Professores, diretores, supervisores e técnicos da rede municipal de educação participaram na sexta-feira, 31, da segunda etapa da Jornada Pedagógica, no auditório central da Unisc. Cerca de 800 profissionais da educação estavam no evento. Na solenidade de abertura, o secretário de Educação, Wagner Machado, deu boas vindas aos educadores. Na sequência, um dos maiores formadores de opinião em voga no Brasil, o historiador e escritor Leandro Karnal, palestrou por cerca de uma hora e meia.
De forma bem humorada, Karnal sugeriu reflexões acerca da nova educação. Em um dos momentos, ressaltou a importância do papel do professor nos novos tempos. “Hoje o professor dá uma atenção que a criança não tem mais em casa. O único espaço em que uma pessoa não está olhando o celular o tempo todo, é em sala de aula”, comentou.
Sobre tecnologia, ele chamou atenção para a presença do professor. “Tecnologia, apesar de ser importante, não faz educação. Educação se faz com filosofia educacional, metas, conceitos, propostas, procedimentos. O que faz uma boa educação é o envolvimento crítico de um profissional, a atenção humana é que faz a diferença”, afirmou.
Sobre a missão de ser professor, ele reforçou as causas do educador. “Em salas de aula, se querem ter uma causa, tenham as causas da ética. Combatam o racismo, combatam a violência contra os pobres, o preconceito linguístico. E tenham sempre em mente o artigo quinto da constituição, homens e mulheres são iguais. Defendam essas causas”, sugeriu.
Karnal chamou atenção ainda para a saúde emocional do educador. “Não tenham medo de procurar ajuda quando entenderem que precisam. O cérebro é uma parte do corpo. Nós temos um preconceito horroroso, de entender doenças físicas e não entender doenças psíquicas. Depressão não é frescura, depressão ocorre em quem trabalha muito, e professor trabalha muito, não só em sala de aula, mas em casa, na preparação dessas aulas”, declarou.
Os efeitos negativos causados pela pandemia também foram lembrados pelo escritor. “A pandemia foi um atraso na educação. As crianças desaprenderam e isso causou ansiedade no retorno para a escola. E surgiu também um problema novo na educação, em todos os lugares, que são os analfabetos funcionais, pessoas que leem mas não entendem. Isso está crescendo e piorado pelas redes sociais”, mencionou.
Sobre o novo jeito de educar, ele exemplificou. A educação do século XXI é tirar as crianças da sala de aula e levar para os lugares mais diversos, pois é uma experiência pessoal ressignificativa, é estar onde as vivências acontecem”, disse. Após sua explanação, o historiador abriu espaço para perguntas da plateia.
Na sequência da jornada, houve também palestras com a pedagoga Regina Shudo e com o professor, pesquisador e conferencista José Moran. Regina Shudo vem a Santa Cruz do Sul pela segunda vez para participar da jornada – a primeira foi em 2021 – e nesta ocasião falou sobre o tema Desemparedamento da Educação. Já José Moran falou sobre Metodologias ativas, modelos flexíveis e tecnologias digitais, trazendo para o público a proposta de uma educação transformadora.
A Jornada Pedagógica é uma atividade de formação continuada para professores, equipes gestoras e pedagógicas das escolas municipais de educação infantil, de ensino fundamental e também de educação de jovens e adultos (Cemeja).