Após o aumento registrado em março, a rápida resposta das forças de Segurança Pública já conseguiu retornar para tendência de queda as ocorrências de latrocínios no Rio Grande do Sul em abril. O número de roubos com morte reduziu mais do que a metade, 57,1%, de sete casos no quarto mês do ano passado para três. É o menor total para o período em toda a série histórica de contabilização desse tipo de crime, iniciada em 2002. Em relação ao pior momento já vivenciado no Estado, em 2016, quando houve 19 latrocínios em abril, o total atual representa uma queda de 84,2%.
O resultado também ajudou a retomar a curva descendente no acumulado desde janeiro. Na comparação dos quatro primeiros meses deste ano e de 2020, há baixa de 23 para 20 casos (-13%), também a menor soma para o período desde o início do monitoramento das estatísticas. Frente ao pico de 72 ocorrências no 1º quadrimestre de 2016, a redução chega a 72,2%.
Entre os fatores que contribuem para o resultado, as autoridades apontam a alta resolutividade desse tipo crime, com rápida identificação e prisão dos autores em 70% a 80% dos casos, além do acompanhamento sistemático e detalhado de cada uma das ocorrências pela Gestão de Estatística em Segurança (GESeg), que permite executar as ações de resposta dentro do Programa RS Seguro. Além disso, o planejamento com foco territorial e baseado na análise dos dados resultou na redução generalizada dos principais crimes contra o patrimônio, geradores de latrocínios.
Homicídios têm queda de 32,4% no Estado em abril
Outro crime contra vida que registrou redução no mês passado foi o homicídio, considerado internacionalmente como principal indicador para acompanhamento dos níveis de violência. O total de vítimas em abril caiu 32,4%, de 176 no último ano para 119. É a sexta redução consecutiva na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A última alta ocorreu em outubro de 2020, quando houve elevação em razão de conflitos pontuais na Serra, logo reprimidos pela rápida ação da Segurança Pública, dando início à sequência de retrações a partir de novembro.
O total de vítimas em abril é também o menor para o período desde 2006, que teve 112 óbitos, mesmo número do ano anterior, quando começou a série histórica de contagem. Frente ao pico do mês, com 244 assassinatos em 2017, a retração chega a 51,2%.
A tendência de queda nos homicídios se repete no cenário acumulado desde o início do ano. Na comparação dos intervalos entre janeiro e abril, a soma de vítimas de assassinatos baixou de 668 para 529, o que representa retração de 20,8% e 139 vidas preservadas. O total nesses quatro meses também é o menor para período desde 2006, que registrou 481 óbitos.
A mudança de cenário provocada pela atual política de combate à criminalidade, implantada no primeiro eixo do Programa RS Seguro, se destaca na comparação com dados que antecedem o início do governo. O pior dado foi registrado em 2017, com 1.153 assassinatos no RS entre janeiro e abril. A comparação com a soma deste ano representa uma redução de 54,1% ou 624 mortes a menos.
A estratégia do foco territorial para combate ao crime nos locais em que mais ocorrem, orientado pelo acompanhamento constante da GESeg, se mantém como principal fator para redução dos assassinatos. No ranking de 10 maiores quedas de homicídios nos quatro primeiros meses de 2021 em relação a igual período do ano anterior, nove ocorreram em municípios que integram o grupo de 23 cidades priorizadas pela GESeg.
Deste conjunto, 17 municípios encerraram abril com queda ou estabilidade no número de assassinatos em relação a igual mês de 2020 – em oito deles, não houve nenhuma vítima: Capão da Canoa, Esteio, Farroupilha, Guaíba, Ijuí, Lajeado, Pelotas e Tramandaí.
Em Esteio, não ocorrem homicídios desde o início de 2021 – o último caso foi em dezembro do ano passado e foi o único naquele mês. Capão da Canoa, Farroupilha e Tramandaí já somam três meses seguidos sem assassinatos desde fevereiro, e Guaíba completou o segundo mês sem homicídios.
Outro destaque, fora do grupo de 23 cidades priorizadas, é Taquara, no Vale do Paranhana, que não registra assassinatos desde novembro de 2020 e havia somado seis vítimas no primeiro quadrimestre do último ano.
Em Porto Alegre, a retração nos homicídios atingiu novos recordes. Em abril, o número de vítimas de homicídios caiu 17,9%, de 28 no ano passado para 23 neste ano, o menor total desde 2010. Em relação à pior marca, de 70 mortes no quarto mês de 2016, o dado atual representa diminuição de 61,1%.
A Capital ainda lidera o ranking de reduções no acumulado desde janeiro, com baixa de 111 assassinatos no primeiro quadrimestre de 2020 para 88 em igual período de 2021 (20,7%). É também a menor soma nos últimos 11 anos e que representa 70,3% de retração na comparação com o pico de 2017, quando 296 gaúchos foram assassinados em Porto Alegre entre janeiro e abril.
Roubo de veículos no Estado reduz 47,4% em abril
A ação de criminosos contra motoristas no Rio Grande do Sul decresceu quase pela metade em abril deste ano, comparado com o mesmo mês de 2020. O número de ocorrências de roubo de veículo caiu de 803 para 422, uma retração de 47,4%. É o menor total para o período desde o início da contagem desse tipo de crime e a primeira vez que abril encerra com menos de 500 registros. A diminuição chega a 72,2% ou 1095 ocorrências a menos na comparação com a marca mais alta da série, de 1.517 roubos de veículos no quarto mês de 2017.
O roubo de veículos é um dos indicadores permanentes do foco territorial da GESeg no RS Seguro, o que também garante acompanhamento intensivo nos municípios que concentram a maior parte desse tipo de crime e repercute na queda no âmbito geral do Estado.
No conjunto dos 23 municípios priorizados, os roubos de veículos reduziram de 712 em abril de 2020 para 373 no mesmo mês deste ano (-47,6%). Isso significa que, do total de 381 casos a menos no Estado em abril, 88,9% deixaram de ocorrer em cidades do bloco prioritário do RS Seguro.
A quebra de recordes é resultado de uma série de políticas públicas focadas na repressão de quadrilhas especializadas em levar veículos de motoristas e no combate aos mercados ilegais relacionados a esse delito. Um exemplo com impacto direto no combate aos assaltos a condutores é a Força-Tarefa Desmanches, que além do DetranRS, integra o trabalho de BM, PC, Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS) e Instituto-Geral de Perícias (IGP).
No acumulado entre janeiro e abril, a redução também bateu recorde e alcançou a menor soma para o período em toda a série histórica. A comparação do 1º quadrimestre de 2020, que teve 3.476 ocorrências de roubos veículos, com o mesmo intervalo deste ano, em que o total ficou em 1.928, a queda é de 44,5% ou 1.5 mil casos a menos. Frente ao pico de 6.649 registros nos quatro primeiros meses de 2017, são quase 5 mil motoristas (-71%) poupados da ação de assaltantes.
O foco territorial emprego pelo RS Seguro também se evidencia no resultado dos roubos em veículo em Porto Alegre, que sozinha respondeu por quase metade da redução verificada no Estado. Dos 381 casos a menos no RS em abril, 161 (42%) deixaram de acontecer na Capital. Foram 171 registros, o menor total para o período em toda a série histórica (iniciada em 2012) e o que equivale a 48,5% de redução em relação às 332 ocorrências do mesmo mês no ano passado.
A Capital também apresenta redução recorde no acumulado desde janeiro. Pela primeira vez, a maior cidade do RS fechou o quarto mês do calendário com menos de mil ocorrências somadas no período. Foram 785 casos, o que representa 45,1% menos do que os 1.429 roubos de veículos somados no primeiro quadrimestre de 2020.
Violência contra a mulher cresce em abril, mas segue em queda no acumulado
Depois uma redução histórica nos feminicídios em março, o resultado do mês seguinte mostra que a sociedade gaúcha ainda precisa avançar muito na cultura de igualdade, respeito e proteção das mulheres. O número de vítimas de assassinato por motivo gênero no Rio Grande do Sul subiu de nove para 14 (55,6%).
A análise de cada caso, realizada pelo Observatório Estadual da Segurança Pública para o acompanhamento da GESeg, revela a persistência de um problema já detectado em estudo realizado pela Polícia Civil. Das 14 vítimas, apenas duas estavam amparadas por medida protetiva de urgência (MPU), ou seja, em 85% dos casos não havia qualquer determinação judicial para afastamento do agressor. O dado é semelhante ao identificado no Mapa dos Feminicídios 2020, no qual a Polícia Civil verificou que 93,7% das 79 vítimas no ano passado não contavam com MPU em vigor à época do crime
O estudo evidenciou ainda que 82% das mulheres mortas de janeiro a dezembro nunca registraram ocorrência contra o agressor. Entre as vítimas de abril deste ano, esse índice foi de 50%.
Os dados ressaltam a importância de comunicar qualquer suspeita de violência contra a mulher às autoridades, de forma a possibilitar a adoção de medidas preventivas. Conforme a diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam), delegada Jeiselaure de Souza, ligada ao Departamento de Proteção à Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil, são raros os casos em que o feminicídio é resultado da primeira agressão. Em geral, as mortes por motivação de gênero são o ponto final de um longo ciclo de violência que, quanto antes for rompido, tem mais chances de preservar as vítimas