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Santa Cruz se despede de dom Sinésio Bohn

Fotos: Ana Souza
Comunidade pode se despedir durante velório na Catedral

Ana Souza
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Uma pessoa serena, calma e tranquila. Assim se referiu o bispo diocesano dom Aloísio Dilli a respeito do bispo emérito dom Aloísio Sinésio Bohn, falecido aos 87 anos na noite de quinta-feira, 9, na Casa Amparo Fraterno, em Linha Santa Cruz. Em entrevista coletiva para a imprensa, na manhã dessa sexta-feira, 10, no Bispado, dom Dilli lembrou a trajetória de quem teve 45 anos de ministério episcopal e deixará saudades na comunidade.

Foto: Arquivo/RJ
Bispo Dom Sinésio Bohn faleceu aos 87 anos


Conforme nota emitida pela Diocese de Santa Cruz do Sul, dom Sinésio estava hospitalizado nos últimos dias por causa de uma dificuldade respiratória, recebeu alta e continuou tendo acompanhamento médico, mas não resistiu a uma pneumonia e faleceu. A prefeita Helena Hermay (Progressistas) decretou luto oficial três dias no município em decorrência da morte.

Dom Aloísio Dilli: “Ele sempre foi cordial com as pessoas”


O corpo do bispo emérito foi sepultado na Catedral São João Batista, no lado direito de quem entra no templo. Antes houve velório pela manhã e missa de corpo presente à tarde. O soar dos sinos da igreja anunciaram os atos fúnebres, que foram abertos ao público. O local ficou lotado nos últimos momentos da despedida. Coroas de flores, enviadas por diversas entidades e pessoas prestaram homenagens a dom Sinésio. Bispos, padres, diáconos e pastores de diversas localidades do Rio Grande do Sul estiveram presentes.

Felício Bohn, de 76 anos, de São Leopoldo, irmão do bispo emérito dom Sinésio


A morte sempre surpreende, referiu-se o bispo dom Aloísio Dilli. “Ele estava frágil, hospitalizado, mas, nas últimas semanas, demonstrou melhora e recebeu alta. Fomos surpreendidos pelo ocorrido. Dom Sinésio era uma pessoa que sempre trabalhou pela unidade e era cordial no tratamento com as pessoas. Quando somos empossados como bispos, escolhemos um lema e o dele era, em latim, ‘Omnes Unum Sint’, ‘Que todos sejam um’, frase retirada da oração sacerdotal de Jesus Cristo na véspera de sua paixão e morte. Santa Cruz se despede de seu segundo bispo diocesano, sendo o primeiro dom Alberto Etges. Ele deixou um legado para todos nós”, comentou.

Faixas de luto foram colocadas em frente à Mitra Diocesana

TRAJETÓRIA

Dom Aloísio Sinésio Bohn nasceu no dia 11 de setembro de 1934 em Linha Bonita, município de Montenegro. Filho de João Bohn Sobrinho e Oliva Paulina Both, fez seus estudos primários em Bom Princípio e secundários no Seminário Menor São José de Gravataí, de 1952 a 1954. Cursou Filosofia e Teologia na Universidade Gregoriana de Roma, onde foi ordenado padre em 23 de dezembro de 1961. Depois, ficou mais dois anos na capital italiana para uma especialização em Direito Canônico. Na época, se ligou à Ação Católica, particularmente à Pastoral Operária.


De volta ao Brasil, teve uma rápida passagem como vigário paroquial nas paróquias de São Jorge (1964), no Partenon, e São Pedro (1965), do Bairro Floresta, em Porto Alegre. Depois, passou a se dedicar à formação dos seminaristas como assistente dos estudantes de Filosofia e Teologia em Viamão. No mesmo período, foi professor de Tteologia no Seminário de Viamão e no Curso de Teologia da PUC-RS.


No dia 21 de junho de 1977, foi nomeado bispo auxiliar de Brasília pelo papa Paulo VI. A ordenação episcopal se deu em 9 de setembro de 1977, no Seminário Maior de Viamão. No dia 30 de fevereiro de 1980, tomou posse como primeiro bispo da Diocese de Novo Hamburgo, onde trabalhou até 1986, quando foi nomeado para a Diocese de Santa Cruz do Sul, substituindo dom Alberto Frederico Etges. A posse ocorreu em 31 de agosto daquele ano.


Ao completar 75 anos de idade, cumprindo uma orientação disciplinar da Igreja, escreveu sua carta de renúncia ao papa Bento XVI em setembro de 2009. O pedido foi aceito em junho de 2010. Na condição de bispo emérito, dom Sinésio presidiu várias celebrações de crisma nas paróquias e auxiliou como capelão do Mosteiro da Santíssima Trindade em Linha Travessa. Eventualmente socorreu os padres nas celebrações das paróquias e pregou alguns retiros em outras dioceses. Nos últimos anos, devido à fragilidade física, viveu em recolhimento pata oração e estudo na Casa Amparo Fraterno.

Orgulho da família

“Ele é muito importante para nós. A família tem um grande orgulho do nosso bispo emérito. Dom Sinésio era muito amigo de todos e sempre buscava a união da família. Vinha sempre visitar a nossa mãe Olivia. Perdemos nosso pai, João, cedo. Eles moravam em Novo Hamburgo e a mãe era nossa base. Dom Sinésio era muito especial para todos e para ela então era ainda mais, pois a mãe prezava a fé católica. Se dedicava muitos aos filhos e nos ensinava a religiosidade.” Felício Bohn, de 76 anos, de São Leopoldo, irmão do bispo emérito dom Sinésio.


Regional Sul 3 da CNBB lembra a trajetória

O Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamentou o falecimento de dom Aloísio Sinésio Bohn. Na Comissão Episcopal de Pastoral da entidade, ele foi o responsável pelos setores do ecumenismo, do diálogo inter-religioso e da Pastoral da Juventude de 1983 a 1990. De 1992 a 1995, presidiu o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic).
Ao longo de sua caminhada como bispo, dom Sinésio incentivou a formação teológica dos leigos com a constituição do Centro Diocesano de Formação (CDFPT) e motivou a formação de ministros e catequistas. Criou a Escola Diocesana de Diáconos Permanentes e Ministros Extraordinários do batismo, entre outras iniciativas.

Câmara emite nota de pesar

A Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, por intermédio do presidente Rodrigo Rabuske (PTB), emitiu nota de pesar pelo falecimento do bispo emérito de Santa Cruz do Sul. “Dom Sinésio nos deixa um legado de ações em prol das comunidades da Diocese de Santa Cruz do Sul. Uma pessoa que se envolveu nas causas humanas e procurou aproximar a Igreja dos seus fiéis, levando a palavra de Deus aos seus discípulos. A Igreja perde um grande líder, que deixa um legado de boas ações. A Câmara externa os votos de pesar aos familiares e a toda a Diocese de Santa Cruz do Sul.”