Rosibel Fagundes
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A prisão preventiva do vereador de Santa Cruz do Sul, Paulo Lersch, no último dia 5 é apenas um capítulo de uma história que está longe de ter um fim. Acusado pelo Ministério Público de operar em um esquema criminoso de captação de parte dos salários de servidores da Câmara, o vereador e seu assessor Carlos Henrique Gomes da Silva seguem recolhidos no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul. Com o pedido de habeas corpus negado pela justiça um dia após a prisão, o advogado de defesa de Paulo Lersch, Rafael Staub afirma que a expectativa é que o julgamento do mérito que já está concluso ocorra nos próximos dias. “Estamos esperançosos e acreditamos que o pedido seja deferido ainda este mês. Mas, ainda não temos previsão”, declarou Staub.
Sobre a liminar que decretou a indisponibilidade de três imóveis e dois veículos de propriedade de Lersch o advogado afirmou, “alguns veículos foram bloqueados para que não haja a possibilidade de transferência para terceiros. O pedido de liberdade e de bloqueio de bens são processos diferentes e estamos cuidando para que tudo se resolva logo”. Além dos bens do vereador, a justiça também decretou o bloqueio um veículo do assessor e ainda um veículo, um imóvel e uma fração de um imóvel que pertencem a mãe do vereador, Nersi Ana Backes. Na ocasião, o Ministério Público também havia solicitado o bloqueio de outros sete veículos que pertencem a uma empresa de transportes a qual Lersch é sócio. No entanto, o pedido foi indeferido pela juíza Letícia Bernardes da Silva, da 3ª Vara Cível por razão do patrimônio da pessoa jurídica ser independente do patrimônio individual da pessoa física.
Para a juíza da Vara de Execuções Criminais Regional da Comarca de Santa Cruz do Sul, Luciane Inês Morsch Glesse o vereador deverá continuar preso até que esta fase de instrução seja concluída. “Foi proferida a decisão de indeferimento do pedido de liberdade provisório de Paulo Lersch. E determinado também a intimação da Defesa da decisão, bem como para adequar o rol de testemunhas. Após, será designada audiência de instrução, sem previsão de data ainda,” afirmou a magistrada.
Nos últimos dias, o vereador que dividia a cela com o assessor e com outros detentos que trabalham na cozinha do Presídio Regional foi transferido de local.
Relação com o PT
Após a expulsão de Paulo Lersch do Partido dos Trabalhadores (PT) pela direção estadual do partido um dia após a sua prisão, o presidente da legenda no município Frederico de Barros Silva, declarou na última quarta-feira, 26 que o partido deve emitir uma nota para a população nos próximos dias. “Queremos explicar a relação de Paulo Lersch com o PT, o qual ele já não é mais filiado e também não possui nenhum vínculo. Nos últimos anos, o vereador Paulinho não estaria mais compartilhando o seu mandato com o partido. Ou seja, ele tinha um projeto pessoal e não havia um diálogo com os representantes da legenda. Tanto é que foi eleito para ser presidente da Câmara de Vereadores em um acordo com a Prefeitura Municipal, e isto não passou por anuência do partido. A relação dele com os demais foi aos poucos se encaminhando para isso, e tornou-se irreversível. Nosso objetivo com esta nota, é explicar tudo o que aconteceu. Queremos que a população não confunda que a investigação que o Lersch sofreu, tem alguma coisa a ver com o que aconteceu em âmbito nacional com o PT. Queremos ainda deixar muito claro, que o partido não tinha conhecimento dos atos praticados pelo vereador, tendo ele agido de maneira própria onde em momento algum compartilhou as suas decisões sobre votações e outras questões com os demais”, advertiu o líder político. Antes mesmo da prisão, no sábado dia 1º de junho, o vereador teria sido afastado de forma cautelar do partido pelo diretório estadual. A decisão foi tomada após ele ter votado contra a implantação de cotas raciais em concursos públicos da Prefeitura de Santa Cruz no ano passado. Sendo que a defesa das cotas é uma posição histórica do PT.