Tiago Mairo Garcia
[email protected]
Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio estão oficialmente adiados. A decisão foi tomada na última terça, 24, pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe e pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, em razão da proliferação da pandemia do novo coronavírus pelo mundo. A decisão teve o objetivo de resguardar a segurança de atletas, técnicos e de todos que participariam diretamente ou indiretamente das competições. A nota oficial não informou uma nova data para as competições, mas diz que deverá ocorrer entre o fim deste ano e o verão de 2021. É a primeira vez na era moderna que os jogos são transferidos em razão de um problema de saúde pública.
Em sua 32ª edição, a previsão era de que 11 mil atletas representando 204 países disputassem os Jogos Olímpicos, distribuídos por 33 esportes. Se não bastasse esse contingente de pessoas, o COI e o Comitê Organizador do Japão tinham por estimativa que as provas recebessem até cinco milhões de espectadores de todo o mundo nos 43 locais de disputas. No total, 178 atletas brasileiros já estavam classificados para as Olimpíadas de Tóquio. A previsão do Comitê Olímpico do Brasil (COB) era de que o número de representantes do país ficasse entre 250 e 300 competidores.
MUDANÇA PODE AFETAR IDA DE FABIANO PEÇANHA COMO EMBAIXADOR
Ouvido sobre a mudança dos jogos, o atleta Fabiano Peçanha, que já participou dos 800 metros rasos nas Olimpíadas de Pequim (2008) e Londres (2012), destacou que integra a Comissão dos Atletas Olímpicos do Brasil formada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e confirmou que ele e a atleta da maratona aquática, Poliana Cintra, já haviam sido eleitos embaixadores do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio.
Com o adiamento dos jogos, Peçanha frisou que não sabe se seguirá como embaixador em razão do mandato atual da comissão que integra se encerrar no final de 2020. “Através de votação na comissão, fui confirmado em Tóquio como embaixador e decidi não seguir em busca do índice como atleta. Com a mudança, não sabemos se o COB manterá a nossa indicação ou irá escolher os atletas olímpicos da nova gestão da comissão em 2021”, disse o fundista, que já está há oito anos na comissão por ter participado como atleta olímpico dos jogos de 2008 e 2012. Ele frisou que não descarta a possibilidade de retomar a ideia de buscar o índice como atleta. “É difícil, pois a carga de treinos é muito exigente para ser um atleta olímpico. Vou seguir participando de competições menores e aguardar o que será decidido pelo COB”, frisou o corredor.
NOVO CICLO OLÍMPICO
A corredora Jaqueline Weber, que está em busca do índice olímpico, salientou que essa era uma decisão esperada, pois já havia um forte movimento dos atletas solicitando o cancelamento dos Jogos Olímpicos em razão do surto de coronavírus. “Essa situação para o atleta é muito prejudicial. Estamos confinados em casa e não temos como seguir um treinamento adequado de alto rendimento, sendo realizados apenas treinamentos para manter a forma física”, destacou. Jaqueline frisou que foi uma decisão acertada transferir os jogos e que um novo ciclo olímpico estará se iniciando, porém salientou a sua preocupação com o fator econômico. “Espero fazer um ano sem interrupções, com uma sequência de treinamentos e competições a partir do segundo semestre, sendo um novo ciclo. A preocupação é como a economia vai afetar no esporte após esta crise. Esperamos conseguir nos adequar e manter a esperança para seguir em frente neste novo ciclo”, frisou a corredora da Associação Medalha de Ouro (AMO), de Santa Cruz do Sul.
O nadador Mauricio Scota, que está em busca do índice para os Jogos Paralímpicos, destacou que a decisão foi correta e dará mais tempo para os atletas intensificarem os treinamentos. “Quem está em busca do índice terá mais tempo para treinar e se preparar. Espero que isso acabe logo e tudo volte à normalidade para retomar a rotina e seguir na luta”, finalizou o atleta da Unisc e do Grêmio Naútico União.