmentos, buscando alternativas para resolver problemas da sociedade, através do ensino, da pesquisa, da extensão, da inovação e dos serviços prestados, sempre atentos às dinâmicas sociais, formando recursos humanos capacitados para o mundo do trabalho, para o exercício da cidadania e para a vida. Assim, nos transformamos no maior patrimônio científico e educacional da região. A Unisc impulsiona e colabora para o desenvolvimento das comunidades em que está inserida, assumindo um papel de liderança local e regional na promoção do desenvolvimento econômico, social, científico e tecnológico.”
E parabeniza a todos que, de muitas formas, colaboraram para que o projeto da Universidade fosse possível e hoje colaboram para que ele se mantenha. “Hoje, a Unisc está atuando para além da sua região, pois temos campus em Capão da Canoa, Montenegro, Sobradinho e Venâncio Aires, em todos os locais de sua atuação, a comunidade conta com uma Universidade comprometida e presente em todos os segmentos sociais.”
Ao lado do reitor, a vice-reitora Andreia Rosane de Moura Valim lembra que a Unisc foi um marco em 1993 e é, atualmente, um marco para a região. “E não só para região do Vale do Rio Pardo em que temos três campi, mas também para Região Metropolitana, em Montenegro, e para o Litoral Norte, em Capão da Canoa. Nesse sentido, a nossa Universidade faz muita diferença, porque ela forma profissionais e esses profissionais tendem a se estabelecer, se desenvolver e contribuir com o desenvolvimento dessas comunidades em que estão inseridos. Estamos muito felizes por celebrarmos esses 30 anos. Representam todo o envolvimento de um conjunto de pessoas que trabalharam e trabalham muito fortemente para que a nossa Universidade chegasse, nesse momento, para celebrar essa data tão especial.”
A primeira reitora
Em um mundo em que as mulheres são maioria, mas ainda sem o reconhecimento merecido em determinadas áreas da sociedade, a professora Carmen Lúcia de Lima Helfer é um exemplo de mulher que luta. Foi a primeira reitora da Universidade, em 2014, e passou por momentos difíceis, de maneira exitosa, como a pandemia de Covid-19.
“A gestão foi marcada por muitas conquistas e pelo enfrentamento de sucessivos desafios. Talvez as marcas mais fortes desses anos tenham sido mudança e desacomodação. Fui a primeira mulher a dirigir a universidade. Enfrentamos adversidades, mas foi grande a dose de coragem, de escuta, de sensibilidade com a gestão responsável que fez parte das pessoas que nos apoiaram e acompanharam nossas decisões. Garantimos participação, inclusão, diálogo, ação, humanismo e muito trabalho.”
Lembra que um dos principais aspectos foram as medidas adotadas em nome da sustentabilidade, por causa do esvaziamento das políticas públicas de financiamento estudantil e da queda no número de estudantes. “Cito como exemplo a retomada do crédito próprio como alternativa para a permanência dos estudantes. Podemos dizer que a gestão amadureceu coletivamente. Destaco como grandes conquistas os esforços e iniciativas para potencializar a educação a distância, a criação do curso de Medicina Veterinária, o Hospital Veterinário, a inauguração do TecnoUnisc, a Reinvenção Pedagógica e Administrativa – como forma de oferecer uma educação mais contemporânea aos jovens – já que que os novos tempos exigem mais flexibilidade e formação de pensamento crítico.”
Sobre a pandemia, lembra da adaptação das aulas ao modelo remoto. “Mesmo em tempos difíceis, a Universidade foi a vanguarda das diversas ações para contribuir no combate à Covid-19 por meio da ciência. A criatividade, a cooperação e a ousadia foram determinantes nesses oito anos de gestão à frente da Unisc.”