Luciana Mandler
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Há três semanas, o DetranRS adotou medidas para conter o avanço da pandemia da Covid-19, após o governador Eduardo Leite decretar bandeira preta em todo o Rio Grande do Sul. O objetivo é manter o atendimento, porém, mínimo à população, especialmente para as pessoas que precisam da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para trabalhar.
Para evitar aglomerações nos locais de prova e a fim de reduzir o número de contatos pessoais dos examinadores, o órgão suspendeu as provas teóricas e reduziu o número de vagas para os exames práticos em 50%. A orientação é que os candidatos adiem a procura pelo serviço se não de extrema necessidade.
O chefe da Divisão de Exames, Gelson Benatti, reforça que o prazo de conclusão do processo de habilitação está interrompido, assim, não há prejuízo para quem adiar a realização do exame. “Precisamos manter esse serviço essencial, mas reforçando as medidas de segurança para proteger a saúde de servidores, instrutores e candidatos”, alerta Benatti.
Como a determinação do DetranRS é para uma redução de 50% dos exames na bandeira preta em relação à vermelha, até sexta-feira, 19, os exames serão intercalados: uma semana categorias A e B (moto e carro), e na seguinte, C, D e E (caminhões e ônibus).
Já em relação às provas teóricas, o órgão suspendeu a aplicação e salas, mas o serviço continua naqueles Centros de Formação de Condutores (CFCs) que aplicam exames remotos, com o acompanhamento dos examinadores do DetranRS on-line.
Hoje, 30 CFCs aplicam este serviço e há previsão de mais 30 nesta semana, acrescentando novos CFCs a cada quinzena.
EM SANTA CRUZ
A exemplo está o CFC Machado, que desde o início da pandemia, há cerca de um ano, realiza as aulas teóricas de forma on-line, porém, as provas ainda não, segundo o diretor geral Paulo César da Silva. Já as provas práticas, desde que iniciou a bandeira preta precisaram ser reduzidas em 50%. Silva conta que antes da pandemia eram realizados, em média, entre 25 a 30 exames por semana. Agora, a média é de seis por semana, quando chega neste número”, destaca.
A expectativa é de que haja flexibilização para a próxima semana, quando há possibilidade de o governador voltar a cogestão, e assim, ocorrer uma flexibilização para ampliar o atendimento, mas sem esquecer, é claro, as questões de segurança. O diretor geral ainda reforça que também foi preciso reduzir os horários no atendimento, ocorrendo das 8h às 20h.
Já a renovação de CNH é feita através de agendamento a fim de cumprir as determinações da bandeira preta.
PREJUÍZOS DA BANDEIRA PRETA
No CFC Celso, os exames teóricos ocorrem desde o início da bandeira preta de forma on-line. E os exames práticos também sofreram queda. Conforme o proprietário do Centro de Formação de Condutores (CFC), Celso Esperdião, estão ocorrendo apenas 13 exames por semana na categoria carro e cinco de motocicleta. “Eram 23 por semana. E antes do início da pandemia eram 32 exames”, relata.
Já as renovações estão ocorrendo normalmente com hora marcada. O condutor liga para o CFC e agenda seu horário. O agendamento ocorre também em função da quantidade de colaboradores, que está reduzida em 25% na recepção durante a bandeira preta, explica Celso Esperdião.
No que se refere às CNHs vencidas em 2020, o empresário diz que os condutores ganharam um prazo maior de validade. “Somente as de 2020, ou seja, as que venceram em abril, por exemplo, o condutor tem até abril deste ano para renovar”, salienta. As vencidas em 2021 não ganharam nenhum prazo além do que já era previsto pelo Código de Trânsito Brasileiro. Ou seja, 30 dias após o vencimento é preciso renovar.
Para Celso, os reflexos desta pandemia acarretaram em demissões, além de as pessoas estarem procurando menos os CFCs para fazerem carteira, o que leva a um reflexo econômico. “São vários fatores que interferem. As próprias mudanças da lei que entra em vigor em 12 de abril, aumentando o prazo da renovação também interfere, pois tem gente que não está renovando agora, esperando entrar em vigor. E ainda, com a bandeira preta as pessoas saem menos de casa. Quem não está precisando não renova, pois tem a questão da insegurança econômica”, avalia. “É um momento bem delicado, mas precisamos ser criativos neste momento”, finaliza.