Dom Canísio Klaus*
No domingo de ramos, dia 24 de março, entramos na Semana Santa e chegamos ao auge da Campanha da Fraternidade.
A Semana Santa é a semana mais preciosa do Ano Litúrgico, quando somos confrontados com os principais acontecimentos que fundamentam a fé cristã. Durante a semana fazemos memória das palavras de São Paulo aos Filipenses (2,8-11): Jesus Cristo “humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome. Assim, no nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra e toda língua proclame: ‘Jesus Cristo é o Senhor’, para a glória de Deus Pai”.
Durante a Campanha da Fraternidade, que iniciamos na quarta-feira de cinzas, fomos desafiados a lançar um olhar carinhoso para os nossos jovens. Desafortunadamente, a Campanha teve início com as cinzas que mataram 241 jovens numa boate em Santa Maria. O lamento pelo sucedido gerou uma onda de protestos e reflexões sobre a vida dos jovens que está sendo ameaçada e fortaleceu uma das motivações inicias da Campanha da Fraternidade, que era dar um basta ao extermínio dos jovens no Brasil. Semanalmente são dezenas os jovens que morrem no trânsito ou vítimas do tráfico de drogas e paixões desordenadas. Aqui mesmo, em Gramado Xavier, simultaneamente à tragédia de Santa Maria, acompanhamos a tragédia que resultou na morte de quatro jovens, desorientados pela gravidez de uma menina de 15 anos. Dar um bast a a esta situação, é um dos clamores reforçados pela Campanha da Fraternidade, que também se propôs motivar as comunidades do Brasil, junto com seus jovens, para a Jornada Mundial da Juventude.
Em meio à Campanha da Fraternidade, houve a renúncia do Papa Bento XVI e a eleição do Papa Francisco. Numa das suas primeiras falas, o Papa Francisco pediu: “cuidem das crianças e dos idosos”. Nós, Igreja no Brasil, acrescentamos: “cuidem dos jovens”. São eles as crianças de ontem e os adultos de amanhã. Muitos deles não foram devidamente cuidados como crianças, sendo que, de muitos, foi tirada a infância precocemente. Se não os cuidarmos hoje, como jovens, eles vão continuar a morrer e a se matar.
É este também o objetivo da coleta da solidariedade que realizamos por ocasião da Páscoa em todas as comunidades e grupos religiosos. Com o dinheiro arrecadado, a Igreja quer incrementar ações que venham a favorecer a vida dos jovens. É importante que cada um dê a sua contribuição, porque o que queremos “não é o muito de poucos, mas o pouco de muitos”. A soma das muitas pequenas contribuições possibilitará o incremento de grandes ações. Por isso, o apelo que fazemos é: “cada um faça a sua oferta, de acordo com a generosidade do seu coração”. O próprio Papa Francisco nos pode inspirar com o seu pedido ao povo da Argentina para que deixasse de ir a Roma na instalação do papado e doasse o dinheiro que iria gastar com a viagem para instituições de caridade. A coleta da solidariedade deve ser expressão do jejum e da penitência feitos durante os 40 dias da quaresma.
Participemos na coleta da solidariedade e estaremos ajudando a Igreja no Brasil a implementar ações que venham em favor da vida dos jovens. Desta forma, as celebrações da Semana Santa serão expressão da nossa fé em Jesus Cristo, que, “mesmo sendo de condição divina, humilhou-se a si mesmo até a morte, e morte de cruz”.
*Bispo Diocesano