Início Osvino Toillier Tempos de muitos medos

Tempos de muitos medos

A cada dia que acordamos, desperta conosco o medo do coronavírus, de uma infecção e possível hospitalização. Por mais belo que amanheça o dia, o sentimento desta ameaça existe concretamente e nos deixa perturbados.

A vida é tão linda, mas estar proibido de sair de casa e, se sair, com mil precauções, nos assusta, semelhante quem sabe ao tempo da Segunda Guerra Mundial, quando, a qualquer momento, poderiam surgir bombardeiros no horizonte e despejarem sua carta mortífera sobre a população. Inimaginável para nós hoje, mas, a geração que viveu essa tragédia, é o testemunho dramático desse tempo, em que quase nenhuma família foi poupada.

Quem diria que, quase um século depois, um organismo invisível fosse render toda a humanidade e confiná-la dentro de casa, produzindo consequências imensuráveis na economia mundial, silenciando fábricas, impedindo o comércio de funcionar, impedindo a atividade produtiva, por conta do confinamento.

Estamos todos desejosos de retomar nossa atividade, ninguém deseja feriado, porque queremos trabalhar. Estou inquieto diante das indefinições e incertezas, e só resta refugiar-me no poeta para reencontrar esperança e paz. Lembrei de Fernando Pessoa: “Eu tenho uma espécie de dever, de dever sonhar, de sonhar sempre, pois sendo mais do que um espectador de mim mesmo, eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso. E assim construo a ouro e sedas. Em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho. Entre luzes brandas e músicas invisíveis”.

Quando o novo dia amanhecer, vamos abastecer-nos na luz que começa a brilhar no horizonte e armazenar a luz e a energia que se espalha sobre a terra. Eu creio nesta magia. Toda manhã quando levanto e assisto a este espetáculo, junto as mãos e agradeço a Deus pelo milagre de renovação da vida.