Tiago Mairo Garcia
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Ensino a distância ou popularmente chamado de EAD. Uma modalidade de educação mediada por tecnologias onde discentes (alunos) e docentes (professores) estão separados fisicamente em um ambiente presencial de ensino-aprendizagem. É uma ferramenta disponível há vários anos através da internet e que constantemente as instituições de ensino oferecem para realização de cursos e especializações nos mais diversos segmentos. Em razão da parada gerada pela pandemia do coronavírus, o modelo online foi a saída encontrada para escolas e universidades darem sequência ao ano letivo e seguirem proporcionando os estudos para os alunos.
Um exemplo é o modelo de ensino a distância implementado pelo Colégio Mauá, de Santa Cruz do Sul, que desde o início da paralisação das aulas presenciais tem adotado os serviços online do educandário para professores e alunos. A professora de Língua Portuguesa e Produção Textual, Fabiana Beber, que atua com as turmas do 5º ano, 8º e 2º ano do ensino médio, destacou que a experiência de ministrar aulas online tem sido desafiadora. “Vivemos um período de muita instabilidade em vários segmentos. O momento exige reinvenção. Essa postura também norteia a educação e não é diferente na nossa prática. Fomos desafiados pelo caos a proporcionar um pouco de orientação aos nossos alunos, mantendo uma rotina de estudos, mesmo à distância. São novas metodologias, inclusive de aulas online, que estão sendo testadas e verificadas para que nenhuma família fique sem apoio”, disse a professora.
Fabiana explica que os alunos recebem via e-mail um roteiro com a descrição das atividades e o link para a videoaula. Cada disciplina faz o seu roteiro para a semana de acordo com a carga semanal da aula. “Os alunos são orientados a se organizarem e distribuírem as tarefas durante a semana, preferencialmente de acordo com os horários que eles já tinham. A ideia é dar sequência à rotina de estudos que a turma já vinha desenvolvendo”, salientou a professora.
Questionada sobre como está sendo a aceitação dos alunos ao modelo de ensino proposto pela escola, Fabiana afirmou que ainda não tem uma resposta definitiva devido as aulas estarem sendo enviadas por e-mail, destacando que a prioridade é sistematizar o modelo pedagógico no atual cenário. Sobre as dificuldades de ensinar a distância, a professora afirmou que nada substitui a aula presencial. “Cada aula é única e impossível de ser repetida, pois a interação que se dá no espaço da sala entre alunos e professor não se dá só pela palavra. Aula é emoção, toque, olhar, movimento e vida. Obviamente, uma videoaula, por mais que o professor inclua diferentes formas de linguagem, é uma aula fria, em certa medida, uma aula pintada com poucas cores. Ela só fica completa e enriquecida no movimento das relações interpessoais”, frisou Fabiana.
Sobre o atual momento que estamos vivendo, a professora salientou que ainda está avaliando o que está acontecendo. Com relação à volta ao convívio escolar na escola após a passagem da pandemia, Fabiana acredita que o comportamento de todos deverá ser diferente. “O convívio escolar está, em certa medida, acontecendo. Ele está reinventado, repaginado, incompleto porque falta a presença física e tudo o que isso implica. No entanto, quando pudermos conviver, abraçar, chegar perto, beijar e falar baixinho, com certeza faremos diferente, pois seremos diferentes. Como? Eu não sei. Ninguém sabe”.
A VISÃO DO ALUNO
Aluno do 6º ano do ensino fundamental do Colégio Mauá, João Beber Rusch, que é filho de Fabiana, destacou que recebe as aulas por e-mail com os roteiros e os links das videoaulas para toda semana em todas as disciplinas. Sobre as facilidades do ensino online, ele destacou que pode realizar as atividades no horário que quiser e organizar o seu tempo. Já as dificuldades são de não poder tirar dúvidas na hora com o professor e não ter a presença física dos colegas. “Estudar com videoaula é legal porque posso pausar, voltar e pesquisar no meio das explicações e até assistir de novo. Os professores esclarecem as dúvidas pelo e-mail”, destacou o estudante.
Sobre como tem sido estar longe dos colegas da turma, João disse que está sentindo falta da presença dos colegas e professores, mas que nas horas vagas tem praticado jogos online com os colegas para diminuir a distância causada pelo isolamento. Ao avaliar o atual momento, o estudante destacou que tudo parece estranho e fora de lugar. Sobre como será o convívio escolar após a pandemia, ele destacou que está esperando passar para voltar a fazer o que fazia antes. “Estar preso em casa serve para a gente pensar como é bom estar livre”, finalizou.