A Câmara Setorial do Tabaco do Rio Grande do Sul realizou na manhã de terça-feira, 30, de forma on-line, a sua última reunião do ano. Ao iniciar, o coordenador Romeu Schneider deu as boas-vindas, e deu seguimento a pauta da reunião.
O presidente da Afubra, Benício Albano Werner, apresentou a primeira estimativa para a safra 2021/2022: 569.539 toneladas, nos três Estados do Sul do Brasil, o que significa uma redução de 9,38% comparado à safra passada, que fechou em 628.489 toneladas. Em termos de área, houve uma redução de 9,78%, passando de 273.317 hectares para 243.590 hectares, nesta safra. Já a expectativa de produtividade é de 2.310 kg/ha; na safra passada, ficou em 2.299 kg/ha. No Rio Grande do Sul, a estimativa de produção aponta para 265.610 toneladas de tabaco (240.103 toneladas na variedade Virgínia; 24.774 no Burley; e 733 toneladas no Comum), cultivados numa área de 114.058 hectares, com produtividade de 2.329 kg/ha. A safra conta com 67.644 famílias produtoras. Comparando com a safra passada, os fumicultores gaúchos reduziram em 7,37% a sua área e a produção deve ficar 6,30% menor, mesmo com uma expectativa de produtividade em 1,16% mais alta.
Os professores Pietro Cunha Dolci, Heron Sérgio Moreira Begnis e Flávio Régio Brambilla, do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), apresentaram uma pesquisa sobre a produção de tabaco, realizada de 20 de outubro a 15 de novembro de 2020. Conduzida para abranger os pilares Econômico, Social e Ambiental, visando contribuir com a percepção da população acerca do setor tabaco.
Numa avaliação sobre o Sistema Integrado de Produção, o diretor da Farsul, Marco Antônio dos Santos, falou sobre a preocupação da entidade com o futuro do setor. Santos elencou alguns pontos que necessitam de atenção para a garantia de continuidade do sistema. “Problemas como a concorrência de mercado entre as próprias empresas, mudanças de critérios de qualidade com os produtores mistos, alterações na classificação, não podem ocorrer”, enfatizou Marco Antônio, dizendo que é importante manter a confiança no mercado.
Sobre a 9ª Conferência das Partes (COP 9) da Convenção Quadro para Controle do Tabaco e a segunda sessão da Reunião das Partes (MOP 2) do protocolo para Eliminar o Comércio Ilegal de Produtos do Tabaco, realizadas em novembro, Romeu Schneider ponderou sobre alguns pontos. “Foi criado um fundo para obter verba para as conferências – 50 milhões de dólares para a COP e 25 milhões de dólares para a MOP. Abordaram a necessidade de implementar a rastreabilidade da fabricação de cigarros, onde o Brasil é pioneiro, e defenderam o aumento de tributos. Líderes da Organização Mundial da Saúde são contra os dispositivos eletrônicos para fumar. Porém, Estados Unidos da América, Reino Unido, Filipinas e República Dominicana defenderam os dispositivos eletrônicos de fumar. Acredito que, se o cigarro tradicional é tão nocivo, precisa dar uma opção que seja menos prejudicial à saúde. No Brasil ainda se aguarda a decisão da Anvisa sobre o assunto”, disse Schneider, lembrando que as decisões ficaram para 2023, na COP 10 e MOP 3, que serão realizadas no Panamá.
Dando seguimento, o Coordenador falou sobre o decreto 10.833/2021, do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que altera as regras sobre produção, pesquisa, registro, utilização, importação e exportação de agrotóxicos no país. A preocupação de Romeu Schneider é referente, principalmente, à parte do texto do decreto que determina a criação de registro de aplicadores, com a obrigatoriedade de treinamento para os profissionais aplicadores em campo. “O pequeno proprietário também precisará cumprir com essa determinação”, indagou Schneider. Ficou definido que, para a próxima reunião da Câmara Setorial, prevista para maio de 2022, o departamento da área vegetal da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul fará um esclarecimento sobre o assunto.
Para finalizar, Schneider falou de sua preocupação com os preços e disponibilidade de insumos. “Os produtores de tabaco para a safra atual não sentiram tanto essa alta de preços ou mesmo a falta de produto. Porém, para a safra 2022/2023 pode ter um reflexo significativo nos custos”.