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Tratamento com hipnose ganha cada vez mais adeptos

Em Santa Cruz, psicoterapeuta holístico e hipnólogo Carlos Borges utiliza técnica no auxílio a tratamento de doenças bem como de traumas e bloqueios emocionais

Borges: “identificar a raiz do sofrimento”
Luísa Ziemann

LUÍSA ZIEMANN – [email protected]

Através do balançar de um relógio em frente aos olhos do paciente e de comandos de voz por parte do hipnólogo, um indivíduo entra em transe profundo e, mesmo que inconsciente, obedece ao que lhe é ordenado. Essa cena pode parecer comum quando o assunto é hipnose. Porém, a ideia da sua utilização como meio recreativo é ultrapassada. A técnica, na verdade, vai muito além disso e, atualmente, sua utilização como ferramenta terapêutica vem ganhando espaço. Em Santa Cruz do Sul, a hipnoterapia ou hipnose clínica já tem muitos adeptos.

A técnica consiste na aplicação da hipnose como meio de tratamento para diversos tipos de transtornos emocionais, como também na mudança de hábitos e sentimentos indesejáveis, como por exemplo nos casos de ansiedade, fobias, depressão, pânico e tabagismo. Para o psicoterapeuta holístico e hipnólogo Carlos Leandro Borges, a imagem que as pessoas têm da hipnose ainda precisa ser mudada – e seus benefícios difundidos. “Nos primórdios, o ato de hipnotizar foi muito utilizado em palco, como meio recreativo, e isso faz com que as pessoas não tenham a crença correta a respeito da hipnose”, salienta. “Acreditava-se, e muitos ainda acreditam, que o hipnotizado irá sair de sua consciência, viajar para outro mundo, para outra vida. E não é nada disso.”

O hipnólogo explica que a hipnose pode ser definida como um estado de profundo relaxamento, que leva o indivíduo ao sono terapêutico hipnótico. “É onde o setor crítico do nosso racional é desligado ou afastado. É o estado de permissão”, explica. “O nosso racional é conduzido pela voz do hipnológo, sem criticar os comandos ou sugestões, e dessa forma é permitido o livre acesso à mente consciente e inconsciente. Através disso, então, o hipnológo busca nos registros mentais as causas de determinadas situações e ajuda a resolver as mesmas através de seus comandos.”

O terapeuta ressalta que o principal objetivo da hipnose é agir na raiz do problema – seja ele qual for. “Através da hipnose nós revelamos a dimensão exata das respostas que procuramos. Tratamos efetivamente as causas, visando reverter os sintomas das dores e dos problemas humanos”, destaca Borges. “É importante ressaltar que 90% das doenças surgem primeiramente na mente humana, sob influência do pensamento. Um dos grandes agravantes de toda as doenças é o stress, que é uma reação do organismo a estímulos internos e externos, relacionados à necessidade de fugir ou enfrentar situações, parar ou começar.”

O terapeuta explica que, ao aliar o tratamento patológico e medicamentoso de doenças com a hipnose, por exemplo, o paciente pode alcançar um resultado mais rápido e eficiente. “As doenças surgem muitas vezes como um alerta do corpo, da necessidade de mudar o ritmo. Quanto mais focado o nosso pensamento estiver em uma doença, mas essa doença irá progredir. Pensamentos bons geram uma bioquímica interna de felicidade, aumentando a imunologia do corpo. Pensamentos distorcidos de sofrimento causam o contrário”, afirma. “Ninguém cura ninguém sem que a pessoa queira. Nenhum tratamento patológico ou hipnólogo ou de qualquer dimensão da ciência vai curar um enfermo se a pessoa não permitir que essa cura venha. É importante lembrar que 99% dos esforços das ciências biológicas estão voltados para tratar os sintomas, enquanto 1% está voltado para remoção das causas. A hipnose atua diretamente no foco da causa.”

Mas, muito além do que agir no auxílio ao tratamento de doenças, a hipnoterapia também pode ser utilizada na psicologia, odontologia, esportes, educação, área criminalística e até nos recursos humanos. “Na área da psicologia podemos utilizar a hipnose para trabalhar traumas, bloqueios emocionais e psíquicos, depressões e ansiedades. Tudo pode ser tratado. Nós buscamos identificar a raiz do sofrimento e eliminar as causas dessas emoções”, reitera o terapeuta, que desde 1999 se dedica ao estudo da hipnose, juntamente da psicologia e da psicanálise, e possui mais de 30 cursos na área.

“No esporte, por exemplo, muitos atletas acreditam não ter força física, a disposição ou resistência suficiente para encarar certos desafios. Através da hipnose conseguimos trabalhar a consciência desses indivíduos e buscar esses fatores que já existem dentro do ser humano mas que estão adormecidos. E é aí que o atleta se revela, ficando mais forte, mais rápido, totalmente diferente do que era antes.” Borges – que também oferece auricoloterapia, radiestesia e outras terapias alternativas em seu consultório – alia o tratamento consciencial ao espiritual. “Meu objetivo sempre foi entender melhor a mente humana. Pesquiso muito sobre a situação psicológica e espiritual dos meus pacientes-clientes”, destaca.

Qual a diferença entre hipnose e regressão?

Borges explica que na terapia de regressão ou hipnose regressiva o paciente-cliente é orientado a reacessar em seus registros mentais lembranças do seu passado, com o objetivo de identificar em que momento surgiu ou qual foi o gatilho determinante do trauma ou bloqueio emocional que ele leva em sua vida até hoje. “Ao se conscientizar desse motivo, a pessoa inicia através da hipnose o processo terapêutico que irá tratar os transtornos causados por esse trauma passado”, explica. A regressão, portanto, é indicada para identificar em qual momento determinado bloqueio surgiu, e a hipnose pode ser utilizada para tratar os sintomas causados por este trauma.