Dom Canísio Klaus*
Estamos por iniciar as comemorações da Semana da Pátria. É o momento de reafirmarmos o nosso amor à mãe Pátria e a nossa disposição em servi-la.
Para os cristãos, o amor à pátria está incluso no mandamento da Lei de Deus, que manda “honrar pai e mãe”. O Catecismo da Igreja Católica diz: “O quarto mandamento dirige-se expressamente aos filhos em suas relações com seu pai e sua mãe”, mas “se estende também aos deveres dos cidadãos para com a sua pátria, os que a administram ou a governam” (nº. 2199). Por isso, no entender da Igreja, “é dever dos cidadãos colaborar com os poderes civis para o bem da sociedade num espírito de verdade, de justiça, de solidariedade e de liberdade. O amor e o serviço da pátria fazem parte do dever de reconhecimento e da ordem de caridade” (nº. 2239). Já que também estamos em tempo de campanha política, vale destacar que “a co-responsabilidade pelo bem comum exige moralmente o pagamento de impostos, o exercício do direito de voto, a defesa do país” (nº. 2240).
A Diocese de Santa Cruz do Sul tem entre suas prioridades o “diálogo e a presença da Igreja na sociedade”. Entende-se, com isso, de acordo com a Constituição Pastoral Gaudium et Spes do Concílio Ecumênico Vaticano II, que “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje (…) são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração” (GS n° 1). Por isso, mesmo sabendo que não cabe à Igreja definir os rumos da política do país, a Igreja “incentiva os leigos e leigas à participação ativa e efetiva nos diversos setores diretamente voltados para a construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário” (DGAE n° 71).
O serviço à pátria se traduz na luta por melhores condições de vida para os cidadãos. Entre os indicativos concretos, as Diretrizes da Igreja no Brasil falam da necessidade de “educar para a preservação da natureza e o cuidado com a ecologia humana, através de atitudes que respeitem a biodiversidade e de ações que zelem pelo meio ambiente. Entre essas ações, destaca-se a preservação da água, patrimônio da humanidade, evitando sua privatização” (114). Junto com isso, “cabe nos empenharmos na busca de políticas públicas que ofereçam as condições necessárias ao bem-estar de pessoas, famílias e povos” (116).
Por ocasião da Semana da Pátria que estamos vivenciando, convido as irmãs e os irmãos a que aprofundem a vivência do amor à mãe Pátria. Mesmo sabendo que “não temos aqui morada definitiva”, vamos nos empenhar para que o Brasil seja uma terra de irmãos. Vamos cumprir nossos deveres de cidadãos e nos empenhar para que a justiça e a paz possam reinar nas terras consagradas a Nossa Senhora Aparecida. Que Deus abençoe a nossa Pátria!
*Bispo Diocesano