A produção da indústria brasileira teve alta de 0,3% em março deste ano, na comparação com o mês anterior. É a segunda alta consecutiva do indicador, que já havia crescido 0,7% em fevereiro. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nessa terça-feira, 3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado de 12 meses, o setor teve crescimento de 1,8%. Apesar disso, houve quedas de 2,1% na comparação com março de 2021. No primeiro trimestre de 2022, recuou 4,5%.
Na passagem de fevereiro para março, a indústria cresceu em 14 das 26 atividades pesquisadas, com destaque para veículos automotores, reboques e carrocerias (6,9%), outros produtos químicos (7,8%), bebidas (6,4%) e máquinas e equipamentos (4,9%). Já entre os 12 ramos com queda na produção, os principais recuos foram observados produtos alimentícios (-1,7%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,1%) e farmoquímicos e farmacêuticos (-8,4%).
Analisando-se as quatro grandes categorias econômicas da indústria, três tiveram alta de fevereiro para março: bens de capital, isto é, as máquinas e equipamentos usados no setor produtivo (8%), bens de consumo duráveis (2,5%) e bens intermediários, ou seja, os insumos industrializados usados no setor produtivo (0,6%). Os bens de consumo semi e não duráveis foram a única grande categoria em queda no período (-3,3%).
O pesquisador André Macedo, do IBGE, explicou que as altas de fevereiro e março não foram suficientes para eliminar as perdas de janeiro (-2%). Alguns fatores dificultam a retomada da indústria brasileira, como a oferta afetada pelo mercado internacional e a demanda doméstica. Além disso, as indústrias também sentem um aumento do custo de produção e uma escassez de algumas matéria-prima. Ele explica ainda que a inflação diminui a renda disponível e os juros altos encarecem o crédito.
Atividade cresce 0,2% no Rio Grande do Sul, segundo Fiergs
O Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI-RS), divulgado nessa terça-feira, 3, pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), registrou um ligeiro crescimento de 0,2% na passagem de fevereiro para março. Desde dezembro de 2021, o índice que mede a atividade do setor no Estado passa por um período de oscilação em um nível relativamente elevado, 8,8% acima do anterior ao da pandemia, em fevereiro de 2020.
“A expansão da atividade industrial no encerramento do primeiro trimestre reflete a herança deixada pela recuperação que dominou a maior parte da segunda metade de 2021. O bom momento das exportações industriais e a produção ainda aquecida para atender pedidos em carteira explicam esse crescimento. Entretanto, na margem já podemos ver uma desaceleração”, avaliou o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.
A maioria dos componentes do IDI-RS mostrou altas em março, especialmente o faturamento real, que subiu 6,2%; as compras industriais, com mais 2,7%; e as horas trabalhadas na produção, elevação de 1,4%. Destaque também para o emprego, com subida de 0,8%, e a utilização da capacidade instalada (UCI), que cresceu 0,2 ponto percentual, alcançando 81,9%. O mês registrou novo recorde do emprego, com 22 meses seguidos de alta, dez a mais do que a maior sequência positiva anterior. Apenas a massa salarial real recuou (1,2%) em março.
Apesar de março de 2022 contar com dois dias a menos do que o mesmo mês de 2021, o IDI-RS cresceu 5% na comparação do período. Foi a 19ª taxa positiva consecutiva. Com isso, a atividade industrial gaúcha encerrou o primeiro trimestre com expansão de 4,2% na comparação com igual período de 2021. Nessa base, somente a UCI mostrou redução, de 1,2 ponto percentual (grau médio de 82,1% para 80,9%). Os demais componentes cresceram: horas trabalhadas na produção (7,9%), compras industriais (6,8%), emprego (5,8%), massa salarial real (4,4%) e faturamento real (2,5%).
A comparação anual mostra, entretanto, que a alta da atividade industrial não foi homogênea e alcançou apenas nove dos 16 setores pesquisados no primeiro trimestre. Pela contribuição dada ao resultado global, máquinas e equipamentos, com 12%; veículos automotores, 13,4%: e couros e calçados, 5,8%, foram os principais destaques positivos. Por outro lado, alimentos (-2,8%), produtos de metal (-4,3%) e móveis (-8,9%) exerceram as maiores pressões negativas.
PERSPECTIVAS
Segundo o presidente da Fiergs, a irregularidade e a estagnação observadas desde o fim do ano passado refletem os desarranjos persistentes na cadeia de suprimentos, que continuam gerando escassez e alta nos preços de insumos e matérias-primas, assim como a última onda da pandemia, a estiagem e a guerra na Ucrânia. A pesquisa constatou que o cenário para os próximos meses continua sem grandes alterações e bastante restritivo à produção, apesar da diminuição da pandemia e da estiagem.
A indústria gaúcha registra acúmulo de estoques e deve manter o comportamento atual, sem grande perspectiva de retomar a trajetória de recuperação interrompida no final do ano passado. Outras informações sobre o IDI-RS e a pesquisa completa em https://www.fiergs.org.br/numeros-da-industria/indicadores-industriais.