Luísa Ziemann
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Muito se fala sobre as histórias de pescadores, mas o que falar, então, sobre as histórias de taxistas? Uma das classes de trabalhadores com mais contato direto com o público todos os dias, os taxistas servem, muitas vezes, como amigos ou psicológos dos seus passageiros e vivenciam momentos que rendem boas risadas. Motorista há 50 anos, João Carlos Spengler, o Carlinhos, ainda nem pensa em se aposentar. Para ele, a vida pelas ruas de Santa Cruz do Sul é motivo de alegria e entusiasmo.
De acordo com o taxista, que trabalha há cinco décadas somente pelas ruas do município, sua maior recompensa é deixar seu cliente satisfeito. “O que mais gosto é ver meu passageiro entrar no meu táxi de bem e desembarcar no final do trajeto mais contente ainda com a minha companhia”, conta. Mesmo já com 71 anos, Carlinhos ainda não quer deixar o volante. “Irei me aposentar só quando Deus quiser que eu pare, ou quando a saúde não permitir que eu siga na empreitada.”
Apesar de percorrer Santa Cruz de norte a sul todos os dias, o taxista é modesto ao dizer que conhece a cidade como a palma da sua mão. “Não posso dizer que conheço tudo, pois tudo é somente Deus que conhece. Mas conheço bastante sim. A cidade cresceu muito, os bairros e condomínios fechados também”, explica. De maneira leve e descontraída, Carlinhos leva sua profissão como um grande privilégio e afirma gostar de tudo que ela lhe oferece. “Eu gosto de tudo. Das coisas boas e menos boas também, já que ruins não existem para mim.”
Ao passar uma vida atrás de um volante, o taxista se tornou um colecionador de histórias. Muitas boas, e algumas de tirar o folêgo. “Já vivi vários casos de grávidas prestes a ganhar seus filhos, pessoas acidentadas que tive que prestar ajuda. Antigamente era assim, nós mesmos fazíamos o transporte, até mesmo de pessoas que dentro do meu táxi ainda tinham sinais vitais mas que, infelizmente, ao chegar no hospital se encontravam sem vida. Muitas perseguições. Tudo isso eu já passei. São coisas que fazem parte da história de um táxista.”
Desde 1972, quando iniciou as atividades como motorista auxiliar, muita coisa mudou. Para Carlinhos, um marco nas suas atividades profissionais são as facilidades trazidas pela tecnologia. “Tudo está mais bonito e mais fácil, temos muitos recursos digitais em nossas mãos que facilitam o dia a dia na profissão”, salienta. “Antigamente não existia celular, mapas eletrônicos, pagamento por TED, PIX e outras coisas.”