Debruçar-se sobre a existência do ser humano é desafio com que o homem se confronta desde tempos imemoriais. Cada povo deixou sua contribuição nas mais diferentes formas de linguagem.
A dimensão da finitude inquieta o ser humano, que pergunta de “onde veio, o que faz aqui e para onde vai”, sem encontrar resposta para as questões existenciais mais profundas.
Pois, foi num texto do pastor Hans Trein que encontrei reflexão bem fundamentada para nos colocar em conexão e harmonia com toda a criação, especialmente com a mãe-terra: “a terra do boneco não é qualquer tipo de solo. Em hebraico é adamah, terra agricultável, terra de plantio. Adão é o terráqueo, feito de adamah, aqueles 12 a 15 cm de solo fértil e vivo. Os humanos, portanto, são partes dessa camada de húmus animadas pelo sopro de Deus. Assim, Adam tem relação imediata com a adamah. Para permanecer humano, essa relação não pode ser perturbada e muito menos interrompida. O vínculo com o sopro de Deus lhe atribui a função de elo entre Deus e terra. Aliás, em geral, esquecemos que também os animais são formados da mesma adamah”.
O vínculo entre terra e sopro divino constitui a humanidade. Quando Deus busca de volta o sopro de vida concedido, o boneco de barro volta a ser terra. “Terra à terra, cinza a cinza, pó ao pó. Da terra foste formado, à terra tornarás”. Tanto me parece belo quanto consolador, estar integrado no ciclo da vida dessa forma, estando animado pelo sopro divino.
Esse vínculo inseparável também ficou conservado em algumas línguas: os humanos são feitos de húmus. A pessoa humana é um pedaço de húmus contendo o sopro divino.
Assimilar esta condição de que a terra é nossa origem e destino modifica completamente nossa relação com o planeta. “A terra é herança da humanidade, como é a luz do sol, o ar e a água. Se não trabalharmos contra a longa mercantilização da terra, daqui a pouco teremos que pagar pela água, pelo ar e pela luz do sol”.