Os dias ensolarados, predominantes nos últimos meses, têm ampliado a geração de energia solar no Estado, reduzindo de forma significativa os custos de energia elétrica em residências, comércios, entidades e indústrias. E a redução na conta de luz tem sido um alento para quem investiu em uma microusina fotovoltaica, ainda mais pela crise econômica vivenciada em tempos de pandemia do coronavírus (Covid-19). “Sempre falamos que é um investimento de longo prazo, de uma fonte inesgotável de geração de energia. E a redução nas faturas mensais tem sido muito importante para equilibrar as contas”, enfatiza a coordenadora regional da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar) no Rio Grande do Sul e diretora da Solled Energia, Mara Schwengber.
Neste cenário, conforme dados divulgados no mês de abril pela ABSolar e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Rio Grande do Sul segue se destacando, com o segundo no ranking nacional, com 348,2 MW de potência instalada, o que representa 14,3% da geração distribuída no Brasil. “Já Santa Cruz do Sul se mantém entre os 10 municípios brasileiros, com a nona colocação do ranking nacional, com 13,9 MW”, destaca Mara. No Brasil, a potência instalada solar fotovoltaica representa 2.687,0 MW de geração centralizada (1,5% da matriz elétrica brasileira); 2.427,3 MW de micro e minigeração distribuída, implantadas em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos; e 5.114,4 MW de potência operacional total. “É um setor em expansão, responsável pela geração de mais de 100 mil empregos no país, que pode ser decisivo para a retomada do desenvolvimento econômico, pós pandemia”, frisa a diretora.
Economia
Santa Cruz do Sul tem bons exemplos de economia com a produção de energia solar, principalmente neste momento atual de incertezas econômicas com a pandemia do novo coronavírus. Conforme um dos sócios da Padaria Sehn, Guilherme Henrique Sehn, o sistema fotovoltaico instalado no estabelecimento, em maio de 2019, reduziu os custos em 50% aproximadamente. “O que resulta na possibilidade de pagar outras contas ou fazer novos investimentos”, destaca. Com a queda do movimento, além de poder diminuir o valor da conta de luz, Sehn reduziu a carga horária dos funcionários e três entraram em férias. “Não foi preciso suspender o contrato de ninguém e nem demitir”, salienta.
Quando investiram no sistema, além da economia, os proprietários da Padaria Sehn pensaram na sustentabilidade do negócio como um todo. “Pois é uma fonte de energia limpa e pelo retorno do investimento”, conta o sócio. Na empresa foram instaladas 211 placas fotovoltaicas, com uma potência de 79,12kWp, em que foi possível economizar mais de R$100 mil e deixar de emitir 13.378kg de CO² no meio ambiente.
Outro exemplo vem do médico intensivista, William Rutzen, que instalou na sua residência 15 módulos com potência de 5,11kWp. A micro usina está em operação desde setembro do ano passado. “Desde lá ela gerou mais do que o previsto em todos os meses. Nossa conta baixou de mais de R$ 500,00 para cerca de R$ 120,00 todos os meses”, declara. Para Rutzen, a redução na conta de luz tem bastante valor neste momento. “Sem dúvida, em tempos de redução do giro econômico, todo custo fixo que se pode reduzir é bem-vindo”, explica.
Embora a pandemia não tenha afetado a sua receita, já que tem trabalhado até mais por ser médico intensivista, sua esposa Cassiana Fleck, que administra uma empresa própria, teve as atividades praticamente suspensas desde meados de março. A micro usina também tem deixado de emitir mais de 860kg de CO² na natureza, o que vem ao encontro do motivo por ter investido em energia solar. “Sempre fomos preocupados com o meio ambiente, um ano de estiagem como esse demonstra como somos suscetíveis às variações climáticas. Pensando nos filhos, queremos deixar pra eles o melhor mundo que pudermos”, conclui.