Viviane Scherer Fetzer
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O movimento Vem Pra Rua Brasil organizou mais uma mega manifestação que envolverá todos os estados brasileiros e o Distrito Federal, neste domingo, 13 de março. A divulgação está sendo feita principalmente pelas redes sociais e cita que “será um dia que valerá por anos”. Os organizadores defendem que a luta é pela democracia, pela ética na política e contra a corrupção. Na segunda-feira, 7, a página do movimento no Facebook divulgou um vídeo em que artistas convidam a população para ir às ruas no dia 13 de março.
Em Santa Cruz do Sul a manifestação é organizada por dois movimentos, o Reação Já e o Movimento João da Silva. A ideia é de que a população vá à rua vestindo qualquer cor de roupa menos o vermelho. A manifestação será feita na Praça da Bandeira, às 15 horas. A Associação Comercial e Industrial de Santa Cruz do Sul (ACI) está convocando seus associados para participarem do protesto. “Dia 13 de março é um grande dia para o Brasil e a população deve ir para as ruas mostrar que tem voz sim e que está insatisfeita com o poder público. Vai ser uma festa da democracia que é o que nós queremos.”, chama Jorge Buuron, integrante do Movimento João da Silva.
Até o início da última sexta-feira 333 pessoas confirmaram presença no evento criado pelo Reação Já no Facebook. Segundo o presidente da ACI, Ario Sabbi, os associados estão sendo convidados pelas redes sociais, por e-mail e pela presença permanente da mídia. “No dia teremos uma contagem e estamos monitorando o link de confirmações de Santa Cruz do Sul (que não é gerido pela entidade). Podemos perceber que está aumentando a adesão”, explica Sabbi.
Até o fechamento da edição, o ‘Riovale Jornal’ tentou contato com o presidente do PT em Santa Cruz, mas não obteve resposta.
Movimento João da Silva
O ‘Riovale Jornal’ entrou em contato com Jorge Buuron, um dos integrantes do Movimento para esclarecer alguns pontos sobre as manifestações e sobre o posicionamento do movimento.
Riovale Jornal – Em relação aos protestos anteriores, vocês acreditam que as motivações são maiores agora para protestar, levando em consideração que Lula foi levado pela Polícia Federal para depor no último dia 4 de março?
Jorge Buuron – Com todo o trabalho da Polícia Federal juntamente com o Ministério Público, está sendo desvendado o grande esquema de corrupção que se implantou no governo brasileiro desde não só o governo do Lula, mas também outros. Não somos partidários, nós não defendemos partidos nem pessoas, nós defendemos a boa índole, o bom governo para a população. E o que está se vendo é que todo esse esquema de corrupção implantado pelo governo Lula e Dilma quebrou o nosso país.
Cada vez mais isso tudo que está acontecendo é bom para o Brasil. Vai ser o antes e o depois da era do Lula. Do Partido dos Trabalhadores (PT) no governo. Já deu para entender que o PT tem em mente projetos para o poder e não projetos para o país. Ele quer se perpetuar no poder. Então o brasileiro sofre hoje com falta de educação, falta de saúde e de recursos básicos para a sua sobrevivência em função de todos os dinheiros roubados. Nós poderíamos ser um país de primeiro mundo e não somos em função de tudo isso.
Se o povo não sair à rua e ficar sentado no sofá da sua casa esperando que os outros vão estar lá, não vai ajudar em nada, precisamos da massa, da população nas ruas pedindo, se acha que a culpa não é só da Dilma, porque eu também acho que não é só da Dilma, nosso poder político no Brasil está corrompido. O presidente do Senado, Renan Calheiros, está envolvido. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, está envolvido. Ministros do Superior Tribunal Federal estão envolvidos.
Para que o Brasil cresça e a população seja a grande beneficiada, nós precisamos mudar essa forma de visão política que temos. A mudança precisa começar dentro de casa, pelos nossos filhos que precisam ter conhecimento de política, saber o que está acontecendo para realmente mudar. Só vamos ser um país que cuida da população como um todo quando a lei de Gerson, o famoso “jeitinho brasileiro”, deixar de existir. O olho por olho, dente por dente, não precisa existir, não pode. Não é porque você faz errado que eu posso fazer também. Se você faz errado, você precisa ser punido e quem faz certo precisa denunciar.
RJ – Vocês acreditam que, de fato, existe base legal para o impeachment de Dilma?
JB – Com certeza, depois de todas essas provas não tem como dizer que não. A Polícia Federal está dizendo que há indícios de que a campanha da Dilma foi irrigada com recursos do Petrolão. Ora, se uma campanha foi irrigada com dinheiro roubado da Petrobras, precisa de mais alguma coisa?
RJ – A crise econômica, na opinião de vocês, é motivo para tirar a presidente do cargo?
JB – É. Nós estamos em uma crise econômica, política, social e principalmente uma crise de confiança. Não existe investidor que vá colocar dinheiro em um país que está quebrado. Qual o investidor que vai aplicar seu dinheiro onde não tem garantia se vai receber de volta? Pudemos ver com as ações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal que as ações da Petrobras subiram, a bolsa subiu, o dólar caiu, tudo isso são resquícios de que o grande problema do país está no centro do governo. O partido que governa, ou as pessoas que estão governando nosso país não transparecem nenhum tipo de confiança aos investidores.
Claro que a crise não vai se resolver de 2016 para 2017. Porque foi muito dinheiro roubado. Acho que vamos passar de uns cinco a oito anos em uma crise profunda ainda. Mas a tendência de melhora com a queda do governo é muito grande. Depois de tudo o que aconteceu na semana passada com o depoimento de Lula, do aumento do valor das ações e da queda do dólar, não tem como ter alguma dúvida de que a crise também é de confiança. Então são vários fatores que levaram o Brasil a estar nessa crise e não é somente a oposição criando uma crise para tirar o PT do governo. Tudo isso está servindo para o brasileiro se envolver um pouco mais, ir atrás de informações, buscar o que o poder público municipal está fazendo, porque tudo começa na Prefeitura Municipal, na Câmara de Vereadores, sobe para o governo do Estado e assim vai até chegar ao governo federal.
RJ – Em relação ao caso de Eduardo Cunha, vocês entendem que ele deve ser cassado?
JB – Com certeza. Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Delcídio do Amaral têm que estar todos atrás das grades, a lei é para todos sem distinção de classe, cor, status social, cargo que ocupa. Cometeu um crime precisa ser punido.
RJ – E quanto à possibilidade de haver confrontos, qual a posição de vocês?
JB – Santa Cruz não tem gente para ir à rua pelo PT. Nem os candidatos daqui. Acredito que em Santa Cruz não vai ter confronto, mas em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais possa ter. Porque o Lula está incitando a violência pelos movimentos sociais da esquerda para defender a democracia dita por ele. Mas o impeachment não é golpe, golpe é tentar se manter no poder por meio de recursos e de mentiras.
“Havendo culpados, que sejam punidos”
A ACI de Santa Cruz do Sul participará do protesto para cobrar uma definição do cenário político e econômico do país e levar mais gente à manifestação. Ario Sabbi, presidente da entidade, respondeu ao ‘Riovale Jornal’.
Riovale Jornal – A entidade se posiciona a favor do impeachment de Dilma? Por quê?
Ario Sabbi – Havendo culpados, que sejam punidos e que esse processo seja agilizado. O Brasil já parou praticamente desde antes da Copa do Mundo e é por isso que, apoiados em nosso estatuto e por desejo de nossos associados, iremos às ruas no dia 13, mesmo que o movimento esteja apoiando outra pauta que é o impeachment.
RJ – No dia em que Lula foi conduzido pela Polícia Federal para depor, os indicadores econômicos deram bons sinais. O dólar, por exemplo, caiu. Isso é um motivo que leva a ACI a se engajar ainda mais contra o governo?
AS – Esse movimento na economia é um sinal de que necessitamos de uma definição. Neste dia, o cenário deu sinais de que algo seria resolvido pela comprovação da verdade, imediatamente a economia reagiu. É por uma definição de cenários que estamos indo às ruas.
RJ – A participação da ACI na manifestação também será direcionada ao governo de Sartori? Por quê?
AS – Até onde temos conhecimento, a manifestação trata do governo nacional. Nós estamos atentos aos movimentos estaduais e municipais e sempre nos posicionaremos em defesa do nosso associado com base no nosso estatuto, mas neste momento a pauta é federal.