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Projeto Cestinha: há 20 anos formando campeões

Projeto Cestinha já atendeu mais de 22 mil crianças e adolescentes – Crédito: Acervo Pessoal / Gilmar Weis

Criar um ambiente para a criança desenvolver o seu potencial. É com essa filosofia que nasceu, no ano de 2001, o Projeto Cestinha/Sesi/Unisc, idealizado para incentivar e fomentar a prática do basquete como inclusão social para crianças entre 9 e 15 anos, de ambos os sexos, orientando-as a um processo emancipatório e cidadão, a partir das áreas da Educação, Saúde e Esporte, com fins educativos. No início do projeto, eram 170 crianças e adolescentes cadastrados e com o passar dos anos chegou a atingir 1.300 participantes em 14 núcleos de Santa Cruz do Sul, com extensão em Venâncio Aires e Vera Cruz. Em 20 anos de história, o projeto atendeu mais de 22 mil crianças e adolescentes com incentivo na prática do basquete.


O professor universitário aposentado Gilmar Fernando Weis, 64 anos, foi o coordenador do Cestinha entre 2001 e 2019. Ele conta que o projeto foi criado com o objetivo de suprir a ausência de categorias de base no final dos anos 90. “O Corinthians era a principal referência e estava há quatro anos sem competição nas categorias de base. Por isso foi feito o projeto Cestinha, sendo uma parceria entre Unisc e Sesi, que foi articulada pelo empresário Flávio Haas”, conta Weis, que na época foi convidado pelo reitor da Unisc, Luiz Augusto Campis, para elaborar um projeto que envolvesse basquete. “Fiz um projeto que tinha dois braços, o social e a competição. Os alunos do social se espelhavam naqueles que integravam as equipes nos campeonatos, que motivavam eles a querer participar”, lembra o coordenador.

Gilmar Weis foi o coordenador do Projeto Cestinha – Crédito: Tiago Mairo Garcia


Weis frisa que o Projeto Cestinha nunca teve como filosofia principal formar jogadores. “A ideia era massificar o basquete e uma das formas foi incentivar o esporte nos bairros, sendo uma grande sacada na época. Começamos com um projeto piloto em quatro bairros e depois só cresceu, chegando a ter 1.324 alunos participantes”, frisa. Weis ressalta que, através da parceria, o Sesi repassava recursos para a Unisc custear as despesas. “Os monitores eram alunos do curso de Educação Física da Unisc que ganhavam bolsas de estudos para trabalhar nos núcleos. Para trabalhar no Projeto Cestinha tinha que ter passado pela disciplina de basquete, a qual eu era o professor. Tinha uma série de critérios e realizamos várias reuniões onde não se cobravam resultados e sim um processo de fazer com que crianças e adolescentes gostassem de basquete”, salienta o ex-coordenador.


Weis cita que 11 jogadores formados no Cestinha foram convocados para integrar a seleção brasileira de base, além de atletas que já atuaram na Espanha e nos Estados Unidos. “Fomos várias vezes campeões estaduais de base e por quatro vezes disputamos o Sul-Brasileiro de Basquete de base, onde fomos tetracampeões”, destaca o coordenador, salientando que Vitor Lersch e Tiago Dias, ex-alunos do Projeto Cestinha, recentemente estavam jogando o Novo Basquete Brasil.


Em breve, Weis estará lançando o livro Corpo, Mente e Sociedade, da editora Catarse, que irá relatar toda a trajetória no basquete universitário e irá abordar toda a história do Projeto Cestinha. “É um trabalho que está na fase final com registros de todos os momentos vivenciados nestes 20 anos de projeto Cestinha e histórias do basquete universitário”, destaca o professor.

PARCERIA COM O UNIÃO CORINTHIANS

Além da parceria do Projeto Cestinha com Unisc e Sesi, o Corinthians também passou a apoiar a iniciativa junto com outras empresas do Município. Atualmente, o clube denominado União Corinthians segue desenvolvendo o trabalho do projeto com as categorias de base. O técnico Athos Calderaro, que iniciou com o trabalho no Projeto Cestinha em 2007, onde sagrou-se campeão estadual e sul-americano com a categoria cadete, destaca a importância do projeto para fomentar o basquete de Santa Cruz do Sul. “O Projeto Cestinha é muito bacana e muito importante para o basquete com o trabalho social realizado até os 15 anos de idade”, frisa.
Calderaro destaca que atualmente o União Corinthians e o Projeto Cestinha têm desenvolvido um trabalho em conjunto focado na formação do atleta. “A partir do momento que unificamos o trabalho e desenvolvemos de forma contínua, conseguimos obter bons resultados na base que já começam a refletir no time adulto. Estamos trabalhando com o propósito de o jovem ter a perspectiva de jogar em Santa Cruz”.

Ginástica, a primeira equipe campeã estadual de base

Mirim da Ginástica que sagrou-se campeão estadual de base em 1967 – Crédito: Acervo Pessoal / Rudimar Gerhardt

Ex-atleta, preparador físico e treinador, Gilmar Weis também elaborou uma pesquisa de mestrado para contar sobre a história do basquete de Santa Cruz do Sul. Ele se recorda que os primeiros jogos de base no Município foram disputados entre Ginástica e Corinthians como preliminar aos jogos das equipes adultas. “O Corinthians só é grande por causa da Ginástica. Isso era como Gre-Nal. Na semana do clássico, era o comentário no Quiosque da Praça. Isso fez o basquete crescer, pois o campeão da cidade era o representante no estadual”, lembra.
O primeiro título estadual de base do basquete santa-cruzense ocorreu com a equipe da Ginástica, que venceu na categoria mirim em 1967, infantil em 1969 e a categoria juvenil em 1972, em time que contou com Mendes, Dejair, Bunitinho, Gregorio, Luiz, Horta, Carlos Alberto, Etacir, Leo, Paulinho, Walter, Mauro, Piru, Geraldo, Inácio e Maneco, time treinado por Luiz Dreher (Véio).
Com a paralisação do basquete na Ginástica, os atletas migraram para o Corinthians, com o tricolor passando a formar equipes competitivas que vieram a conquistar outros títulos de base com as categorias mirim, infantil e juvenil nos anos 70, 80 e 90. Gilmar Weis lembra que o armador, Marcelinho Machado, jogador do Flamengo e da Seleção Brasileira, esteve integrando a base do Corinthians de Santa Cruz nos anos 90. “O Marcelinho Machado atuou em Santa Cruz e teve poucas chances de jogar aqui por ser de categoria de base. Depois, ele se tornou um dos melhores jogadores do Brasil”, finaliza o professor.