Lavignea Witt
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O glaucoma é uma doença que compromete a visão e pode levar à cegueira se não tratada da maneira correta. Em 26 de maio, transcorreu o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma e durante o mesmo mês houve campanhas dedicadas aos cuidados a respeito dessa moléstia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera essa doença como a maior causa de cegueira irreversível no mundo. O Riovale Jornal conversou com o médico oftalmologista Farid Abed para elucidar algumas dúvidas sobre o tema.
Riovale Jornal – O que é o glaucoma?
Farid Abed – O glaucoma é uma condição onde o nervo óptico começa a entrar em atrofia. Geralmente, quando a pressão do olho se torna mais elevada. É uma doença bastante lenta, gradual e silenciosa, de maneira que a pessoa não costuma ter sintomas. Quando surgem os sintomas, na maioria dos casos a pessoa já está com a doença em uma fase muito adiantada. Essas alterações incluem uma lesão do nervo e uma alteração no campo de visão, ou seja, a pessoa começa a perder a visão periférica. Por exemplo, dentro de casa muitas vezes ela se bate no canto das mesas, ela se queima no fogão, sem perceber essa mudança na visão. Então, quando vai se consultar, ela já tem essa perda da visão periférica em um estágio bastante avançado e, em um estágio final, acaba perdendo um pouco da visão também.
RJ – Quais são os sintomas?
Farid – É uma doença assintomática nas suas fases iniciais e muitas vezes em fases mais avançadas. Os sintomas só vão aparecer em fases muito avançadas da doença, onde há a perda da visão periférica e uma perda da quantidade da visão. A dor, ao contrário do que se imagina, não costuma estar presente porque o aumento da pressão é gradual e a pessoa vai se adaptando a isso.
RJ – Como é feito o diagnóstico?
Farid – O diagnóstico é feito através da consulta oftalmológica de rotina, onde avaliamos o nervo, associado a um exame que se chama campo de visão, que mostra os sinais da perda de visão periférica e o principal fator que é o aumento da pressão do olho.
RJ – A doença tem cura? Como é feito o tratamento?
Farid – Como regra, sim, a gente consegue parar a evolução dos sintomas à medida que detectamos a doença. Conseguimos estabilizar de maneira que não evolua para a perda da visão na grande maioria dos casos. Há casos em que a doença é rebelde e continua evoluindo mesmo com tratamento, podendo chegar à perda visual. Mas a maior parte dos casos consegue-se tratar, seja através de colírios, laser ou mesmo com cirurgia. Hoje existem vários tratamentos que estão disponíveis para que consigamos estabilizar o glaucoma.
RJ – Há como evitar essa doença preventivamente?
Farid – Não. Essa é uma doença que tem por base a história familiar, ou seja, se a pessoa tem um caso na família, a chance de ela vir a ter um glaucoma aumenta. A incidência aumenta com o decorrer da idade e esse número é alto após os 40 anos. Se a pessoa vai desenvolver a doença, na maioria das vezes ela se manifesta após essa idade, então o tratamento preventivo consiste em consultas rotineiras ao oftalmologista nesse período. Contudo, se ele tem uma história familiar positiva de glaucoma, essas avaliações já começam precocemente.
RJ – Há fatores de risco?
Farid – Sim. Um fator de risco é a diabetes e a idade, após os 40 anos. Mas o principal fator de risco ainda é o histórico familiar de glaucoma.
RJ – Qual é a importância do Dia Nacional de Combate ao Glaucoma?
Farid – Nos dias de hoje, com o avanço da internet, as pessoas têm um acesso mais fácil à informação. Campanhas preventivas de várias patologias se tornam importantes para alertar a população de doenças como o glaucoma, fazendo com que a pessoa se atente a mais esse fator e faça exames preventivos de maneira rotineira. É nesse momento que muitas vezes o diagnóstico será feito e se tornará possível estancar essa doença, que, se não tratada, pode levar até a cegueira.