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O caso que resultou em grande comoção

O crime que comoveu a comunidade e todo o Estado, ocorreu no Dia dos Pais, em 12 agosto de 2018

REPRODUÇÃO/FACEBOOK
Francine foi assassinada brutalmente aos 24 anos, em agosto de 2018

O crime que comoveu a comunidade e todo o Estado, ocorreu no Dia dos Pais, em 12 agosto de 2018. A vítima, Francine Rocha Ribeiro realizava exercícios de caminhada ao ar livre no Parque do Lago Dourado. Quando chegava nas imediações da outra extremidade do percurso, perto da mata, ela teria sido abordada por Jair Menezes Rosa. Ele teria atacado a vítima e mediante ato de violência a mobilizou e arrastou para dentro do mato, objetivando praticar o crime. O ato resultou no estupro e morte da jovem. O acusado também teria praticado o roubo os objetos que pertenciam a vítima. O corpo foi achado na manhã do dia seguinte com marcas de asfixia mecânica e lesões de agressão física.


Os primeiros a acharem o corpo de Francine foram os familiares. Conforme investigações realizadas pela Deam, por meio dos peritos, no local havia um top que a vítima usava e que estava descobrindo parte do corpo, o que indicava um possível sinal de violência sexual, além de diversas outras marcas que ela apresentava. No decorrer do depoimento, durante o júri, a delegada Lisandra enfatizou que foi realizada uma conversa informal com o noivo de Francine, para elucidar os fatos que aconteceram antes do crime. Ele informou que tinha ido a um caixa eletrônico e tinha o comprovante, apresentado posteriormente.


Francine estava sem o telefone e, assim foi pedido uma quebra de sigilo telefônico. Foi verificado um sinal próximo à casa do acusado, indicando que ele havia subtraído o telefone da vítima. A jovem também foi encontrada com uma das mãos amarradas por um pano nas proximidades de um galho de árvore, indicando que tinha sido imobilizada e brutalmente violentada. Foram realizadas, posteriormente, as diligências para encontrar o criminoso. Segundo a delegada, em depoimento ao júri, houve uma denúncia de um suspeito que estava foragido e poderia ter passado pelo local do ocorrido e que residia nas proximidades do Lago Dourado. A polícia foi ao encontro do indivíduo que forneceu o álibi de que não estava na cidade, o que foi comprovado. Mesmo assim foi fornecido material genético para comprovação.


No desenrolar do caso, surgiu mais uma denúncia de que dois moradores estavam na mata naquela mesma tarde, caçando. Estes haviam avistado, por volta das 17h, um vizinho em atitude suspeita. Tentaram uma conversa e o homem apressado estava fugindo, se tratava conforme eles, de Jair. Com as circunstâncias, ele foi intimado e confrontado, negou que estivesse no local e que teria somente ido buscar uns gravetos. O sangue de Jair foi coletado, bem como dos moradores que o avistaram. Posteriormente foi emitido um mandato de busca na casa de Jair, no bairro Navegantes. A diligência, realizada pelo delegado regional Luciano Menezes, titular da Defrec, apreendeu uma espingarda e as roupas camufladas (as quais as testemunhas haviam visto ele vestindo). O resultado da perícia apontou material genético do acusado na parte íntima do corpo de Francine. Além de vestígios em uma cinta que ela usava, na calça e na camiseta. Após os indícios e as provas confirmadas, Jair foi preso e encaminhado ao Presídio Estadual de Candelária.


O delegado Luciano Menezes enfatizou, durante interrogatório ao júri, que foi informado no dia 13, por volta das 12h que a vítima havia sido encontrada e estaria há cerca de 600 metros da pista de caminhada. “Ela estava no meio do mato e havia indícios de que teria sido violentada sexualmente e também espancada. A delegada Lisandra, titular da investigação, esteve no local e tomou as providências periciais iniciais. Vi posteriormente fotos que foram tiradas por conta dos fatos. A cena do crime mostrava uma jovem que desapareceu quando caminhava no Lago Dourado no Dia dos Pais. A multiplicidade de lesões encontradas no corpo da vítima, mostravam que o indivíduo que a atacou era extremamente perverso. Digo isso, porque, na condição de delegado há mais de 20 anos o caso chamava atenção por ser diferenciado, pois não tinha somente a violência sexual não consentida, mas também a transferência de bruta violência.”

“Ela estava no auge da vida, em um momento maravilhoso”

“É muito difícil suportar tudo isso. É uma ferida aberta que ficará para o resto da vida, não cicatriza. Só Deus sabe a dor que a gente sempre e eu sinto muito a falta dela. Ela tinha a mania de dizer que a tia Dada, como ela me chamava, está sempre atrasada nas coisas. Me beijava e dizia que me amava e que amava o ‘gordo’ como ela chama meu filho, o Murilo. Eles eram muito apegados. No primeiro ano do Murilo ela que programou toda a festa, era dinda dele.

Reprodução/Facebook
Marluza Rocha Ribeiro, tia de Francine

Procuramos hoje, da melhor forma possível uma maneira da gente suportar tudo isso. Pedimos quando vemos casos parecidos que Deus conforte o coração dos pais e familiares e quando acontece no seio da tua família sentimos na pele a dor. Fui muito brutal a maneira como ocorreu. É muito difícil saber que ela não está mais presente nos aniversários, nas festas, nas rodinhas de chimarrão e no churrasquinho de domingo. Sempre irá faltar e haverá uma cadeira vazia. Iremos lembrar dela em uma flor aberta, uma borboleta voando…Tudo lembra ela, pois Francine gostava muito de tirar fotos. Ela estava no auge da vida, em um momento maravilhoso. Tinha projetos futuros e sonhos. Era uma pessoa linda e sempre será! Amo ela e a irmã Franciele igualmente, mas chamava a Francine de filha. Lembro das noites em que chegava de madrugada e ela ficava acordada me esperando. Ela sempre sorrindo, uma coisa que nunca esqueceremos. Não desejo isso nem para o meu pior inimigo. Choro todos os dias e a saudade ficará para sempre! Não desejo a morte para ninguém, mas que ele sofra tudo o que ele fez ela sofrer! Rezei muito pela Francine e que ela siga um caminho de luz e que ela será sempre lembrada e amada. Minha filha do coração! Um pedaço de mim morreu naquele dia!”

Pedidos por justiça

“Apesar de não trazer a Francine de volta, a sensação de justiça feita traz um mínimo de conforto aos familiares e a toda uma comunidade que foi abalada com essa tragédia. O feminicídio não compensa. E agora, a família pode virar uma página tão dolorida que é o julgamento. Como ativista, é uma das organizadoras do Ato Pelo Fim da Violência em 2018, a partir da morte de Francine, sinto que a causa tem cada vez mais visibilidade em nossa cidade e sanções como essas devem servir de lição para que de uma vez por todas entendam a urgência de debater a causa da mulher e fomentar políticas públicas de combate à violência”, vereadora Nicole Weber (PTB).


“Nos deparamos com uma cena chocante de uma jovem que foi brutalmente morta. Tivemos à frente da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), tantos anos casos que sempre nos comovem. A morte de uma mulher irá comover sempre e a brutalidade como foi este nos choca e desafia a investigação a elucidar os fatos o mais rápido possível. Este é um comprometimento que temos desde sempre ao investigar um crime bárbaro desta natureza.

Tínhamos a certeza da condenação e que a justiça seria feita em seu grau máximo, ou seja, com a pena máxima aplicada aos crimes que o réu foi pronunciado. A versão que ele apresentou dos fatos era completamente dissonante, que não combina, com os fatos que tínhamos na investigação, além da própria lógica de quem escutou o depoente que não apresentava um álibi seguro e que era fantasioso e que era uma legação para não receber a condenação que foi instituída”, delegada Lisandra de Castro de Carvalho, então titular da Deam na época do crime.