Sara Rohde
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Em meio à pandemia causada pela Covid-19 e às dificuldades enfrentadas por muitas famílias devido à crise econômica, têm aqueles que se preocupam com o bem-estar do próximo e decidiram ajudar os que mais necessitam. Com este pensamento foi criado o grupo de voluntários Comitê da Cidadania que tem o principal objetivo de ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O Comitê da Cidadania é formado por aproximadamente 50 voluntários de Santa Cruz e região. O grupo realizou algumas triagens e visitas em bairros da periferia da cidade para ter uma ideia do número de pessoas que são “invisíveis” aos olhos da sociedade. Segundo uma das organizadoras, Iara Bonfante, são pessoas que não têm recursos para manter uma boa alimentação, famílias que vivem dentro de uma casa e que na maioria dos casos não tem banheiro. Famílias que sobrevivem com um lanche composto por bolachas e suco. Uma ação de solidariedade, explicou Iara. “Focamos naquelas pessoas mais vulneráveis, autônomas, que dependem de renda através de trabalho. Grande parte das mulheres é safrista, ou trabalha com faxina, e essas que foram dispensadas”, salientou.
A voluntária ressaltou que muitos moradores da periferia não têm documentação, não têm acesso à internet, o que dificulta qualquer acesso a ações sociais disponibilizadas pelo governo. O grupo já percebeu logo no início das atividades que muitas pessoas não estão no CadÚnico, pois não há acesso ao sistema online, muito menos ao aplicativo de auxílio emergencial.
“Vimos de perto essa situação de vulnerabilidade então conversamos com a Prefeitura e Secretaria de Políticas Públicas, pois temos o objetivo de colocar o executivo nesta obrigação de ajudar. Ligamos para a Sepop e avisamos que em tal lugar haviam pessoas nessas situações. Levamos o nome de dez famílias que não tinham cadastro e conseguimos o atendimento e cestas básicas”, disse Iara.
Os planejamentos do grupo são feitos através da internet. Eles se dividem e vão às casas da família entregar as doações e auxiliar como podem. Conforme Iara, desde o início das ações solidárias, realizadas quando começou a pandemia, em torno de 200 famílias receberam ajuda. Além dessa ajuda nos bairros, o grupo presta auxílio a moradores em situação de rua e todas as quartas-feiras levam alimentações a essas pessoas. “A última ação foi na semana passada, quando uma menina que faz parte do grupo trouxe a experiência de POA em levar alimentos a moradores em situação de rua. Fizemos um sopão e atendemos em torno de 20 pessoas”, salientou.
O grupo de voluntários conta com apoio dos SindiBancários, Sindicato dos Metalúrgicos e Cpers, locais que também são pontos de coleta de alimentos, materiais de higiene, agasalhos e principalmente cobertores. Segundo Iara, com a chegada da frente fria, muitas famílias sofrem por não poderem se aquecer, por isso a doação de cobertores é essencial.
O professor Elbe Marques Belardinelli também entrou de cabeça na causa e se mobiliza para auxiliar os mais necessitados. “Eu como professor, outros membros profissionais, membros da sociedade civil, no momento de crise humanitária achamos importante organizar uma rede solidária para chegar onde o Estado não chega e se chega vai com dificuldade. Nos mobilizamos com pessoas que não são de risco para chegar nessas áreas invisíveis, dentro dos bairros onde tem muita pobreza, lugares onde não há banheiro, famílias sem água, com 10 pessoas no mesmo barraco. Começamos com kits de higienização e depois como a rede foi crescendo começamos a entrega de cestas básicas. Uma tarefa de podermos estar identificando onde há necessidade”, explicou.
Conforme Elbe, além de levar kits de higiene e alimentos, a advogada a Lia Jost ajuda no acesso à burocracia, como o auxílio emergencial e CadÚnico. “Nos articulamos, pois a solidariedade é importante. De todo mal da pandemia, aconteceu essa proximidade, de fazermos essa reflexão, pois a solidariedade é uma das maneiras de construirmos essa sociedade. Como diz a democracia, todo cidadão tem direito a alimentação e a educação”.