Início Política "Não tem possibilidade de vender o Banrisul"

"Não tem possibilidade de vender o Banrisul"

Guilherme Athayde
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Deputado falou sobre quest›es polmicas do RS e do pa’s

O deputado Estadual Edson Brum (PMDB) visitou o Riovale Jornal na última segunda-feira, 7 de agosto. O parlamentar esteve em Santa Cruz para o anúncio das tratativas para transformar o município do Vale do Rio Pardo em referência de saúde na área oftalmológica através do Hospital Santa Cruz, como anunciado na edição do Riovale da última terça, dia 8.

Segundo o deputado, as negociações estão avançadas, e em setembro o assunto será debatido na Assembleia Legislativa pela comissão especial que trata do caso. A intenção é iniciar os atendimentos junto ao SUS como Unidade de Atenção Especializada em Oftalmologia de Alta Complexidade ainda em outubro deste ano. Além de trazer as boas notícias na área da saúde, Brum comentou sobre pontos importantes do momento político atual.  Sobre a reforma da previdência, o deputado defendeu o corte de privilégios para evitar os supersalários.

“É por isso que eu sou contra a reforma da previdência: eu fiz uma postagem no meu Facebook que fala das médias de salários dos aposentados. Ministério Público Federal são R$ 31 mil. No Congresso Nacional parece que são R$ 26 mil. Sou contra a reforma da Previdência porque de novo quem vai pagar a conta é o cidadão. Setenta por cento dos recursos da folha de aposentados está na mão de 10% de quem recebe. E quem são os 10%? O judiciário, os militares… Eu sou contra. O trabalhador comum, o trabalhador da roça vai ter que trabalhar três ou quatro anos a mais para manter isso. Eu posso não ter voto, mas tenho voz, vou dormir tranquilo. Eu fiz pressão, fiz minha parte. Nesses assuntos que a gente não pode legislar nós temos que fazer pressão”.

Já sobre a reforma trabalhista encaminhada pelo governo Temer, o deputado Estadual acredita que a medida poderá diminuir o déficit de empregos no país.

“São 40 milhões de folha por ano com funcionários liberados para sindicatos, então não custam 40 milhões, mas na realidade são 80 milhões, porque se tu mandar o cara pra lá tu precisa de outro pra fazer o trabalho dele. Agora o sindicato precisa ser administrado. Tu quer liberar o cara, o estado vai ceder, mas tu que vai pagar o cara”. Uma das principais críticas dos políticos contrários à reforma trabalhista é a perda do poder de negociação do trabalhador frente ao patrão. Sobre o assunto, Brum comenta que as novas regras vão facilitar a vida do empregado.

“Não vejo isso como ruim. É melhor tu negociar a possibilidade de trabalhar do que não ter emprego. É o que iria acontecer na Argentina e iria acontecer conosco. Quando a Dilma foi cassada tinham 14 milhões de desempregados. Por exemplo, se tu recebe R$ 1.500,00 por mês, tu custa R$ 3 mil pra empresa. É muito mais fácil tu ganhar um pouquinho mais, o proprietário pagar um pouquinho menos, e todo mundo está feliz. Nos Estados Unidos não tem lei trabalhista, tu é contratado por hora. A previdência, fundo de garantia, nada existe lá. É tu que faz. Por isso que o poder de compra do americano é maior que o nosso. Ao invés de estar depositado em um fundo, o PIS, o PASEP, tu bota no bolso todo mês. Esse seria o ideal pra nós. Por isso que a livre negociação fica mais fácil. Tu pode ter dois ou três empregos”.

O parlamentar defendeu o plano de recuperação econômica do governo Gaúcho, atolado em dívidas com a União, e pagando juros bancários estratosféricos. Edson Brum diz que não é intenção do governo vender as estatais, mas algumas deverão ser descartadas. “Não tem nenhuma possibilidade de vender o Banrisul. Nenhuma. Isso é pra fazer palanque eleitoral. O Banrisul da lucro. A CEEE deu 500 milhões de prejuízo. Mais que o orçamento da Assembleia no ano passado. O próprio Sartóri não quer dar como garantia a CEEE, Sulgás e CRM. Ele tentou negociar. Mas se precisar, tem que ir os anéis para não irem os dedos, na minha opinião. O que acontece é que o estado do RS está sem poder de investir. O Tarso terminou de esgotar o limite. Não é uma crítica ao Tarso, mas pela necessidade, pegou R$ 653 milhões do BNDES para fazer estrada e usou para pagar a folha do funcionalismo. Ficou a conta pra pagar e não fez as estradas. Porque esgotou todas as possibilidades de financiamento. Caixa único, depósitos judiciais. O Rio Grande do Sul tá como ‘tu ganha mil e quinhentos reais e tem uma prestação de mil e quinhentos pra pagar’. Não tem o que fazer, tem que vender alguma coisa.

Sobre os juros dos bancos, o deputado destacou ainda que em 2015 uma nova negociação conseguiu reduzir os juros da dívida do Rio Grande do Sul pela metade. “Conseguimos isso em 2015. Já reduzimos os juros pela metade, numa negociação que o Sartori fez. Sim, teria que fazer uma auditoria, mas quem tem a promissória assinada é a União”.