Tiago Mairo Garcia
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Após a parada causada em razão da pandemia de coronavírus, de forma gradativa, as aulas presenciais estão sendo retomadas nas creches e escolas das redes municipal, estadual e particular de Santa Cruz do Sul. Com o reinício das atividades, a segurança nos educandários se faz cada vez mais necessária para que crianças e adolescentes possam retornar ao convívio escolar de forma tranquila. Diante deste novo cenário que se apresenta, o coordenador da Guarda Municipal, Eberson Pereira Gonçalves, e o comandante do 23º Batalhão da Brigada Militar, Giovane Paim Moresco, relatam como está sendo desenvolvido o trabalho de rondas e patrulhamento e destacam as ações sociais de cunho preventivo que visam aproximar cada vez mais os órgãos de segurança com a comunidade escolar.
Responsável pela segurança de 47 escolas da rede municipal, Gonçalves explica que a Guarda Municipal está trabalhando com três rondas para realizar o patrulhamento diário, sendo uma na Zona Sul, uma na Zona Norte e uma terceira de apoio para atender as demandas. O coordenador lembra que antes da pandemia havia a ronda escolar, a qual acabou sendo desativada com a suspensão das aulas. “É uma ronda específica para dar mais atenção para as escolas e acompanhar entrada, intervalo e saída dos alunos. Estamos organizando a escala de trabalho e com a retomada das aulas presenciais vamos reativar a ronda escolar com agentes específicos”, frisou o coordenador, que já integrou a ronda escolar antes de assumir o atual cargo no órgão de segurança.
Com relação ao monitoramento interno das escolas municipais, Gonçalves confirmou que a Guarda faz a vigilância colaborativa com uso de câmeras de segurança nas proximidades dos educandários, com as imagens sendo acompanhadas em uma sala na sede da corporação. Ele destacou que algumas escolas já contam com câmeras de monitoramento internas, mas outras ainda não têm o equipamento devido à ausência de sinal de internet. As escolas e creches também contam com alarmes, que quando disparam, acionam uma central instalada na sede. “Uma vez conseguimos abordar um suspeito que tinha invadido uma escola. Conseguimos deter com uso do alarme e efetuar o flagrante. Temos o pensamento que é uma área que precisamos aprimorar e melhorar as condições de tecnologia, de se investir mais nesta área. O secretário já comentou sobre o projeto Cidade Inteligente, que é amplo e vai potencializar muitas áreas, inclusive o nosso trabalho da Guarda Municipal”, frisou o coordenador.
O secretário de Segurança e Mobilidade Urbana, Everton Oltramari, destacou que o projeto Cidade Inteligente será estruturado neste ano. Ele frisou que a ideia visa acompanhar tudo o que acontece na cidade em tempo real e que vai garantir uma maior segurança para a população. “Teremos o monitoramento integral de tudo que acontece nas escolas, com controle de acesso de pessoas com reconhecimento facial para identificá-las e com câmeras que já fazem a leitura da temperatura corporal para saber se o aluno está com febre, por exemplo. Nossa prioridade inicial será as escolas, postos de saúde, trânsito e a segurança pública, com a criação de um centro municipal integrado. É um projeto que estamos estruturando neste ano e a partir de 2022 começar a implementar por etapas”, destacou o secretário.
Sobre ocorrências registradas nas escolas, Eberson Gonçalves relata que antes da pandemia ocorreram diversos casos na Zona Sul, com destaque para conflitos entre alunos na saída das aulas, uso de entorpecentes nas áreas interna e externa de um educandário local e depredações. Para evitar que essas ocorrências ocorram com frequência no ambiente escolar, Gonçalves destaca o trabalho preventivo e de aproximação com a comunidade escolar através do projeto Guarda Costas, ação social que iniciou em 2018 na Zona Sul da cidade com objetivo de aproximar a guarnição com os estudantes. “Esse projeto foi idealizado pela ronda escolar. A gente sentia que os alunos tinham uma certa dificuldade em aceitar a presença da guarda municipal. Começamos a interagir com eles e pensamos em um projeto que tirasse essa visão de que o agente de segurança é aquele que reprime, prende e pune. Existem os dois lados e pensamos no projeto começando a trabalhar com oficinas de educação física, xadrez, entre outras atividades. Fizemos uma parceria com a Unisc, que disponibiliza acadêmicos nas áreas de psicologia, nutrição, enfermagem e odontologia, que trabalham diretamente a área da saúde e abordam diversos assuntos. Organizamos um cronograma durante um semestre para que se trabalhassem a teoria e prática com turmas transversais, sendo muito positivo e com ótimos resultados”, destacou o coordenador.
O projeto Guarda Costas envolveu cinco escolas das redes municipal e estadual entre os anos de 2018 e 2019. Devido à pandemia, o projeto foi suspenso, mas a Guarda Municipal já estuda a retomada da iniciativa em um formato on-line. “Como ainda não temos possibilidade de encontros presenciais, vamos trabalhar com plataformas digitais para abordar as mesmas temáticas com os alunos. Já estamos conversando com o pessoal da Unisc para definir o novo formato do projeto”, finalizou Gonçalves.
Patrulha Escolar Comunitária trabalha com orientação nas escolas
O Comandante do 23º BPM, Giovane Paim Moresco, salienta que a Brigada Militar possui um grande programa de Polícia Comunitária e que há 10 anos está inserida a Patrulha Escolar Comunitária desenvolvida por policiais militares que estão aposentados e retornaram para trabalhar na área de segurança escolar.
Moresco salienta que a ação faz o patrulhamento com permanência na frente das escolas, nos horários de chegada e saída dos alunos. “Quando patrulhamos no entorno, muitas vezes coibimos determinados delitos que podem influenciar no ambiente interno das escolas”. Além das escolas estaduais, a Patrulha Comunitária Escolar também realiza o patrulhamento nas escolas da rede particular e do interior.
O comandante confirmou que mesmo durante a pandemia, a Patrulha Escolar continuou atuando para garantir a segurança dos educandários. Além disso, a própria guarnição da patrulha tem realizado atividades internas de prevenção com as escolas, com a realização de palestras educativas. “Trabalhamos a essência Estado, Escola e Família, onde o Estado, representado pela BM, trabalha na escola e não pode esquecer a família. A família trabalha a educação básica, que vai refletir na escola. Quando trabalhamos na patrulha e estamos próximos do aluno, temos que entender que ele é membro de uma família e deve ter o atendimento familiar. Conversamos com os alunos, pais e professores através da patrulha com a realização de palestras”.
Com o problema de saúde pública ainda em andamento e sem perspectiva de se encerrar em curto prazo, Moresco destaca que um novo modelo está sendo elaborado com uso de ferramentas on-line para que a Patrulha Escolar retome o contato com pais e alunos. “Vamos adotar um novo modelo com uso da tecnologia para realizar videoconferências com pais e filhos. É o ambiente da família e abriremos espaço para ouvir sugestões para que possa ser executado no futuro. Existe um trabalho aprofundado para preparar os cidadãos e eles entenderem determinadas condutas para fazer as melhores escolhas para a vida”, finalizou o comandante.
Integrante da Patrulha Escolar, o sargento Alexandre Lopes Farias avalia que o projeto é bom por fazer a ligação entre comunidade e segurança pública. Ele confirmou que através de um grupo de WhatsApp direto com as escolas é mantido um contato com os educandários. “Recebemos as solicitações que vão para o orientador da escola. Caso ele precise do apoio, a patrulha se desloca até lá. A escola continua com a sua autonomia, e com a presença da patrulha nas escolas os problemas nos arredores sofreram diminuição”, salientou.