Everson Boeck
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A pouco mais de uma semana os vereadores André Scheibler, Elo Schneiders e Ilário Keller do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)anunciaram seus desligamentos para ingressar no recém-criado partido Solidariedade (SDD). A notícia tem sido um dos assuntos mais debatidos nos bastidores e na tribuna da Câmara Municipal de Vereadores de Santa Cruz do Sul. Na terça-feira, 22de outubro, em Porto Alegre, os três parlamentares formalizaram a filiação no SDD, fato que repercutiu na composição das bancadas do Legislativo. A nova bancada do Solidariedade, passa a ser a segunda mais numerosa da Câmara, dividindo a posição com o próprio PTB – que antes era o maior e contava com seis vereadores –, ficando atrás somente do PT que agora é o partido mais numeroso.
O vereador André Scheibler, juntamente com os vereadores Elo Schneiders e Ilário Keller, está organizando a composição do SDD em Santa Cruz do Sul. Em entrevista ao Riovale Jornal ele disse que a decisão dele e dos colegas se deu devido a necessidade que sentiram em estar em um partido em que pudessem almejar um cargo diferente ao de vereador. “Não estou falando mal do partido onde eu estava. Não. Ao contrário, sempre fomos fiéis ao PTB, cumprindo nossos acordos, no entanto, chegou o momento de nos ‘libertarmos’. Queremos espaço para poder concorrer a outros cargos, poder expor nossas idéias, nossos projetos como políticos, ouvir as demandas dos bairros e localidades, e dar uma nova opção política para a população”, afirma Scheibler.
O atual presidente da Câmara diz que ele e os dois companheiros estão otimistas quanto à receptividade da população. “Diariamente temos recebido diversos elogios e mensagens de apoio. Em pouco mais de um mês de vida, o partido está ganhando muita força no meio político e nas ruas. Mudança é a palavra de ordem”, comenta.
PRÓXIMOS PASSOS
André Scheibler afirma que o próximo passo agora é acelerar o processo de filiação, com adesão de novas lideranças e constituição de seus diretórios regionais e municipais. “Tivemos um ato de coragem ao assumir esse desafio, mas agora nossa preocupação é traçar metas e objetivos, atrair outras pessoas para se juntar a nós para formarmos, até o final do ano, a Comissão Provisória Municipal do SDD e, posteriormente, a diretoria Executiva do partido”, informa. Ele destaca, porém, que a sigla pretende realizar reuniões frequentes com as lideranças das comunidades, entidades e representações locais. “Queremos apresentar nossas idéias e projetos para todos os segmentos da sociedade e serão muito bem recebidos aqueles que se identificarem com nossos objetivos, com nossa conduta, com nossa visão política”, sublinha.“A partir de agora, o partido vai”, acrescenta Scheibler.
INDEPENDÊNCIA
Para eliminar especulações a respeito de possíveis apoios e alianças, o vereador esclarece que este assunto não será tratado agora. “Até definirmos nossas metas e objetivos e estruturarmos nosso partido, seremos um partido independente”, resume Scheibler. “Não queremos ser atores coadjuvantes ou ser um partido de aluguel. Vamos trabalhar para elencar nossas demandas em conjunto com a comunidade, baseadas nas necessidades e desejos da população e, enquanto isso, analisaremos como o cenário vai se configurar”, pontua. Scheibler revela, no entanto, que a sigla vai trabalhar para apresentar candidatos nas eleições municipais de 2016. “Pensamos, sim, em ter candidatos tanto para vereador quanto para prefeito. Temos pessoas qualificadas para qualquer um dos cargos”, adianta.
Arquivo RJ
André Scheibler é um dos fundados do SDD em Santa Cruz do Sul
COMO FICA
Francisco Carlos Smidt assume a liderança do PTB na Câmara, antes exercida por Ilário Keller. Já André Scheibler segue na presidência do Legislativo, posição que ocupará até o fim do ano, quando será eleita a nova Mesa.Com as alterações, a composição das bancadas no Legislativo fica assim definido
• PT – cinco vereadores
• PTB – três vereadores
• SDD – três vereadores
• PP – dois vereadores
• PSDB – dois vereadores
• DEM – um vereador
• PDT – um vereador
COMO SURGIU O SDD
O partido Solidariedade está legalmente organizado no Rio Grande do Sul, sob a coordenação política do vereador de Porto Alegre, Claudio Janta, que deixou o PDT. Nas últimas semanas, filiaram-se o deputado Cassiá Carpes, ex-PTB, o prefeito de Quaraí, Ricardo Gadret, também ex-PTB, o cantor nativista César Oliveira, dezenas de vereadores, de várias cidades e, em grande parte, de primeiro mandato em seus respectivos partidos, além de líderes sindicais, populares e estudantis. Segundo o vereador Janta, “o Solidariedade nasce com orientação de centro-esquerda, buscando garantir os direitos e os interesses dos trabalhadores e do povo nas decisões políticas”, assegura.
Já está constituída a Comissão Provisória Estadual, sob presidência de Antero Vasques Alt Filho, integrada por sete membros. O partido foi aprovado pelo TSE no dia 24 de setembro, por maioria de votos, vencidos os pedidos de impugnação – entre elas, a solicitada pelo PDT e indeferida pelo Ministro Gilmar Mendes.
Em nível nacional, o partido Solidariedade, contabilizou 22 deputados federais e 1 senador, também oriundos de diversos estados e partidos, sob a liderança do deputado federal Paulo Pereira da Silva, ex-PDT de São Paulo. Já organizado em vários estados, o partido surge como uma nova força no Congresso Nacional, especialmente na Câmara dos Deputados.