Protestos contra o resultado das eleições pedem intervenção militar
Clarice Pacheco
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O resultado da eleição presidencial, que não reelegeu o presidente Jair Bolsonaro, segue repercutindo em Santa Cruz do Sul, assim como em diversas cidades do Brasil. Depois de bloqueios em rodovias do Vale do Rio Pardo, que foram dispersos por todo o país, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), manifestantes se reuniram em frente ao 7º Batalhão de Infantaria Blindado (BIB). Para os descontentes houve fraude, pois para eles as urnas são passíveis de manipulação que alteraram o resultado da eleição, e por isso pedem intervenção federal e militar.
Os bloqueios em rodovias causaram transtornos aos brasileiros. Caminhões foram impedidos de passar e entregar suas cargas, causando princípio de desabastecimento, especialmente de hortifrutigranjeiros e material hospitalar, além de outros contratempos. Os órgãos de segurança foram acionados e chegaram a usar força para destrancar as estradas. Logo após, os manifestantes passaram a se aglomerar em frente às unidades militares. E agora, depois dos relatórios da comissão de transparência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre eles o dos técnicos das Forças Armadas, que foi entregue ao Tribunal, e da nota posterior do Ministério da Defesa, que disse não confirmar a fraude, porque não conseguiu prová-la, os manifestantes reafirmaram sua posição de ficar em frente aos quartéis até as Forças Armadas aceitarem intervir no processo.
Procurados pela reportagem do Riovale Jornal, nenhum dos manifestantes santa-cruzenses aceitou falar em nome do grupo. Dizem que não têm uma liderança, que são apenas eleitores insatisfeitos com o resultado das urnas e com os trabalhos da Justiça, que se juntaram em um movimento orgânico, sem serem chamados ou convidados. Eles expõem cartazes pedindo socorro às Forças Armadas, também empunham a bandeira brasileira, que usam em bandeiraços, outros ficam enrolados a ela, e passam os dias, sob o sol, à noite ou mesmo com chuva, ocupando um trecho da pista de rolagem e a calçada em frente à Escola Santa Cruz.
Para o presidente local do Partido dos Trabalhadores (PT), Frederico de Barros Silva, a presença dos descontentes em frente ao 7º BIB são um movimento ilegítimo, com atos antidemocráticos. “Eles colocam em cheque a democracia e a credibilidade do nosso sistema eleitoral, as urnas eletrônicas. Lutamos muito pela nossa democracia após 21 anos de ditadura militar”, disse. Também contou que o partido encaminhou algumas ações jurídicas, que deverão ter alguns desdobramentos mais à frente. “Representamos junto ao Ministério Público e vamos pedir que a Prefeitura se posicione sobre a obstrução da Rua Marechal Floriano, que vem sendo bloqueada de manhã, a tarde e aos finais de semana”, afirmou.
Segundo ele, quando o PT ocupava alguma rua, sempre sofria pressão dos órgãos públicos para desocupar o quanto antes. “E hoje vemos essa morosidade, essa complacência da Prefeitura garantindo que as pessoas possam ocupar aquele espaço por dias”, cobrou o presidente petista. Relatou também que muita gente da vizinhança os tem procurado para reclamar do barulho, do som alto, do uso de bebidas. Professores e alunos têm reclamado da obstrução da calçada, dos banheiros químicos que foram instalados logo após a entrada da escola. “Existe uma série de irregularidades nesse sentido, que eu acho que precisam ser respondidas, dentro da lei, porque ninguém faz o que está sendo feito, e fica impune”, protestou. O presidente petista disse ainda, que “exigem que o voto das mais de 60 milhões de pessoas que decidiram por outro rumo, que não o da reeleição do atual presidente, também sejam respeitados, porque as mesmas urnas que elegeram governadores, senadores e deputados em primeiro turno, elegeram o presidente no segundo turno, então não existe falha ou qualquer coisa do tipo. É uma narrativa imposta para colocar o Brasil em disputa por aqueles que perderam a eleição”, afirmou.
