LUÍSA ZIEMANN – [email protected]
Nem em clubes, nem em um sambódromo. Foi nas ruas do centro que a alegria dos bloquinhos e de outros milhares de foliões deu início à programação ao ar livre do carnaval de Santa Cruz do Sul, com o Bailinho da Borges. O que, aliás, começou ocupando a Borges de Medeiros, neste ano lotou também a quadra da Marechal Floriano na Praça da Bandeira e um trecho da Marechal Deodoro. Conforme dados do Comando Regional de Polícia Ostensiva (CRPO/VRP), em torno de 25 mil pessoas coloriram e animaram a terceira edição do evento no último sábado, 11.
Uma grande estrutura foi montada para receber o público na quadra da Borges entre a Floriano e a Deodoro e na praça. O Bailinho, que já se tornou tradição na cidade, mais uma vez provou que é feito para curtir com a família toda: desde crianças até idosos puderam se divertir ao som das marchinhas que marcaram época e de muitas músicas tradicionais nos carnavais de rua. Além da presença de bloquinhos carnavalescos, um concurso de fantasias também agitou a programação.
Quem chegava na esquina das ruas Marechal Floriano e Borges de Medeiros logo avistava a multidão que tomava conta do local. Conforme o CRPO/VRP, cerca de 25 mil pessoas passaram pelo Bailinho. Além de shows com atrações musicais nos dois palcos montados para o evento, o público pôde curtir a festa saboreando diversas opções gastronômicas e provando as cervejas artesanais, que foram comercializadas nas dezenas de tendas espalhadas pelo ambiente ao ar livre. Para deixar a festa ainda mais bonita e animada, estabelecimentos parceiros organizaram camarotes e eventos posteriores ao Bailinho, garantindo que a diversão seguisse noite adentro.
Realizado pela Tombini Produções e Skené Projetos Culturais, com recursos captados através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o evento contou com patrocínio oficial da Mor e apoio do Serviço Social do Comércio (Sesc) de Santa Cruz e da Prefeitura. As ações de segurança foram implementadas em conjunto por Guarda Municipal e de Trânsito, Brigada Militar, Polícia Civil, Susepe – Polícia Penal, Corpo de Bombeiros e Ministério Público.
Para o secretário municipal de Cultura, Marcelo Corá, o evento superou todas as expectativas. “O Bailinho entregou tudo o que os foliões esperavam, um carnaval onde todos puderam brincar com alegria e segurança em uma estrutura de rua que se consolida como destaque no Estado”, exaltou.
O idealizador do evento, Rafael Tombini, afirmou que está com a sensação de dever cumprido. “A avaliação que fizemos é de que foi nota dez em todos os sentidos. Teve a presença de muitas famílias, pessoas de todos os lugares da cidade e de cidades vizinhas. Mas a nossa principal alegria é que, mesmo com as 25 mil pessoas que passaram pelo Bailinho, não tivemos nenhuma ocorrência policial, nenhuma briga. Isso mostra que é um evento para toda a família”, destacou o organizador.
Mas como surgiu a ideia do Bailinho?
Fruto da vontade de uma turma de amigos que morava em Porto Alegre de pular carnaval perto de casa, pelas ruas, em 2007, às vésperas da folia começar de fato, foi criado o bloco Maria do Bairro, pioneiro no retorno dos grupos de rua à capital gaúcha. No início, não se tratava bem de um desfile ou coisa assim. Era apenas uma caixinha de som e cerca de 20 pessoas reunidas em volta dela, cantando e festejando o pré-carnaval.
Depois desse dia, o desfile do bloco se tornou cada vez maior e mais organizado. Com a volta das tradicionais agremiações carnavalescas, outros grupos se formaram e passaram a alegrar as ruas de Porto Alegre no período de folia. E um dos responsáveis pela criação do Maria do Bairro foi Rafael Tombini, que é o idealizador do Bailinho da Borges.
A paixão pelo Carnaval de rua e toda a trajetória escrita pelo bloco na folia da capital fez com que o ator trouxesse a ideia para Santa Cruz do Sul, criando um evento similar ao de Porto Alegre. “De certa forma, fomos responsáveis pela retomada do carnaval de rua da capital. Eu fiquei 12 anos à frente do Maria do Bairro, fui responsável também por ajudar a associação dos blocos da Cidade Baixa. Quis trazer esse mesmo entusiasmo e alegria para Santa Cruz”, explicou Tombini.