Fico me perguntando como se sente agora o eleitor que votou em Aecio Neves na última eleição presidencial. Depois de ajudar a “incendiar” a política nacional – não reconhecendo a vitória da Presidenta Dilma Rousseff, ajudando a atiçar o eleitorado conservador contra o governo, agindo em sintonia com Eduardo Cunha, hoje preso – o ex-presidenciável Aecio tornou-se alvo de desconfiança geral ao serem revelados vídeos comprobatórios de recebimento de propinas da JBS, com entrega de malas de R$ 2 milhões a seu primo Fred Pacheco.
Depois de meses de inação, o STF resolveu agir, afastando-o das funções de senador e determinando restrição domiciliar à noite. Estranha decisão, que não tem amparo na Constituição. O imbróglio resultou em nova decisão do STF, de repassar deixar ao Senado a palavra final. Como se esperava, o Senado livrou Aecio, mantendo-o na função de senador. Esta decisão em nada muda o que os cidadãos pensam a seu respeito. Continua visto como um delinquente, acobertado pelos pares. Como estará se sentindo o eleitor de Aecio agora?
O mais importante do episódio é que ficou bem evidente que tucano não vai preso nem quando é pego com provas provadas. A “justiça” é para os outros, para o PT, a esquerda, mesmo que contra esses outros não haja provas, só convicções. A parcialidade está escancarada. Não tem como não ver. Como estará se sentindo o eleitor de Aecio diante dessa parcialidade escancarada?
O jogo está tão claro que até mesmo o ingênuo que já torceu por Aecio, Temer e companhia não tem como não perceber que torceu pelo time errado. Vamos fazer uma leitura otimista desse quadro: continuando no poder, Temer, Aecio e companhia escancararam de tal forma o pior da política nacional que muitos dos ingênuos que falavam horrores do PT e da esquerda podem rever seus conceitos. Podem se dar conta que foram iludidos, manipulados, enganados.
Ninguém gosta de se sentir enganado. Quando a pessoa se dá conta, torna-se hostil, muda de lado. No presente caso, pode-se gerar um “efeito manada”, uma debandada para o lado oposto, atropelando nas eleições de 2018 os Dorias, Hucks, Bolsonaros, Globos, com STF e tudo. Essa leitura é otimista, obviamente. Sei que a mídia e os estrategistas da direita vão agir para evitar isso. Mas, é uma possibilidade, que anima os democratas e lutadores sociais a continuar na batalha.