Descobri que a solidão não é estar só, mas sim quando nenhuma pessoa o entende. É possível que eu tenha passado boa parte da minha vida só. Nos últimos dois anos, essa sensação se tornou mais forte. Por conta da pandemia, isolados em nossas casas, longe de quem amamos, conectados pelas telas do computador ou do celular, o sentimento de solidão era ainda maior. Sobrevivemos à barbárie e aos imprevistos de uma vida que nos foi apresentada de forma bruta e repentina. Muitos passaram por uma situação ainda pior, tendo que lidar com o desemprego, a fome e a pobreza. Sempre é tempo de agradecer por ter um teto, uma cama e um prato quando muitos não tiveram isso. A pandemia veio e desnudou uma triste realidade já conhecida por muitos, mas até então negada.
Não busco aqui fazer uma retrospectiva ou trazer versos de gratidão, afinal, os últimos anos foram os mais brutais para os brasileiros. Entretanto, ainda que as festas de fim de ano me deixem melancólico, acredito em novos ventos e caminhos que tragam prosperidade e esperança. Essa é uma crença que não possui nenhum embasamento científico, embora eu tenha convicção de que, sim, 2022 pode ser muito melhor.
Ao longo de 2021 descobri muitas coisas sobre mim mesmo. Encerrei longos ciclos, passei por turbulências, contratempos e também por belos imprevistos. Nada muito diferente da vida da maioria das pessoas. Descobri gostos e hábitos novos, deixei de lado alguns outros. Ainda não consegui mudar outros, mas sigo com o espírito leve de que em algum momento eles me deixarão. Não que eu não tenha trabalhado para mudar internamente, a terapia foi essencial para reconhecer uma série de coisas que estavam presentes em minha vida. A beleza e o desafio de se viver é entender essa complexidade e não se entregar, acreditando que é possível mudar.
Ao final deste ano, me descobri um tanto quanto supersticioso. Passei a acompanhar o horóscopo todos os dias, previsões para o ano que vem, o que está sendo dito nas cartas, nos tarots, nas leituras de mão. Não é uma crença boba, vejo mais como uma tentativa de premeditar que nenhuma surpresa me pegue desprevenido. Tolo, eu sei, afinal, o que mais a vida nos faz é surpreender com suas nuances e mudanças. Aprendi a tolerar o que poderia ser visto como um defeito. Antes eu acharia mais um hábito bobo, hoje me permito rir de mim mesmo.
Mas o que quero dizer é que espero mesmo que dias melhores virão. Dias de felicidade, prosperidade, autoconhecimento e paz de espírito. Com saúde para todos nós e nossos familiares, pois ainda estamos vivendo em uma pandemia. Com mudanças, afinal, ninguém mais aguenta o genocida que está na presidência da República. Por um 2022 sem Bolsonaro, e Lula eleito, preferencialmente no primeiro turno. Por mudanças estruturais no País, comida na mesa, paz e respeito ao que é a maior riqueza dos brasileiros: a diversidade. Étnica, racial, gênero, credo e cor. Que possamos amar sem medo, que possamos sonhar sem limites.
Aos leitores e leitoras do Riovale Jornal, um grande abraço e o agradecimento pela companhia durante todas as semanas. Que 2022 traga notícias boas para textos mais otimistas como este aqui. Que não percamos a nossa esperança de que podemos construir dias melhores para todo mundo. Que venha 2022!