Início Opinião A Seleção Brasileira de 1994 – Parte 1

A Seleção Brasileira de 1994 – Parte 1

A Seleção Brasileira, treinada por Carlos Alberto Parreira, conquistou o tetracampeonato mundial de futebol masculino, em 1994, nos Estados Unidos. No ano passado, esse título completou 25 anos. Ao ser comparado com as seleções de 1958, 1970 e 1982, o time de Parreira recebeu uma certa desconsideração de alguns críticos. De fato, a seleção de 1994 não praticava o “futebol arte” que havia notabilizado o Brasil em outras épocas. Porém, podemos destacar, pelo menos, dois méritos daquela equipe:
1) Obviamente, a conquista do título mundial, que não era obtido pela Seleção Brasileira havia 24 anos (o tricampeonato fora conquistado em 1970).
2) O segundo mérito se refere ao aspecto tático.

Provavelmente, outros méritos poderiam ser elencados, mas vamos focar no segundo item, o da parte tática. O Brasil de Parreira (com a coordenação técnica de Zagallo) jogava no esquema 4-4-2. No gol, a presença do goleiro Taffarel. A defesa tinha quatro jogadores: Jorginho (lateral-direito), Aldair (zagueiro central pela direita), Márcio Santos (zagueiro central pela esquerda) e Branco (lateral-esquerdo). O meio-campo contava, também, com quatro jogadores: Mazinho aberto pela direita, Mauro Silva e Dunga como volantes centrais, e Zinho aberto pela esquerda. No ataque, Bebeto e Romário.

Embora, sob um primeiro olhar, o time fosse escalado em 4-4-2, havia variações adaptáveis ao adversário. Contra a Holanda, nas quartas de final (vitória brasileira por 3 a 2), o esquema 4-4-2 foi aplicado à risca. Afinal, os holandeses jogavam em um 3-4-3, com dois pontas abertos e o meia Bergkamp adiantado na posição de centroavante (portanto, três jogadores no ataque). Os laterais Jorginho e Branco marcavam os pontas da Holanda, os zagueiros Aldair e Márcio Santos cuidavam de Bergkamp (dois jogadores sobre um adversário garantem um zagueiro na sobra).

Os volantes Mauro Silva e Dunga tinham uma tarefa árdua: além de ficarem de olho em algum recuo de Bergkamp, precisaram encarar dois grandes meio-campistas holandeses: os volantes Rijkaard e Wim Jonk. Mazinho e Zinho, abertos pelos lados, marcavam os alas da Holanda (os volantes e os alas formavam o quarteto do meio-campo holandês).

No ataque, Bebeto e Romário encararam o trio defensivo da Holanda, liderado pelo líbero Ronald Koeman, que normalmente ficava na sobra, deixando os outros dois defensores (stoppers) com a tarefa de anular a dupla ofensiva brasileira.

Portanto, em 1994, o Brasil que enfrentou a Holanda jogou com um típico 4-4-2, com duas linhas de quatro jogadores, e a dupla Bebeto e Romário na frente. Reforçando, a Holanda jogou em um 3-4-3.

Ao passar pela Holanda, o Brasil enfrentaria a Suécia na semifinal. Lembrem do que dissemos acima: “Embora, sob um primeiro olhar, o time fosse escalado em 4-4-2, havia variações adaptáveis ao adversário”. Como faria o Brasil para enfrentar a Suécia, que também jogava em 4-4-2? Fica para uma próxima coluna.

Nelson Treglia – jornalista