A menina que seguiu os coelhos encontrou um país de maravilhas. Em Vale do Sol, quem seguir o coelho vai encontrar com a Alice no Paraíso das Flores. A propriedade dos jovens agricultores Alice e Luiz Carlos Schiefferdecker, na localidade de Boa Esperança, retrata o cuidado e o amor com que o casal cuida da filha Verônica, da propriedade, das plantações, dos animais (inclusive os coelhos) e das flores, sejam elas do jardim da residência ou da estufa para comercialização.
“Gosto de flores desde criança. Quando ia a algum lugar e avistava uma flor diferente, sempre pedia uma mudinha e, em casa, minha mãe e minha avó sempre tiveram flores”, lembra Alice. Com a grande variedade de flores cultivadas na propriedade, ela recebeu o apoio de amigas para comercializar as mudas. “No início, plantei tuias. Entretanto, não tive sucesso e desisti. Mas a vontade, o sonho de trabalhar com flores como forma de geração de renda, sempre persistiu”, comenta.
Além do sonho, a persistência e a vontade de Alice convenceram a família a apoiar o projeto. “Trabalhar com as flores me proporciona uma paz muito grande, mais pelo prazer do que pelo dinheiro. Na verdade, comecei a vender as flores para poder comprar outras espécies. Então, por meio da venda de flores, consegui o dinheiro e construímos a estufa. Hoje, a comercialização faz com que a atividade se mantenha”, explica. A família construiu, em 2021, uma estufa de 30 metros quarados para o cultivo das flores, além de bancadas na área externa. “A primeira construção que fizemos foi um ‘puxadinho’ na lateral da casa, apenas para ela trabalhar em um ambiente melhor, protegido da chuva e abrigar as espécies que já existiam. Mas, a paixão dela pelas flores sempre foi maior e então construímos a estufa”, recorda Luiz.
Na propriedade são cultivadas diversas variedades de suculentas e cactos, e para o próximo ano a meta é iniciar o cultivo de bromélias. “Tem que estar preparado com várias espécies. Agora estão em alta as suculentas, mas isso é um ciclo. Logo outra estará ‘na moda’”, avalia Alice. Além de replicar as mudas na propriedade, o casal adquire novas variedades em empreendimentos dos municípios de Vera Cruz, Santa Cruz do Sul, Lajeado e Venâncio Aires.
As flores são comercializadas em feiras, lojas agropecuárias e floriculturas em Vale do Sol e também na região, além da propriedade, para as pessoas que a visitam. “A ideia é aumentar a produção e cultivar as flores para participar de feiras maiores”, comenta a agricultora, que procurou a Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), para se inscrever na Expoagro Afubra, que acontecerá de 23 a 26 de março deste ano em Rio Pardo. “Estamos ansiosos pela confirmação da participação na Expoagro. Após a feira, iremos definir se continuamos como estamos ou vamos ampliar a área de cultivo das flores”, pondera Alice.
O casal tem no cultivo de tabaco, milho e feijão a principal fonte de renda. Na propriedade também são produzidos alimentos para subsistência da família. “Plantamos o máximo para não precisar comprar e também porque é mais saudável”, sublinha Luiz. O casal também avalia investir no turismo rural. “Mas isso é para o futuro. Precisa ser bem avaliado, pois as pessoas precisam ser bem recebidas e precisamos ter uma boa estrutura”, pondera Alice.
A extensionista rural social da Emater/RS-Ascar, Elaine Skolaude, destaca, além da diversificação das atividades produtivas, a organização do empreendimento de Luiz e Alice. “Esta propriedade destaca-se pela organização das instalações, o capricho, o cuidado e o ajardinamento dos arredores, além do saber intrínseco do casal de bem receber os visitantes”, frisa.