Guilherme Athayde
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Um projeto de lei que tramita na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul quer isentar doadores de medula óssea das taxas nos concursos públicos municipais.
De autoria do vereador Alex Knak (PMDB), a intenção é incentivar as pessoas a integrarem o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
O vereador ressalta que a ideia surgiu por inspiração na campanha “Todos Por Um”, ocorrida em 2010, quando um amigo de Alex encabeçou uma ação que buscava doadores para a jovem Mariana Cuervo Eidt, falecida aos 27 anos na UTI do Hospital Ana Nery, na espera por um doador de medula óssea.
“Eu tinha um colega que fez uma campanha muito linda, e a esposa dele, Mariana, estava com leucemia. Eu vi o quanto ele mobilizou o município e a região, em prol do que é mais importante, que é a vida”, comenta Alex.
Na época, a campanha conseguiu mobilizar 16 mil pessoas que integraram o cadastro nacional de doadores. O membro do Legislativo justifica que existe uma dificuldade muito grande para os necessitados de encontrar doadores compatíveis. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a doação de medula pode servir para tratamento de até 80 doenças em diferentes estágios e faixas etárias.
Em média, a chance de se encontrar um doador é de uma a cada 100 mil, mas a possibilidade aumenta entre doadores da mesma família, chegando em média a 25% de compatibilidade entre irmãos. Mesmo assim, em cerca de 75% dos casos, os pacientes precisam aguardar na fila para encontrar doadores.
“É mais fácil de ocorrer dentro da família. Hoje temos o crescimento no número de doadores, mas ao mesmo tempo, a diminuição das famílias. Hoje as famílias têm um ou dois filhos em média. No que a gente puder incentivar, todo meio pra ajudar o terceiro, salvar uma vida, é louvável”, ressalta o autor do projeto de lei 40/L/2017, que ainda não tem data para ser colocado em votação.
Locais para aderir ao cadastro são escassos
A maior dificuldade para quem quer ser um doador de medula óssea é saber aonde ir para deixar uma amostra de sangue e integrar o cadastro nacional, o Redome.
No Rio Grande do Sul, onze hemocentros estão disponíveis para receber possíveis doadores, mas nenhum no Vale do Rio Pardo. São três locais em Porto Alegre (confira todos os endereços no site: http://redome.inca.gov.br/doador/hemocentros/), e existem unidades em Santa Maria, Passo Fundo, Alegrete, Santa Rosa, Pelotas, Palmeiras das Missões, Cruz Alta e Caxias do Sul.
Informações sobre a doação
- A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecido popularmente por “tutano”. Nela são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas.
- O transplante de medula óssea é necessário em alguns casos de doenças do sangue como anemias e leucemias. O tratamento pode ser indicado para cerca de 80 enfermidades.
- Para integrar o Redome basta doar uma amostra de sangue. Caso compatível com algum paciente, o doador realiza exames para atestar sua boa saúde. O procedimento de coleta demora 90 minutos e é realizado com anestesia geral, ou local (peridural), na região lombar da coluna vertebral. O doador recebe alta no dia seguinte e a ação não causa comprometimento à saúde nem necessita de mudança de hábitos e alimentação.
- Para ser doador de medula óssea, basta ter entre 18 e 55 anos e gozar de boa saúde.
- Para mais informações acesse www.redome.inca.gov.br.