Lavignea Witt
A Associação Pró Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc) completou 60 anos de atuação no dia 17 de março. Ela é mantenedora de instituições sendo dividida em duas seções, a Apesc Saúde e Apesc Educação. Essas seções contemplam o Hospital Santa Cruz, a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), a Escola de Educação Básica Educar-se e o Centro de Educação Profissional da Unisc (Cepru).
Histórico
No final de 1961, com objetivo de unir esforços para implantar o ensino superior, foi criada a Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul. Entidade sem fins lucrativos, integrada por entidades representativas da comunidade, fundada em 17 de março de 1962. Segundo a atual presidente da entidade, Carmen Lucia De Lima Helfer, a Apesc planejava ajudar os jovens estudantes. “Esse grupo de visionários e lideranças almejavam trazer educação, especialmente educação superior para o Município, evitando assim que muitos dos jovens se deslocassem para o interior e pudessem também aliar trabalho e estudo superior”, afirma.
A partir de doações e do trabalho voluntário de seus membros, a associação foi abrindo seus caminhos e em 1964 implantou sua primeira faculdade, Ciências Contábeis. Antes de completar uma década, a entidade já possuía a área do seu futuro Campus e a comunidade contava com mais três extensões de faculdade funcionando em diversos locais que foram cedidos.
Em 1972 e 1973, a Apesc melhorou sua infraestrutura e profissionalizou sua gestão. Em razão de outros investimentos, adiou o projeto do Campus. Com o apoio da entidade, as faculdades de Filosofia, Direito e Educação Física foram reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC). Em 1973, todas as faculdades foram instaladas no prédio da Fenaf e iniciou-se a construção de um prédio na Rua Coronel Jost, para onde as faculdades foram transferidas em 1977. No mesmo ano, a Apesc solicitou recursos do programa MEC/FAZ e retomou o projeto de construção do Campus Universitário. No início dos anos oitenta, as quatro faculdades foram integradas formando a Fisc e iniciou-se os Cursos em Regime de Férias.
Entre 1982 e 1991, a Apesc e a Fisc buscaram obter a universidade. Naquele momento, a entidade dividiu suas forças entre o atendimento das necessidades dos cursos instalados no prédio da Fisc, a criação da Escola Educar-se, os financiamentos para as obras e a construção dos primeiros prédios no Campus. Na década de 80, foi protelado pela instituição o envio de uma Carta-Consulta da universidade ao MEC. Todos esses acontecimentos repercutiram na comunidade acadêmica, onde houve reivindicações salariais, contestações à majoração do crédito, greves, passeatas, e um movimento pela democratização interna.
Após um impasse, a Apesc autorizou a realização de eleições diretas para todos os cargos da Fisc. Contando com o apoio da comunidade acadêmica, os novos gestores da Fisc impulsionaram o projeto universitário, recebendo o apoio da Apesc, que instituiu um corajoso programa de qualificação docente. Em 1990, a Carta-Consulta da universidade foi protocolada no MEC.
Em março de 1992, de modo experimental, a Fisc começou a vivenciar a estrutura universitária. Foi elaborado o 1º PDI da Unisc, com previsão de muitos novos cursos e a necessidade de grande ampliação da área física do Campus. Em junho de 1993, a universidade foi reconhecida e, logo após, instalada. Após esse reconhecimento, nos próximos anos, novos cursos foram oferecidos, o número de alunos e as necessidades de espaço físico e de laboratórios aumentaram. Na mesma época, um acordo de permuta estabeleceu o repasse do prédio da Fisc para o Município em troca de recursos para edificações. Isso e mais um financiamento permitiram que o Campus aumentasse.
Na década, a Apesc expandiu suas atividades de extensão e de pesquisa, criou o Centro de Educação Profissional, sua terceira mantida, e instalou um Campus da Unisc em Sobradinho e um em Capão da Canoa.
A partir de 2002, a preservação do meio ambiente e a preocupação com o desenvolvimento tecnológico se tornaram destaque e a Apesc passou a atuar mais diretamente na área da saúde e da comunicação, através do Hospital Santa Cruz (HSC) e da Fundação TeleUnisc. Na mesma época, dois novos campi foram instalados: um em Venâncio Aires e outro em Montenegro.
A aquisição do Hospital Santa Cruz, em 2003, permitiu à Apesc ampliar seus serviços em benefício da comunidade, bem como instalar o Curso de Medicina e Residências Médicas em várias áreas. A associação conseguiu superar as grandes dificuldades trazidas pela mudança nas regras da Filantropia, aderiu ao Prouni, e continua expandindo suas atividades.
Momento atual
De acordo com a presidente Carmen Lucia De Lima Helfer, a Apesc é responsável por criar e instalar estabelecimentos de ensino, assim como pela gestão financeira e econômica das mantidas. “É uma entidade sem fins lucrativos que tem por grande objetivo o desenvolvimento comunitário, a responsabilidade e o compromisso social com o desenvolvimento local e regional. Isso foi desde o início e, hoje, a associação é composta por 66 representantes de entidades da comunidade incluindo o Poder Executivo das cidades onde se localizam os campi”, esclarece.
Em relação às instituições mantidas pela entidade, a presidente explica que os recursos provêm de muitos meios. “Elas (as instituições) são mantidas basicamente de fundos oriundos das mensalidades das mantidas, de recursos públicos destinados para essa finalidade e, basicamente, nós captamos os recursos e fizemos a gestão. A Apesc é uma instituição de direito privado, mas com finalidade pública, sendo todos os recursos captados revertidos no próprio projeto das mantidas”, destaca. Ela ainda exemplifica dizendo que o Hospital Santa Cruz possui algumas fontes de renda como o SUS, as emendas parlamentares e os fundos oriundos da captação do próprio hospital.
Quando perguntada sobre o aniversário de 60 anos da entidade, Carmen enfatiza que é uma história exitosa de conquistas. “Nesses 60 anos, eu diria assim: nós temos que celebrar com satisfação e alegria porque o objetivo dos grupos visionários foi plenamente atingido. Foram implantados mais de 60 cursos de graduação presenciais e a distância, nove programas de mestrado e doutorados e um grande número de projetos de pesquisa de extensão”, acentua. Ela ainda cita a instalação do Hospital Veterinário, o curso de Medicina em 2006 e a implantação de todo ambiente virtual da instituição na educação a distância.
Em relação às expectativas do futuro, a presidente da Apesc espera que a entidade continue uma instituição sólida e com credibilidade. “Desejo que tenhamos uma vida longa e que possamos cada vez mais acompanhar as transformações do mundo. Assim como nós nos adaptamos, nos transformamos e evoluímos, penso que nos próximos anos também temos condição de evoluir para os desafios que o tempo presente e futuro vão trazer para nós. É a grande contribuição que a associação e a universidade deixam para a comunidade. A formação de pessoas, que as pessoas se transformem e transformem o seu entorno”, finaliza.
Fonte: Apesc.
