A primeira questão que se coloca é qual a definição de saúde mental. A OMS refere não haver uma única definição, que dependeria de fatores culturais, subjetivos e mesmo orientações teóricas predominantes.
Um conceito pertinente à nossa cultura e ao meio em que vivemos é de que saúde mental é mais do que não ter um transtorno mental. Diz respeito à capacidade do indivíduo de aceitar suas emoções positivas e negativas. Frustrar-se, ficar triste, sentir raiva são sentimentos adequados em muitas situações. Precisamos é saber lidar com elas. Se ficamos com raiva não podemos sair destruindo tudo, mas podemos sentir e pensar em formas aceitáveis de resolver o que desencadeou a mesma, ou simplesmente tolerá-la até que passe, pois nem sempre podemos mudar o fator causador. Usei raiva como exemplo mas vale para todos os sentimentos. Conhecer seus limites, e gostar de si mesmo assim. Afinal perfeição não existe e todos temos pontos fortes e fracos. Ter saúde mental diz respeito à nossa capacidade de enfrentar os desafios internos e externos de forma positiva, de mantermos nosso prazer em viver, desenvolvermos nossa autoestima. É claro que nem todos os dias são iguais, podemos nos abalarmos, entristecermos, mas saber que isso é viver e que devemos continuar é ter saúde mental.
No atual momento vivemos um grande desafio à nossa saúde mental, a pandemia Covid-19 e as medidas na tentativa de contê-la. São muitas incertezas e conviver com o desconhecido desperta medos e ansiedades. Esses são importantes desde que permaneçam num nível que desperte a nossa necessidade de cuidados e nossa criatividade para encontrarmos alternativas. Mas sabemos que a realidade é muito diversa entre as pessoas e talvez muitas pessoas se não tiverem apoio governamental e não governamental passarão por necessidades básicas. Essas situações extremas trazem junto adoecimento físico e mental. Mantermos o equilíbrio e buscarmos alternativas para a sociedade como um todo nunca foi tão necessário como agora.
*Ivone Claudia Cimatti – psiquiatra CRM 23664