Albert Einstein foi um grande físico que revolucionou conceitos na sua área, o mais importante deles o da teoria da relatividade. Certa vez ele escreveu: “Como foi que aconteceu que fui eu a pessoa a desenvolver a teoria da relatividade? A razão, penso eu, é que um adulto normal nunca para para pensar sobre problemas de espaço e tempo. Essas são coisas nas quais ele pensou quando criança. Mas meu desenvolvimento intelectual foi retardado, em resultado de eu ter começado a me perguntar sobre espaço e tempo somente quando já tinha crescido. Naturalmente, eu pude ir mais fundo no problema do que uma criança com capacidades normais”. Destas palavras de Einstein podemos, numa análise rápida, extrair pelo menos duas conclusões: a simplicidade quando fala de si próprio, e a grande importância do pensamento infantil para a busca das respostas para as perguntas que afligem a humanidade, ou que dão novos rumos a conceitos até então tidos como verdades.
Outra vez Einstein declarou que “aos três anos de idade já sabemos toda a física que precisamos saber”. Em outro momento Einstein disse: “- quando examino a mim mesmo e meus métodos de pensamento, chego à conclusão de que o dom da fantasia significou muito mais para mim do que meu talento para observar conhecimento positivo”. Muitas vezes as perguntas mais infantis são as mais profundas possíveis. Quando começou o universo? Qual é a menor unidade da qual todas as coisas são feitas? Por que a lua não cai? Como se propaga a luz? Há algo mais rápido que ela?
Há uma conhecida fotografia de Einstein despenteado, fazendo careta e mostrando a língua. Assim ele era, com espírito infantil, o mesmo que lhe povoava a mente com pensamentos inquietos. Irreverente, usava roupas informais, com cabelo despenteado e um grande bigode. Diferia do que se tinha – e ainda é tido pelo senso comum – como comportamento padrão de “competência adulta”. Quando já conhecido do grande público, estas características o faziam ser reconhecido por onde andasse, o que o ajudou a se tornar muito popular. Ele também costumava se abaixar para brincar com crianças ou animais, o que diferia do padrão costumeiro dos professores universitários, de recatada imagem. Arrisco dizer que a irreverência no se vestir representava sua identidade visual que, junto com sua postura, compunham sua marca pessoal, à parte de seu talento científico. Esta identidade, e o cultivo de relações saudáveis com crianças e animais, eram frutos consequentes da sua tentativa frutífera e natural da manutenção do pensamento infantil. Pensamento este muito simples, e bem por isso aberto ao novo.
Einstein disse muitas vezes que os problemas sobre os quais ele refletia eram aqueles que as crianças levantam espontaneamente, mas que a maioria dos adultos já esqueceu há muito tempo. Um outro físico chamado Isidor Rabi declarou: “- Eu penso que os físicos são como Peter Pans da raça humana. Eles nunca crescem e mantêm sua curiosidade. Quando você é sofisticado, sabe demais – demais mesmo!”. Se não lembramos das perguntas da nossa infância, lembremo-nos, pelo menos, das lições de Einstein. Sejamos responsáveis sim, mas simples no pensar, no escrever, no falar. O excesso de sofisticação atrapalha, e nos leva a sermos uma sobra excedente do que o mundo precisa. Como na época de Einstein, o mundo continua precisando de simplicidade, e isso não é o mesmo que ser superficial.