Na noite deste domingo, 17 de abril de 2016, em Brasília, a Câmara dos Deputados aprovou a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Agora o processo seguirá para o Senado. Caso os senadores aprovem o processo (maioria simples), Dilma será afastada da presidência por 180 dias, e Michel Temer assumirá a Presidência da República. O passo seguinte seria uma nova votação no Senado, em sessão presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Se dois terços dos senadores aprovarem o impeachment nessa nova sessão, Dilma perderá o mandato em definitivo, e Temer seguirá na presidência até o fim do mandato, em 2018.
RESUMO DA SESSÃO
A sessão de votação na Câmara dos Deputados, que iniciou às 14h deste domingo, foi um tanto confusa até a leitura do parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO), parecer este que foi a favor da abertura do processo de impeachment. Após a leitura, os líderes de cada partido fizeram seus pronunciamentos, quando orientaram seus colegas partidários a votarem a favor ou contra o impeachment.
Passadas as 17h, o primeiro voto foi declarado por um deputado do Rio de Janeiro, o pemedebista Washington Reis, o que não estava previsto, mas ele pôde fazê-lo pois apresentou atestado médico. Reis votou pelo “Sim”, a favor do impeachment. Na sequência, ocorreu a votação na ordem prevista.
De Santa Cruz do Sul, Heitor Schuch (PSB) declarou o 16º voto pró-impeachment: naquele momento, o placar ficou em 16 x 3 a favor do “Sim”. O 30º voto a favor do impedimento foi do candidato a prefeito de Santa Cruz, deputado Sérgio Moraes (PTB), que deixou o placar em 30 x 10.
Com o decorrer da votação, a diferença a favor do impedimento cresceu de forma significativa. Jovair Arantes, relator do processo, votou pelo “Sim” e o placar chegou a 114 x 31, resultado parcial pró-impeachment. Às 19h32, o placar estava em 148 x 44. Às 20h10, o placar chegou a 200 x 54 a favor do “Sim”.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que presidia a sessão, ia chamando um a um dos deputados. Alguns dos que votaram pelo “Não”, criticaram Cunha por este ser réu na Operação Lava Jato. Vários deputados governistas e de esquerda falaram em “golpe” e “farsa”. Alguns dos votantes pelo “Sim”, por sua vez, chegaram a citar a crise econômica e o desemprego como motivo para destituir a atual presidente, além de lembrarem os casos recentes de corrupção envolvendo o governo.
Às 20h49, o placar pró-impeachment estava em 228 x 81. O voto seguinte foi de Eduardo Cunha, que disse “Sim”. Para o processo do impeachment ser aprovado, eram necessários 342 votos. Às 21h13, o placar marcava 250 x 86.
Se alguém esperava que a sessão acabaria às 22h, enganou-se. A cada voto, diversos deputados ultrapassaram o limite de dez segundos estipulado por pronunciamento. Às 22h06, o placar era de 300 x 104 pró-impeachment. Nesse momento, faltavam 42 votos para que o processo de impedimento fosse aprovado.
Enquanto deputados de oposição falavam em crime de responsabilidade por parte de Dilma, deputados favoráveis ao governo falavam em “tribunal de exceção” para tirar a presidente do cargo.
Às 23h08, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) declarou o voto número 342 a favor do impeachment. Assim, confirmou-se a ida do processo ao Senado.