Dom Canísio Klaus*
No dia 23 de junho comemoramos o Dia Nacional do Migrante. O tema – Migrações e Juventude – está em sintonia com a Campanha da Fraternidade e é ótimo subsídio preparatório para a Jornada Mundial da Juventude que acontecerá em julho no Rio de Janeiro.
O tema das migrações é muito caro para o povo da Diocese. Isso, porque, grande parte da população local tem sua origem nas migrações ocorridas no final do século XIX, quando os antepassados abandonaram seus lares na Europa e vieram em busca de um futuro melhor nas margens do Rio Taquari, Rio Pardo, Rio Jacui e seus respectivos afluentes. Mais recentemente, a migração ganhou novos contornos com o êxodo rural e o crescimento da população urbana. Com isso, acompanhamos o fenômeno do fechamento de comunidades na zona rural e a contínua necessidade de abrir novas comunidades nas áreas urbanas. Além disso, a região acolheu, nos últimos anos, várias pessoas oriundas do Haiti e de outros países da América Central, América do Sul, Oriente Médio e África, que aqui chegaram na esperança de encontrarem melhores condições de vida para si e suas famílias. O mesmo desejo está presente nos trabalhadores do Nordeste do Brasil que são contratados para as obras do PAC e da construção civil na cidade de Santa Cruz do Sul.
Na prática, são poucos os moradores da região que não foram impactados com a migração, o que torna atual, para nós, as palavras de Bento XVI: “Os fluxos migratórios são um fenômeno impressionante pela quantidade de pessoas envolvidas, pelas problemáticas sociais, econômicas, políticas, culturais e religiosas que levanta, e pelos desafios dramáticos que coloca à comunidade nacional e internacional”.
Conforme afirmação no Texto-Base da Semana do Migrante, muitos jovens são forçados a migrar em busca de acesso à educação e ao trabalho. “Submetidos às influências culturais, sociais e econômicas diversas, estampam no rosto, na roupa, no comportamento e na linguagem o esforço para encontrar e garantir o seu espaço, os seus direitos, a tentativa de adequar-se ao meio que lhes é estranho e, ao mesmo tempo, conservar a própria identidade”. Por isso, a Igreja nos convida “a refletir na caminhada da juventude, em seu compromisso com a construção da sociedade do Bem Viver, em sua participação e capacidade de ampliar os espaços de deliberação e controle social das políticas públicas”.
Por ocasião do Dia do Migrante que celebramos junto com as festividades de São João Batista, o padroeiro da Diocese, reafirmamos o compromisso de bem acolher os migrantes que chegam, oferecendo-lhes nosso apoio. Particularmente oferecemos este apoio aos jovens que se vêm forçados a deixar amigos e familiares em busca da realização de seus sonhos! Que Maria, a mãe de Jesus, os proteja, e São João Batista, o profeta do Altíssimo, os anime!
*Bispo Diocesano