Início Religião Umbanda realiza primeiro casamento homoafetivo em Santa Cruz do Sul

Umbanda realiza primeiro casamento homoafetivo em Santa Cruz do Sul

Ana Souza
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Encontrar o verdadeiro amor e subir ao altar para oficializar a união, um sonho para a maioria dos casais. Buscando mostrar que tudo supera o preconceito é que Caroline Gonçalves e Eliane Lord venceram as barreiras e conseguiram perante a religião Umbanda oficializar a união homoafetiva, ocorrida no dia 21 de abril. Assim como a tradição, elas usaram vestidos brancos de noiva e, conforme a legislação permite, tinham em mãos o documento que oficializava o relacionamento, o contrato de união estável. Tudo conspirando para que o sonho fosse realizado naquele dia.
Muitas vezes o preconceito surge dentro de casa, advindo da própria família. Mas, com elas foi diferente. Um passo ainda mais positivo no relacionamento que já durava seis anos. “Todos aceitaram numa boa, foram a favor desde o início. Poder oficializar nossa união representa mais um passo em direção à conquista de um mundo sem preconceito, que até o momento não sofremos nenhum tipo”, enfatizaram.
Caroline tinha 18 anos quando conheceu Eliane, 25 anos na época. De lá para cá o convívio se tornou cada vez mais forte e há mais de três anos elas decidiram tornar realidade a casamento e encontraram essa possibilidade na religião Umbanda. “Por isso optamos por casar na Umbanda pois somos filhas da casa e frequentamos essa religião. Queríamos a bênção de todos os Orixás e Caboclos”, friza Caroline, que desde os 10 anos frequenta o templo.
A união de Caroline e Eliane também fez parte dos festejos a São Jorge Guerreiro (Ogum na Religião Umbanda) que tem sua data em 23 de abril. Antecedendo a celebração – que ocorreu às 18h30 do dia 21 de abril – foi realizada a 1ª Carreata em Homenagem a Ogum e durante a noite aconteceu o casamento no templo localizado no Bairro Faxinal. Durante toda a semana, os filhos da Casa de Religião Africana Nação Ygexá, Reino de Bará Adague e Templo de Umbanda Ogum de Ronda, auxiliaram na preparação para a cerimônia. Na Umbanda não ocorre nenhum tipo de ritual antes do casamento. “Nos sentimos muito emocionadas, não tem como explicar em palavras. Sabíamos que todos que estavam ali torciam pela nossa felicidade”, diz Eliane. Após a celebração, a festa seguiu com a comemoração na Terreira com todos os irmãos do templo e convidados.
O casamento de Caroline e Eliane é mais um passo para acabar com o preconceito. “Queremos que a sociedade passe a aceitar que duas pessoas do mesmo sexo possam sim passar a ser uma família. Temos dois objetivos. O primeiro é conseguir trocar o sobrenome. Quero adotar o sobrenome de Eliane, Lord”, diz Caroline. O outro passo é ter um filho, conta Eliane. “Não por adoção. A ideia é que Caroline engravide por inseminação artificial. Assim poderemos dizer que nossa família estará completa”, finalizam.

Pretzel Produções

A troca de alianças oficializou a união de Caroline e Eliane