Luciana Mandler
[email protected]
As vacinas indicadas no calendário básico de vacinação protegem as crianças de muitas doenças. As doses, inclusive, são aplicadas de forma gratuita nas unidades de saúde da rede pública. Apesar disso, atualmente existe uma preocupação das autoridades sanitárias em todo o Brasil com as baixas coberturas vacinais.
A secretária de Saúde de Santa Cruz do Sul, Daniela Dumke, avalia que isso se deve pelo momento de pandemia que o País atravessa. “As pessoas procuraram menos as salas de vacinas para imunização contra outras doenças transmissíveis”, aponta. Vacinas como a pentavalente e a tríplice viral têm como meta o alcance de 95% da população. Usualmente utiliza-se da idade de até dois anos como parâmetro para o cálculo da cobertura vacinal, pois reflete a aplicação em período oportuno da vida do indivíduo, segundo o coordenador do Setor de Imunizações da Secretaria Municipal de Saúde, Roger Rodrigues Peres.
Dessa forma, a cobertura em 2021 para a pentavalente (hepatite B, tétano, difteria, coqueluche e haemophilus), por exemplo, foi de 74,4% no período de 12 meses em crianças menores de um ano de idade. Para a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), o volume foi de 76,23% sobre os mesmos parâmetros.
Conforme Daniela e Roger, dificilmente se alcança uma meta de cobertura vacinal tão elevada. Também há dois fatores que dificultam a avaliação retroativa: a ausência de sistema de informação em alguns períodos e a troca frequente daqueles existentes como o passar do tempo, prejudicando assim a exportação de dados e posterior avaliação dos mesmos.
Mesmo com as dificuldades, a secretária aponta que a percepção de baixas coberturas vacinais gera preocupação quanto ao retorno de doenças até então controladas ou erradicadas. “A poliomielite é um exemplo delas. Também percebemos, recentemente, o retorno do sarampo, que estava controlada no País”, ressalta Daniela. Por isso a imunização é tão importante. “Ela é fundamental para a prevenção de doenças que podem causar graves problemas, internação hospitalar, sequelas ou até mesmo levar ao óbito”, acentua.
Alguns fatores podem ter contribuído para a baixa procura pela imunização das crianças, principalmente durante o auge da pandemia de covid-19. Entre eles estão: medo de contaminação ao frequentar o posto de saúde quando a pandemia estava em um momento pior; preocupação em realizar a vacinação contra a covid em detrimento de outras da rotina ou a priorização dela em alguns momentos da campanha por parte das unidades de saúde; fake news sobre imunização; e infecções que impossibilitam a aplicação de vacinas por determinado período.
DOSES GRATUITAS
Praticamente todos os tipos de vacinas estão disponíveis na rede pública de saúde e de forma gratuita. “Não vivemos momento de desabastecimento. Também já contornamos o período de pandemia e, hoje, contamos com todas as salas de vacinas do município operando normalmente”, sublinha Daniela. Atualmente, são 30 locais de imunização em Santa Cruz, o que confere ao município uma situação privilegiada, pois daqueles com mais de 100 mil habitantes no Rio Grande do Sul, é o que tem a melhor média de pessoas por salas de vacinas, garante a secretária.
Prevenção é fundamental para evitar problemas
Joseana Severo é a mãe da pequena Anita, de um ano e quatro meses de idade, e de Aurora, de quatro anos. Na tarde de segunda-feira, 30, foi momento de colocar as doses de alguns imunizantes em dia da filha mais nova e de reforçar a imunização da mais velha, que recebeu vacinas contra gripe e sarampo.
Para a santa-cruzense, é fundamental prevenir. “Cada dia há uma doença nova. Então é importante vacinar para evitar que algo de ruim aconteça para as nossas crianças”, frisa Joseana. Pensando na saúde das filhas, ela sempre vai até uma unidade de saúde a fim de deixar em dia a caderneta de vacinação, bem como aproveitar os reforços e as campanhas em andamento.
A mesma preocupação tem Bruna Wilges, mãe da Sofia, de quatro meses. “Mesmo que doa na gente, é preciso fazer, pois é importante para a prevenção de doenças. Tem tantas doenças por aí e, se pudermos prevenir, melhor”, avalia.