Um dos aspectos marcantes dos últimos 100 anos, é a amplificação da cultura de massa. Rádio, televisão, internet, cinema, a continuidade e a diversificação de publicações impressas. No século 20, a Escola de Frankfurt foi uma instituição filosófica alemã que fez críticas bastante aprofundadas em relação à cultura de massa. Os estudos desta escola apontaram, por exemplo, que os meios de comunicação exerciam uma influência tão significativa a ponto de transformarem o público em consumidor passivo, com um grau baixo de consciência própria.
Estudos posteriores refutam essa ideia, ao negarem tal passividade. De toda forma, é possível dizer que a Escola de Frankfurt tinha uma certa razão. Ao lembrarmos dos regimes nazista e fascista, podemos rememorar a força da propaganda nos governos de Hitler e Mussolini, que procuravam – e até certo ponto conseguiam – influenciar uma quantidade significativa de pessoas. A estratégia nazifascista estruturava-se, em grande parte, na conquista do público através da comunicação, tentando estabelecer massas uniformes e não-contestatórias. Vale lembrar que, se por um lado muitos foram influenciados a aceitar o nazifascismo, outros resistiram a esses regimes, seja na Alemanha, seja na Itália.
A suposta passividade do público frente aos meios de comunicação, continua a merecer reflexão no século 21. Com a difusão das tecnologias digitais, o público possui maiores facilidades para transformar produtos artísticos, algo que nega a situação de passividade. Há um caso bastante curioso, referente a um vídeo do YouTube, que apresenta imagens do filme “A roda da fortuna”, de 1953, estrelado por Fred Astaire e Cyd Charisse. São várias cenas de dança, que foram mixadas com a música “Smooth Criminal”, lançada por Michael Jackson em 1988. Há uma diferença de 35 anos entre as obras artísticas, e a mixagem traz um resultado bastante dinâmico, surpreendente e empolgante.
Esse vídeo é determinado por uma interconexão das mais interessantes. Primeiro, a atuação de Fred Astaire em destaque. Segundo, a música de Michael Jackson, que se inspirou muito em Astaire ao longo da carreira. O que significa que Jackson, inicialmente parte do público, transformou a arte de Fred Astaire, justamente por tê-lo como referência seminal. E, em terceira posição, temos esse vídeo do YouTube, feito por alguém que já foi público e, por fim, transformou a arte de Astaire e Michael Jackson.