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A Divina Misericórdia

Dom Canísio Klaus*
 
No segundo domingo da Páscoa, os cristãos católicos são convidados a celebrar a Divina Misericórdia para alcançar os frutos do amor infinito de Deus. O convite partiu, originariamente, de João Paulo II no dia 30 de abril de 2000, quando canonizou a promotora da devoção à Divina Misericórdia, a Irmã Faustina Kowalska. Na ocasião, João Paulo II surpreendeu os cristãos com o anúncio de que: “em todo o mundo, o Segundo Domingo da Páscoa receberá o nome de Domingo da Divina Misericórdia, um convite perene ao mundo cristão para encarar, com confiança na divina benevolência, as dificuldades e provações que a humanidade enfrentará nos anos vindouros”.
Vinte anos antes de instituir o Domingo da Misericórdia, João Paulo II havia escrito uma Carta Encíclica intitulada Dives in Misericórdia, ou seja, A misericórdia Divina. A carta começa com a afirmação de que “Deus que é rico em misericórdia (Ef 2,4) é aquele que Jesus Cristo nos revelou como Pai”. Mais adiante diz: “a mentalidade contemporânea, talvez mais do que a do homem do passado, parece opor-se ao Deus de misericórdia e, além disso, tende a separar da vida e a tirar do coração humano a própria idéia da misericórdia”.
Diante da comum mentalidade de que “acima de tudo deve estar a justiça”, João Paulo II afirma que “é impossível conseguir que se estabeleça a fraternidade entre os homens se se pretende regular as suas relações mútuas unicamente com a medida da justiça”.  Em termos bíblicos, “o amor, que se manifesta como misericórdia, é maior do que a justiça”, razão pela qual precisamos divulga-la entre os homens.
As celebrações do Domingo da Divina Misericórdia são ótimas oportunidades para aprofundarmos a nossa relação com o “Deus que é rico em misericórdia”. Nele nós podemos confiar e a Ele podemos recorrer sem medo de sermos rechaçados. A exemplo do filho pródigo, que volta para casa depois de ter esbanjado todos os seus bens e é acolhido com um caloroso abraço pelo pai, podemos confiar que Deus sempre está de braços abertos para nos acolher.
Que as celebrações desse domingo da Divina Misericórdia em nossa Diocese oportunizem a aprofundar a nossa relação com o Deus que é rico em misericórdia e nos ajude a fortalecer nossas relações de fraternidade para com o próximo. Na medida em que professamos a fé no Deus Pai de Misericórdia, também precisamos cultivar a misericórdia para com nosso próximo, deixando de lado a velha prática do “dente por dente e olho por olho”.
Na esperança de que o desejo de Maria Santíssima expresso no Cântico do Magnificat para que a misericórdia de Deus se estenda de “geração em geração” se concretize entre os homens e as mulheres do mundo de hoje, invoco a benção do Deus que é rico em misericórdia.

*Bispo Diocesano