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Mamães em meio à pandemia falam da expectativa com a gestação

Juliana e Franciele, ambas profissionais da área da saúde, estão ansiosas com a chegada dos primogênitos

Ana Souza
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Estamos vivendo uma época atípica em meio à pandemia da Covid-19 e é normal surgirem diversas dúvidas por grande parte da população, especialmente pelas gestantes. Elas, além da expectativa com a chegada dos seus bebês, têm a preocupação redobrada com os cuidados a serem tomados. Em entrevista ao Riovale Jornal, as mamães Juliana dos Santos Oliveira, moradora de Taquari e, Franciele Inah Rauber, de Santa Cruz, falaram sobre o que é ser mãe neste período.

Franciele: “Os medos e as angústias também precisam ser vividos”. – Foto: Divulgação



Na cidade vizinha, Taquari, no Vale do Rio Pardo, reside a mamãe Juliana. Fisioterapeuta, está com 37 semanas de gestação e na espera do primeiro filho, que terá o nome de Miguel. Ela enfatiza a importância da proteção. “A gente tem cuidados redobrados, porque sabemos que somos do grupo de risco. Estou passando por uma gravidez bem tranquila. Tomo as medidas necessárias, mas não fiquei preocupada ao extremo. Risco todos nós corremos, mas se mantermos todos os protocolos de distanciamento, uso de álcool em gel e máscara, a probabilidade de contágio é bem pequena”, explica.

Juliana: “A gente tem cuidados redobrados, somos do grupo de risco”. Foto: Divulgação



Distanciamento, uso de máscara, álcool em gel, cuidados antes de chegar em casa ao deixar os calçados na porta e trocar de roupa. “Enfim, devemos higienizar tudo que vem da rua. Preocupações sempre temos. Logo que fiquei grávida imaginei que no nascimento do Miguel a pandemia já teria acalmado ou até mesmo cessado. Mas não está sendo bem assim essa nossa realidade”.

Juliana destaca que desde o início da pandemia todos da família estão sendo muito atentos. “Não recebemos visitas e nem visitamos ninguém. Deixamos de fazer viagens e frequentar restaurantes. Eu e o meu noivo, Evandro Canto Borba, somos da área da saúde. Eu sou fisioterapeuta, atuo em Triunfo e em Taquari, e ele é coordenador da Vigilância Sanitária em Teutônia. Trabalhamos direto com pessoas positivas e até o presente momento, já realizamos vários testes e nenhum dos dois se contaminou”.

A fisioterapeuta parou os atendimentos com 34 semanas de gestação. “Porque estava positivando muitos, e com essa cepa nova que é mais contagiosa e com mais agravantes se achou necessário a minha parada. As consultas médicas sempre se mantiveram sem nenhuma alteração e mesmo com as trocas de bandeira, minha médica nunca deixou de prestar atendimento presencial. Meu pai, Hélio, e meu noivo já fizeram a primeira dose da vacina, o que dá uma sensação de alívio e de que tudo vai passar. Tenho um grande apoio da minha mãe neste sentido, Maria Odete, para tomar os devidos cuidados”.

UM DESAFIO

Mesmo tendo os devidos cuidados, a gestante Franciele Rauber, 22 anos, foi afetada pelo vírus em fevereiro, enquanto ainda estava trabalhando de forma presencial. “Os resquícios até hoje são a dor no corpo, de cabeça e perda de cabelo. Durante os 14 dias de isolamento tive quatro dias de sintomas muito intensos, não conseguia levantar da cama e me alimentar. Os sintomas da gravidez se intensificaram, como enjoos e tontura. Nesse período meu psicológico ficou muito afetado. Realizei o isolamento com meu namorado, Diego Dettenborn, e pudemos auxiliar um ao outro, mas mesmo assim, entender que eu estava com a Covid e grávida, fez com que surgissem muita ansiedade, medo e preocupação, pois pensava que poderia acontecer algo com o bebê”.

Franciele faz parte da área de saúde, estudante de Técnico em Enfermagem, ela enfatiza que quando um paciente positiva, recebe alguns medicamentos para aliviar as dores. “Mas as gestantes podem apenas ingerir um comprimido de paracetamol de até 750mg por dia, ou seja, assim que o efeito do medicamento passa, a dor volta e não podemos fazer nada. Eu optei em não tomar nenhuma medicação, inclusive não tomo nada e pretendo não tomar, pois por mais que seja liberado pelo médico, optei em não prejudicar o bebê, o que durante os sintomas de Covid foi bem difícil”.

As consultas médicas, conforme a gestante, estão sendo menos frequentes. “Reduzimos as consultas de pré-natal de forma presencial quando necessário e mantemos contato on-line quando surge alguma dúvida específica. Tenho uma médica que preza muito por esta forma de trabalho e consegue entender meus cuidados e receios”.

Com 15 semanas de gestação, ela ainda não sabe o sexo do bebê. “Esta pandemia afeta todos. Não terá chá de revelação, mas iremos realizar de uma forma simples, mas especial, apenas para os familiares”. Ser gestante durante a pandemia é um desafio, frisa Franciele. “Não apenas pela situação caótica em que o mundo todo está passando, mas por todas as sensações internas que a própria gestação nos causa. Conciliar nossos desafios internos, com os desafios diários é algo que vem me tornando outra pessoa, em todos os sentidos. Medo e angústia misturados com felicidade e expectativa, haja coração!”

Gestar um filho é viver todos os dias uma sensação diferente, destaca. O medo se mistura com expectativa, mas assim que soube que estava à espera de um filho, as melhores sensações vieram. “Hoje sou muito mais feliz, e assim que o bebê nascer serei uma mulher realizada e completa. Vivo uma realidade diferente sobre como enxergo a pandemia. Por mais que esteja vivendo uma gestação no pior momento que poderia viver, ainda consigo controlar o medo. Evito qualquer contato desnecessário com pessoas que não são do meu vínculo familiar. Estou trabalhando em home-office, o que também ajuda muito para manter a minha proteção e do meu bebê”.

O contato com a família fica restrito neste período. “O principal contato é virtual. Somos salvos pela tecnologia neste momento de pandemia. Chamadas de vídeo e ligações via WhatsApp se tornaram rotina. Todos entendem minhas decisões em relação a isso e me apoiam muito. Com o Lucca, meu enteado, funciona um pouco diferente. Por ser criança e pelo bebê ser o primeiro irmãozinho, deixamos que ele participe de todos os momentos, sempre que possível. Entendemos que é um momento novo para ele e que essa inserção é de extrema importância. Acabo tendo mais contato com minha irmã, Sandra, e a sobrinha, Manuela Scherer. Com meus pais, Hilário e Geneci, mantenho menos contato por serem idosos”.

Para finalizar, ela deixa uma mensagem para as mamães de primeira viagem que estão vivendo uma gestação em meio à pandemia: “Mantenham a calma. Os medos e as angústias também precisam ser vividos. Ser gestante por si só é um papel desafiador. Viver isso neste momento requer calma, paciência e muita fé. Que possamos manter todos os cuidados e priorizar a saúde de nosso filho, para que assim que ele vier ao mundo, conheça a mulher guerreira e batalhadora que ele escolheu para chamar de mãe”.