Somos conduzidos e estimulados diariamente a aderir à “lei do menor esforço”, que em resumo significa todas as facilidades que a tecnologia nos oferece para nossa comodidade, para não dizer acomodação, desde o inocente controle remoto da tv, ao mais ultra, hiper modelo de smartphone.
Dizem todos os especialistas que o mundo tecnológico veio para ficar, o que parece inexorável, e seus efeitos sobre todos não tardaram a chegar, já estão entre nós, seja para bem ou para o mal.
É inegável admitir que o mundo tecnológico trouxe avanços fantásticos para a vida humana nas últimas décadas, e como diz o historiador Leandro Karnal, a tecnologia não é problema, mas seu uso inadequado, este sim, tem sido um problema cada vez mais presente, seja com a futilização e a idealização das relações virtuais, a volatilidade dos ídolos virtuais, a necessidade imperativa de estar nas redes sociais, o acesso indiscriminado de um volume gigantesco de informações sem qualquer critério, dão a impressão que estamos sendo criados e alimentados em uma bolha artificial, que é retroalimentada pela nossa ansiedade insaciável e quase irracional.
Neste contexto, especulo que a “lei do menor esforço”, aproveita a nossa embriaguez tecnológica e se impõe, pois estamos deixando de estudar música, pois tudo está ao alcance das mãos e ouvidos; deixamos de ler, pois ler é entediante, frente ao volume de imagens que são ofertadas; cultivar amizades não é mais prioridade, pois tenho mais de mil amigos nas redes sociais.
Acho que também, no fundo sabemos que a facilidade vendida é artificial, mas não estamos tendo capacidade de renunciá-la ou então, fazer seu uso racional, o que ao mesmo tempo frustra, nos torna menos capazes de enfrentar este novo mundo descortinado pela tecnologia. Vamos ter com certeza, logo aí adiante manuais que deverão ser adotados nas salas de aula para tentar regular este uso inadvertido do mundo do tecnológico.
Não podemos perder habilidades que levamos milhares de anos para desenvolver com muita precisão, como por exemplo escrever com as mãos, compreender equações complexas das ciências exatas, desenhar, tocar instrumentos musicais, ter amizades sinceras e duradouras, e isto tudo exige muito esforço e dedicação, sendo que tal esforço é eminentemente humano, fora do alcance de qualquer tecnologia.