LUANA CIECELSKI
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Formado em Direito, com pós-graduação em Direito de Família, Henrique Hermany, iniciou no Governo Telmo Kirst como Secretário Segurança, Cidadania, Relações Comunitárias e Esportes, passou a ser Secretário de Saúde, e desde o fim de 2016, voltou a atuar junto ao Esporte e à Segurança, mas na secretaria que, desde a minirreforma de Telmo – realizada no mês passado – leva o nome de Secretaria de Segurança, Defesa Civil e Esportes.
Na teoria, a mudança não é grande. Ela tem como objetivo, mais ajustar o nome às atribuições da secretaria do que qualquer outra coisa. Na prática, porém, Henrique Hermany tem muito a fazer e sua secretaria tem, mais do que nunca um papel fundamental no combate à violência e diminuição dos índices de criminalidade. O trabalho, segundo ele, vem sendo feito principalmente unido juventude e esportes. E por isso a união de ambos os departamentos.
ENTREVISTA
Riovale Jornal: A secretaria que tu administra possui uma três de departamentos diferentes. Esportes, Segurança e Defesa Civil. Como tu fazes para administrar isso?
Henrique Hermany: A Defesa Civil sempre foi vinculada à Guarda Municipal, porque os guardas municipais possuem um treinamento para atuar em situações de riscos. E a Defesa Civil coordena justamente isso. Uma série de ações que são integradas com outras secretarias, com Bombeiros, com Exército, para serem executadas numa eventual intempérie climática. Então, é da natureza da Guarda Municipal ter essa ligação com a Defesa Civil. Como eu coordeno a Segurança Pública e dentro dela a Guarda Municipal, eu acabo tendo uma ligação automática com a Defesa Civil.
Já a questão do Esporte estar junto com a Segurança, é uma unidade que a gente implantou desde a gestão passada justamente por entender que o esporte é um instrumento de transformação social. E como a Prefeitura tem atribuições limitadas na área da segurança pública, até porque é da Brigada Militar e da Polícia Civil a competência de investigar os delitos, cabe à Prefeitura auxiliar os demais órgãos, seja fornecendo sedes para implantar delegacias e comandos da Brigada, seja auxiliando em operações através da Guarda Municipal – e vem se ampliando essa questão da Guarda integrar mais esses órgãos de segurança. Então a gente tem esse olhar da importância da segurança preventiva, através do esporte.
A gente teve já situações exitosas em áreas de bastante vulnerabilidade. Conseguimos atrair adolescentes e crianças pro esporte, e através dele fazer uma inclusão social, que nada mais é do que prevenção na área da segurança também.
Riovale Jornal: Nessa área de esporte, o que vocês têm de projetos. O Dente de Leite é um deles, correto?
Henrique Hermany: É. O Dente de Leite foi uma atividade que a gente retomou. Inclusive no final do ano passado a gente fez uma edição com cerca de 700 atletas e agora, até o início de março, nós vamos lançar os nomes dos atletas selecionados para receber bolsas em escolinhas de futebol. Por um ano, através de uma parceria que o Município tem com os clubes Santa Cruz, Avenida, Genoma Colorado e Flamengo, eles poderão ter aulas gratuitamente, passarão a integrar as categorias de base.
A gente tem também iniciou na semana que passou, a obra do nosso Centro de Iniciação ao Esporte, que custará R$ 3 milhões e que conta com recursos federais. Ele vai ser construído junto ao Centro Social e Urbano [no bairro Faxinal Menino Deus]. Se tudo correr bem, dentro do cronograma, nossa ideia é concluir até o final do ano. Mas claro, tudo depende do repasse certinho dos recursos federais também.
Além disso, também estamos com um ginásio já licitado ali em Linha Santa Cruz. A gente está prestes a lançar o termo de início da obra. Nos próximos meses também queremos concluir o campo do Esmeralda e o trabalho de iluminação e melhorias no campo do Flamengo. A gente vai ter nesse ano de 2017 um salto de qualidade nas estruturas esportivas.
Riovale Jornal: E os clubes profissionais? Vão ter algum apoio da Prefeitura?
Henrique Hermany: Por uma questão de legislação, a gente só consegue apoiar as categorias de base dos clubes profissionais. Mas nós estamos estruturando para que, além do apoio que o município já dá com os recursos livres do município – que são verbas da própria secretaria – uma equipe ajude os clubes a fazer projetos. Assim eles conseguirão buscar recursos através das leis de incentivo.
Riovale Jornal: Falando um pouco de Defesa Civil, o que o município tem feito para se tornar uma cidade mais resiliente? Para diminuir a longo prazo essas questões de inundações e outros desastres naturais?
Henrique Hermany: Nós já trabalhamos com esse olhar desde o início da gestão passada. A Defesa Civil sempre trabalhou com a atenção mais voltada para o poder de reação – acontece um fato e a Defesa Civil vai auxiliar – que é uma das obrigações da Defesa Civil. Nós nos preocupamos, por exemplo, em adquirir kits de auxílio para as famílias – colchões, cobertores, material de limpeza para as residências, telhas, travesseiros, enfim, toda uma estrutura para poder acholher bem os desabrigados -, mas por outro lado, a gente também atualizou o nosso levantamento das áreas que são de maior risco e viemos trabalhando na prevenção desses problemas.
Na região da Várzea, que é bem problemática, foram feitas alguma intervenções no sentido de desassoreamento de arroios. Além disso, hoje a gente tem a preocupação de que deve ser feito um desassoreamento do Rio Pardinho. Seria um projeto de alto custo que a gente só viabilizaria com recursos federais, claro, mas nós já buscamos um contato nesse sentido. Os arroios que cruzam a cidade foram todos desassoreados também.
Ainda no sentido de prevenção e de evitar que se repitam episódios de problemas, nós também tiramos algumas famílias de locais de risco. Nós tínhamos um local que era bastante preocupante, em frente ao Posto de Saúde do Arroio Grande, onde residiam cinco ou seis famílias, e onde a cada enchente as residências eram alagadas. A Secretaria de Segurança em parceria com a Secretaria de Habitação, fez um levantamento e nós colocamos três dessas famílias num terreno ao lado do Posto de Saúde. Nós construímos casas, e colocamos elas para residirem ali. E demolimos essas residências antigas.
Além disso tudo, a gente também tem uma preocupação bastante grande em não autorizar mais qualquer construção nessas áreas de risco. Temos sido muito firmes, ao ponto de nos incomodarmos com algumas situações, mas estamos pensando no outro lado. Tu permitir que uma família vá pra uma área de risco é saber que o município vai ter um problema para atender depois. É preferível evitar isso.
Riovale Jornal: Falando um pouco de Segurança, uma das questões que se falou bastante durante a campanha eleitoral de 2016, foi instalação de mais câmeras pela cidade. Já tem alguma novidade nesse sentido?
Henrique Hermany: Estamos trabalhando em conjunto com a Brigada Militar para implantar aqui em Santa Cruz a Sala Integrada de Vídeo Monitoramento, Comando e Controle. Isso seria uma sala de operações, como é o 190 da Brigada Militar hoje, e o 153 da Guarda Municipal, atendendo juntos às situações. Uma bancada vai ter um Guarda Municipal, outra bancada vai ter um Policial Militar e outra ainda vai ter um Fiscal de Trânsito para que cada um atue na sua competência, mas se ajudando.
Hoje a Brigada tem uma sala e a Guarda Municipal outra. Mas se a gente integrar, a gente consegue colocar mais efetivo na rua. E nós temos essa preocupação de aproximar a Guarda Municipal da Brigada, porque são muitos espaços que eles têm para cuidar e pra poder fazer isso efetivamente é necessária ampliar a presença o homem fardado nas ruas.
Riovale Jornal: Pra finalizar, eu gostaria que tu fizesses uma avaliação dos primeiros meses de funcionamento do Centro Integrado.
Henrique Hermany: Tá funcionando muito bem. São nove órgãos trabalhando em conjunto e já temos notícias de reuniões realizadas, por exemplo, na atenção de ocorrência de violência contra mulheres, onde a Delegada Lisandra [de Carvalho, Delegada da Mulher] – fez uma capacitação sobre esse tipo de ocorrência. Agora nós estamos trabalhando pra levar pra lá também a Defesa Civil, já que foi desmembrada a coordenação da Defesa Civil da Guarda Municipal. A gente vê isso como uma coisa importante, porque a Defesa Civil atua muito mais nos bairros do que no Centro, então ela vai estar mais próxima da comunidade. Também estamos finalizando o canil da Brigada, que vem realizando um trabalho bem importante com os cães treinados. A estrutura será de acordo com o que exige a legislação e a vigilância sanitária.