O feitiço se voltou contra o feiticeiro. A Rede Globo, que exerceu papel central no golpe que derrubou o governo Dilma, vem utilizando sistematicamente as delações como instrumento político para condenar os delatados antes que sejam julgados. O Jornal Nacional vem sendo o espaço de excelência da divulgação de delações que atingem políticos e governantes. E delação virou sinônimo de julgamento antecipado.
A Globo conta com a generosa colaboração de setores do Ministério Público Federal e do STF. A dobradinha MP-Globo é um escândalo, que ficará maior se agora houver silêncio da Procuradora Raquel Dodge em relação à delação contra a própria Globo.
O contra-veneno veio do exterior. O FBI norte-americano vem investigando procedimentos obscuros da FIFA e suas afiliadas, como a CBF. Como se sabe, CBF e Globo têm relações íntimas há muito tempo, seja na transmissão dos jogos da Seleção Brasileira, seja de competições nacionais e internacionais de futebol. Na apuração dos fatos, o FBI colocou luz sobre a atuação do empresário argentino Alejandro Burzaco, o qual está acusando a Globo de ter pago gordas propinas a dirigentes do futebol para assegurar a transmissão da Copa Libertadores, da Copa Sulamericana e de Copas do Mundo. O esquema envolveria também outros grupos de mídia, como Fox Sports (EUA), Televisa (México), Media Pro (Espanha), Full Play (Argentina) e Traffic (Brasil).
Então temos uma excelente oportunidade para ver a quem servem de fato os altos escalões do Ministério Público Federal, do Poder Judiciário e da Polícia Federal. Teremos nos próximos dias alguma prisão espetacular de um dirigente da Globo? Haverá alguma invasão da sede da empresa para recolher computadores e arquivos? Alguém será jogado em alguma prisão para que delate outros envolvidos?
É bem provável que pouco aconteça, que a maior parte da sujeira seja varrida para debaixo do tapete, em vista do poderio do maior grupo de comunicação do país. Mas, ninguém controla totalmente o jogo do poder. Dentro do Executivo e do Legislativo há muitas mágoas, e das mágoas sempre podem resultar ações de revanche. Cá pra nós, que tem um gostinho especial saber que “eles” estão na mira e viraram alvo, ah! tem sim!