Dom Canísio Klaus*
No domingo, dia 24 de junho, comemoramos São João Batista, o padroeiro da catedral, do seminário e da Diocese de Santa Cruz do Sul. O ensejo nos faz refletir sobre o sentido do padroeiro para as comunidades cristãs.
Sempre que erigimos uma comunidade católica buscamos um santo que possa ser venerado como “padroeiro”. A prática vem acompanhando a Igreja desde tempos remotos, quando se escolhia para padroeiro um mártir que havia testemunhado sua fé com o derramamento do sangue. Era o período em que se entendia que “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. As comunidades eram identificadas pelo nome do seu padroeiro, e se tomava o cuidado de não ter mais de uma comunidade com o mesmo padroeiro na mesma região.
O santo padroeiro, para a comunidade, tem um triplo sentido: dá identidade, serve de exemplo a ser seguido e pode ser invocado como protetor.
A identidade vai se construindo na medida em que se aprofunda a mística do padroeiro. São João Batista foi o profeta que conclamou o povo a “preparar os caminhos para o Senhor”. Dom Alberto Etges, nosso primeiro bispo, ao adotar o lema “preparar um povo perfeito” (Lc 1,17) contribuiu muito para que a Diocese de Santa Cruz do Sul se identificasse como Diocese consagrada a João Batista.
Ao escolher um padroeiro, a comunidade está disposta a se espelhar neste santo para viver a sua fé. João Batista foi alguém que se colocou a serviço de Deus, apontando para Cristo com o desejo: “importa que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). Em outra oportunidade ele afirmou: “eu não mereço sequer desamarrar a correia das sandálias dele” (Jo 1,27). O exemplo de João Batista pode nos motivar a fazer tudo para que as pessoas se aproximem do “Cordeiro de Deus” através do nosso trabalho de servidores do Evangelho.
João Batista pode ser invocado como protetor contra os males que afligem a humanidade neste início de milênio. Em seu tempo, ele denunciou os publicanos que extorquiam o povo com altas taxas de impostos e os soldados que levantavam falso testemunho ou abusavam da sua autoridade para oprimir o povo. Denunciou as pessoas que acumulavam roupas e comida em casa enquanto outras estavam passando frio e fome. Repreendeu Herodes que tomara a mulher de seu irmão “e fizera muitas outras maldades” (Lc 3,7-20). Podemos hoje invocá-lo como protetor das famílias, dos pobres, injustiçados e oprimidos. Podemos também invoca-lo como protetor para as lideranças das comunidades que sofrem calúnias e desprezos.
Que São João Batista interceda junto de Deus por nossas comunidades, famílias, seminários e Diocese. Que seu testemunho nos motive a uma vida de consagração a Deus e aos irmãos!
*Bispo Diocesano